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    - Vamos Mary, já estamos atrasadas! - Carrie grita-me em frente ao táxi.

    - Já vou, já vou! - dizia enquanto fechava a porta de sua casa.

    Pronto, cá vamos nós, para a minha primeira reportagem fora do país! Quer dizer, ajudar a Carrie na sua reportagem fora do país, ainda tinha uma pequena esperança de que pudesse fazer mais do que a ajudar ela poderia dizer "Mary, ajuda-me aqui nas perguntas" ou "Mary, vamos dividir a reportagem e fazemos as duas". Mas isto só aconteceria nos meus sonhos...

    - Então Mary? Pronta? - ela pergunta-me pelo caminho.

    - É a primeira vez Carrie e eu vou apenas ajudar-te por estares adoentada. - digo-lhe.

    - Sim, mas até pode ser que possas fazer uma em breve, eu depois falo com a diretora. - ela pisca-me o olho e eu acabo por sorrir.

    Afinal tentar conhecer-nos até pode ser uma mais valia para ambas, eu ajudo-a a ela e ela pode ajudar-me a mim. 

    Encosto a minha cabeça no banco e olho para o exterior pela janela do táxi enquanto ouço Carrie digitar mensagens no seu telemóvel, talvez esta viagem possa trazer-me um pouco mais de conhecimento quem sabe. Sei pelo menos que sair do escritório me fez bem, sinto-me livre e fora daquela papelada, digamos que me sinto leve.

    Gostava de poder estar as fazer os mesmos ruídos no telemóvel igual a Carrie, mas não tenho para quem digitar mensagens, só espero chegar até ao aeroporto para ligar aos meus pais e dizer-lhes que estou bem, informar-lhes de que não estarei no país para o caso de precisarem de mim, dar-lhes quase como uma palavras reconfortantes para que não fiquem com receio de algo que me possa acontecer.

   Olho à minha volta quando o táxi decide travar e o táxista fala "Chegámos". Rapidamente Carrie passa-lhe dinheiro para as mãos e faz-me sinal para sair-mos.

    Carrego as minhas malas e Carrie as suas, dando passos largos até ao aeroporto para que nos pudéssemos aprontar e passar pelo check-in antes de entrar-mos para o avião.

    Penso para comigo como posso eu aqui estar, deveria estar em frente ao meu computador como de costume, a escrever e reescrever documentos que teria de entregar, a olhar o relógio uma vez após outra e sentir o tempo passar devagar, ficar aborrecida por não ter a novidade de que poderia ter uma reportagem fora do país, e aqui estou eu, claro que não foi bem como eu tentei imaginar o momento, mas para a realidade, isto não é tão duro como a realidade comigo costuma a ser.

    Por isso contento-me com o que consegui até agora e sinto-me bem por nada me obrigar a fazer algo contrário ao que gostaria de fazer, porque apesar de ajudar uma colega eu vou viajar. 

    Vou viajar. Não poderia pedir algo mais extraordinário.

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