Conto de Fadas

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Quando voltou da faculdade, Jong In encontrou KyungSoo sentado em frente a bancada da cozinha, e com os dedos frenéticos no computador. A maior deixou suas coisas em cima no sofá, e mesmo assim, KyungSoo pareceu não ter notado sua chegada, ainda. Jong In participava daquela cena com uma careta um pouco revoltada no rosto, afinal, o que teria de tão interessante naquele computador para que o menor não percebesse que ele chegara em casa?

Em silêncio, Jong In andou até a bancada, e mesmo que se aproximasse, ele continuava sem ter a atenção de KyungSoo, até que se sentou em um outro banco bem a sua frente.

– Eu poderia ser um maníaco invadindo a sua casa, sabia? – Jong In falou com um tom de voz um pouco diferente e que assustou KyungSoo, fazendo-o pular da cadeira.

O menor o olhou irritado e prendeu a respiração por um segundo, mas logo suspirou, parecendo aliviado e sorriu.

– Um maníaco não teria a chave da minha casa, Jong In – ele disse voltando sua atenção para o computador e começando a digitar mais uma vez.

Jong In bufou dando a volta na bancada e se sentando ao lado do menor.

– O que está fazendo para não perceber que o seu namorado chegou em casa? Está escrevendo mais um livro?

– Não. É o meu currículo – KyungSoo disse com um sorriso, sem desviar os olhos do computador.

Até aquele momento, Jong In não chegara a pensar seriamente na ideia de KyungSoo querer fazer alguma coisa além de ser escritor, sair de casa, trabalhar com alguma coisa mais divertida. Agora que estavam tendo aquela conversa de novo, Jong In realmente percebia a disposição de KyungSoo, e de repente, Jong In sentiu algo estranho dentro de si, algo parecido com ansiedade, ele pensou. O maior se sentia orgulhoso e, mesmo que não admitisse, também um pouco apreensivo.

– O que foi? – perguntou KyungSoo tirando Jong In de seus devaneios – Por que continua me olhando com essa cara?

Jong In não percebera até então, mas seus olhos estavam fixos no rosto do menor enquanto os pensamentos confrontavam em sua cabeça.

– Não... Quer dizer... – disse Jong In tentando organizar bem as palavras – O que está pensando em fazer?

KyungSoo parou de digitar e olhou para o maior.

– Eu pensei um pouco enquanto estive em Goyang, depois que você voltou para Seoul, e acho que posso me dar bem como professor. Eu poderia ensinar gramática ou literatura. Não acha que pode dar certo?

Jong In sentiu o coração esquentar, alegre ao ouvir aquilo de KyungSoo; pensou que ele poderia se sair muito bem se tentasse, mas também temeu que o menor estivesse querendo fazer as coisas rápido demais.

– Eu quero começar o mais rápido possível – disse KyungSoo se animando mais ainda.

– KyungSoo, isso é uma boa ideia, mas você não acha que é um pouco cedo? Seu livro já está prestes a ser lançado. Imagine o trabalho que vai ser... E aquela amostra que eles te mandaram? Você já deu uma olhada?

– Vou enviar para a editora, amanhã – disse com uma expressão pensativa – Mas, Jong In... eu não vou conseguir suportar a ideia de ficar dentro de casa. Agora que eu sei que posso sair sem ter preocupações, mesmo que se torne cansativo num primeiro momento, eu não quero mais ter que ficar aqui.

Olhando para aqueles olhos grandes, Jong In pôde notar uma euforia dentro de KyungSoo. Era o mesmo que observar um pássaro voando de um lado para o outro dentro de uma gaiola, esperando ansioso o momento que estaria livre para sair dali. KyungSoo mudara e Jong In percebeu isso. Ele não era mais arisco e assustado, mas animado e curioso.

18 HorasOnde histórias criam vida. Descubra agora