Último Minuto

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"Ninguém tem medo do escuro, eles têm medodo que está nele".

Apenas aquela luz fraca refletida pela janela a sua frente, dando vista para a rua e as casas da vizinhança, iluminava o local e a mesa coberta com pilhas de papéis escritos e rabiscados e livros e mais livros de espessuras diferentes empilhados uns em cima dos outros.

Jong In havia perdido a noção do tempo depois de abrir o quinto livro de psicanálise ainda mais grosso do que o último que lera. Não sabia a hora naquele momento. Quando se está fazendo um trabalho como aquele, você não se importa se já passou da hora de comer, nem se você vai consegui dormir tanto quanto dormiu na noite anterior. Não fazia muito sentido alguém estar estudando psiquiatria quando o objetivo de longos trabalhos é deixar você louco. Jong In quase se sentia um louco sentado naquela mesa, resmungando para si mesmo e para as páginas abertas a sua frente. 

Lá fora, o sol já quase se punha. Agora o auxilio da luz já não ajudava muito Jong In, e sair de onde estava para ligar o interruptor parecia tomar um tempo que ele não precisava gastar naquele instante. Além de que, Jong In se sentia exausto demais para pensar em sair da cadeira. A casa estava em completo silêncio, mesmo assim, Jong In pensava ouvir um sussurro lhe dizendo o quão perto estava de sua cama confortável apenas esperando que ele se deitasse para nunca mais acordar.

Jong In não podia dormir atirado sobre a mesa. Dormiria de qualquer jeito, então que pelo menos se levantasse e fosse até o quarto. Jong In pensou em esquecer o trabalho por um momento, mas ele também sabia o que aconteceria se não estivesse com aquilo pronto em mãos para o seu professor amanhã de manhã. Caia do chão com seu cansaço, mas termine o trabalho.

Seguindo esse conselho, Jong In desferiu um tapa contra o próprio rosto, tentando dispensar qualquer vestígio de que o sono poderia tomar conta da sua pequena e insignificante vontade que ainda restava para terminar aquele trabalho.

Havia um relógio quebrado numa parede à esquerda, que não serviria de nada para Jong In. Mas também havia o celular do seu lado direito, encima de alguns papéis com anotações ilegíveis. Ele já tinha certeza de um fim de semana destruído, mas Jong In ainda tinha esperanças por algumas preciosas horas de sono.

Ao ligar o celular, o luz forte surpreendeu seus olhos que se fecharam, incomodados. Quando voltou a abri-los, Jong In pareceu sentir o corpo voltando a ter noção de tempo e espaço ao ver a hora na tela do celular. Assustou-se.

17:58

Não achou que estivesse tão tarde, nem que acabaria dormindo bem depois do que esperava. Quase desejou que o relógio estivesse uma, ou talvez duas horas adiantado. Foi enquanto resmungava isso que Jong In percebeu alguns barulhos, talvez vindos do outro lado da rua, ele imaginava. Ouvir aquilo de repente o surpreendeu, lhe despertando um pouco mais a consciência. Os barulhos continuaram, mas Jong In não sabia dizer o que os causava.  Estreitando os olhos, Jong In notou uma movimentação dentro da casa em frente à sua. Parecia até mesmo agitado e um pouco desesperado.

Estavam fechando a casa. Jong In viu janelas sendo trancadas e ouviu portas sendo batidas, mas nenhum sinal de quem estaria fazendo aquilo.  Quando o silêncio voltou, Jong In pensou ter acabado, mas logo a luz do que ele pensou ser da sala de estar, foi apagada. Jong In sabia que havia alguém ali dentro, mas a aparência era a de uma casa vazia, estava tudo muito escuro e quieto, com exceção de uma única luz refletida na janela, que mesmo com uma cortina, ainda erra bem visível a claridade no lado de fora.

O céu estava escuro e Jong In se encontrava em um breu total dentro daquele cômodo, mas não se apressou em querer ligar alguma luz, apenas continuou observando a casa em frente a sua. A última janela ainda era a única onde se via luz.

18 HorasOnde histórias criam vida. Descubra agora