Capítulo 19

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WILMER

Acordei com meu celular tocando, tentei me levantar, mas percebi que estava no chão, minhas costas doíam assim como meu pescoço, tentei mais uma vez e com sucesso, caminhei até a poltrona pegando meu celular e o levando até meu ouvido.

[Ligação]

- Senhor Valderrama? - uma voz feminina ecoou do outro lado.

- Sim - respondi sonolento.

- É do hospital central de Los Angeles, lamentamos informar que a paciente Demetria Devonne Lovato, faleceu esta manhã, o processo de cremação já foi ocorrido sob mandatos da senhorita Dallas Leigh Lovato, que se indentifica como irmã da paciente, o hospital deseja nossos pêsames pela perda, tenham um bom dia - joguei meu celular na cama e minhas pernas fraquejaram.

[Ligação off]

Ela se foi, ela se foi.

Peguei os celular novamente ligando para Nick e em seguida para Joe, dizendo a má notícia e eles disseram que estavam a caminho.

Saí do quarto a procura de Dallas, ela estava saindo do quarto de Isabella, com a menina já arrumada, ela me encarou assustada, pois eu estava chorando.

- Demi - só precisei falar isso e ela já entendeu.

- Oh meu Deus - ela falou começando a chorar também.

A porta da frente foi aberta e eu andei até o topo das escadas vendo Nick, Joe, Selena e Ashley acompanhados de meus pais e meus irmãos, todos eles estavam chorando também, andei até eles e abraçei cada um logo recebendo seus pêsames.

"O sofrimento é sempre um encontro consigo mesmo: sofrer amadurece."

De cada experiência que eu tenha vivido, essa é de longe uma das piores, mas acredito que tudo acontece com um propósito, eu e Demi costumávamos nos lembrar disso, tudo que acontecia era um plano de Deus e era isso que ele queria para nós, apredemos a suportar dores juntos e agora eu iria continuar, por ela e por nossa filha, difícil é, mas eu preciso agir como um adulto.

"Sinal de maturidade humana é aceitar o desafio do sofrimento."

Sempre fomos dos tipos de pessoas que gostavam de expressar sentimentos através da música, Demi, especialmente, ela que me ensinou a fazer isso. Quando Isabella supostamente nos deixou, passamos a fazer uma terapia em casal, acreditando que isso melhoraria nosso auto-estima.

"Muito do sofrimento é por escolha sua. É a poção amarga com que o médico dentro de você cura o próprio eu doente."

Funcionou. No início nós não queríamos aceitar, mas era a realidade e tivemos que lidar com aquilo. cada parte de mim gritava, percebi que eu estava tornando as coisas mais difíceis, passamos a nos ajudar e ajudar um ao outro e finalmente conseguimos um progresso depois de um mês de terapia.

"O que estava sentindo não era bem tristeza, era dor. Aquilo doía, e não é um eufemismo. Doía como uma surra."

- Eu sinto muito, vai ficar tudo bem, querido- Às vezes nos vemos necessitados de um carinho materno, tendo pensar o que direi a minha garotinha, que nos olha confusa sem entender a situação.

O que me martela, é saber que em algum momento vou ter que explicá-la tudo, eu não queria, mas ela tinha o direito de saber que tinha um mãe que a amava muito. Só precisava esperar um pouco mais para contá-la.

Depois de algum tempo, estávamos todos sentados pela sala, perdidos nos pensamentos, outros prestando atenção nos preparativos do velório, Selena e Ashley haviam levado as crianças para a casa de Mandy, a mãe de Selena, enquanto tudo se resolvia por aqui, talvez eu levasse Isabella para o sepultamento.

"Procure exercitar a prática da superação. Comece a superar a tristeza, a dor, a dúvida, o desânimo, o medo, a fraqueza, a escuridão, a derrota, o tédio, o choro, e finalmente a ingratidão."

O lugar ao meu lado afundou, percebi que era Nicholas que havia sentado, ele me olhou triste e depois encarou suas próprias mãos, ele não estava tão diferente de mim, eles tinham um enorme carinho um pelo outro, como se fossem irmãos.

- Não consigo acreditar que isso é real, você vai contar para a Bella? - ele quebrou o silêncio e então eu o encarei.

- Eu não sei Nick, quero poupá-la de todo esse sofrimento- respirei fundo ouvindo um suspiro triste dele.

- Acho que você deveria ao menos explicá-la de uma forma figurada sobre o que aconteceu, ou sei lá, uma psicóloga- sugeriu e eu prontamente neguei.

- Não quero que ela passe por isso, aliás, pensei melhor agora e não acho que seja realmente necessário contá-la- falei e ele me olhou surpreso.

- Pretende escondê-la sobre sua mãe? - indagou incrédulo.- Se for, eu não concordo com isso, mas você que sabe o que deve fazer, depois não diga que eu não avisei- ele se encostou no sofá.

- Dallas pode assumir esse lugar, estive pensando na proposta dela, seria interessante essa experiência, serviria como superação eu acho, ela seria uma ótima mãe para Isabella - falei e Nick me olhou novamente, só que agora seus olhos transbodavam ódio.

- Você enlouqueceu? Aquela imbecíl está te manipulando assim? Não acredito que você foi capaz de fazer isso com a Demi, Wilmer, sinceramente, eu esperava mais de você - explodiu fazendo com que muitos ali nos olhassem, inclusive, Dallas.- Mas não pense que vou deixar Isabella nas mãos dessa psicopata, já que você bateu a cabeça muito forte para aceitar isso, eu vou cuidar dela como eu prometi a minha amiga. -então se levantou e saiu pela porta.

Todos ainda me encaravam surpresos com o episódio que acabara de acontecer ali, senti os braços de Dallas afasgarem minhas costas carinhosamente e ela sorriu para mim.

- Me desculpe por isso - pedi, não era a primeira vez que Nick fazia isso, mas esse não era um momento adequado para isso, sei e respeito a opinião que ele tem sobre ela, da mesma forma, quero que ela a respeite.

- Está tudo bem, eu não me abalo com isso - ela admitiu e eu assenti.

Como alguém poderia ver maldade nela? Ou acusá-la assim? Dallas é uma das poucas boas pessoas que existem nesse mundo, porque ninguém vê isso, porque só a julgam? Eu só queria entender.


A/N

DESCULPEM A DEMORA MAS AI!!!

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