Nosso passado

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Quem sabe há quanto tempo eu estou acordado agora?
As sombras em minha parede não dormem, elas continuam me chamando, acenando...

Apenas depois de alguns minutos, Jong In pareceu ter se acalmado. Os soluços diminuíram quando KyungSoo o ouviu respirar fundo, porém, os dois continuavam abraçados. O maior se prendia a KyungSoo como se ele fosse desaparecer assim que olhasse em seus olhos, ou assim que a noite terminasse. Grande parte da mente de Jong In o deixava com medo de que isso viesse a acontecer assim que o menor soubesse de tudo. Enquanto isso, KyungSoo apenas fazia um carinho agradável nos cabelos de Jong In enquanto o abraçava, sem dizer uma palavra.

De repente o abraço se desfez, e Jong In quase não acreditou em si mesmo quando separou os dois corpos. Seus olhos ainda estavam molhados e um pouco inchados devido ao choro, mas mesmo assim, o maior conseguiu dar um sorriso para KyungSoo que sorriu de volta com preocupação nos olhos.

– Vamos – disse Jong In sem tirar o sorriso e pegou a mão de KyungSoo, guiando-o em direção ao quarto.

– Mas... e o jantar? – o menor perguntou encarando a mesa; parecia um pouco decepcionado – Já deve ter esfriado.

– Não acho que vou conseguir comer nada agora. Apenas venha.

KyungSoo suspirou, se deixando ser guiado por Jong In até o quarto.

– Como está o seu pulso? – perguntou Jong In, quando os dois entraram no quarto.

– Bem melhor – respondeu.

E realmente estava. KyungSoo já não sentia mais as pontadas de dor em seu pulso e acreditava que logo poderia se livrar daquela atadura, mesmo que aquilo não estivesse o incomodava em nada.

O menor se encostou à cabeceira da cama, deixando as pernas esticadas enquanto Jong In se deitava no colchão e descansava sua cabeça no colo de KyungSoo, que já acariciava os cabelos escuros mais uma vez.

Estava tudo em completo silêncio.

Jong In estava de olhos fechados, deitado de lado na cama, o que impedia que KyungSoo visse completamente seu rosto.

O maior havia pensado... e se lembrado das coisas enquanto esteve andando lentamente por horas antes de voltar para casa. Ele se lembrava, não detalhadamente, mas ainda sim se lembrava do dia em que se mudou para aquela casa. Seus pais estavam orgulhosos pelo filho único estar em uma faculdade e mesmo com a insistência da mãe para que ficasse em casa, Jong In decidiu se mudar. Ele achava que se estivesse em um lugar tranquilo, talvez pudesse aproveitar mais os seus estudos, e depois de alguns anos vivendo naquela mesma casa e com ajuda financeira dos pais, Jong In não tinha conhecimento da existência de seu vizinho, KyungSoo.

Era difícil se lembra do KyungSoo de dez anos atrás, vendo como o mesmo estava agora tão diferente, mas Jong In ainda se recordava de algumas características. Ele era o mais velho, e mesmo assim ainda era o mais baixo, talvez tenha sido isso que ocasionou essa perseguição, ou talvez não, na verdade, Jong In não se lembrava de quando aquilo começou, nem mesmo o motivo daquilo no passado. O menor costumava usar óculos, o que deitava seu rosto ainda mais infantil do que o normal, mas KyungSoo era incrivelmente inteligente, até demais para um garoto tão novo. Ele sempre andava de forma tímida pelos corredores, algumas vezes acompanhado por um garoto de aparência um pouco mais velha, porém, os dois faziam parte da mesma turma. Jong In nunca soube seu nome, mas o garoto sempre falava sorrindo, talvez estivesse tentando passar um pouco daquilo para KyungSoo que parecia tentar ignorá-lo o tempo todo, mas no final sempre mostrava um pequeno sorriso.

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