MOTOQUEIRO MISTERIOSO

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— Sério? Mas pela Dutra é mais rápi ...
— Vai por lá então, caramba!
— Calma, já entendi. Suave na nave. Estrada velha. Compreendido.
As coisas estavam saindo diferente do que Kadu imaginara, mas pelo menos estavam bem
mais divertidas do que as aulas de sexta-feira.
Taubaté e Pindamonhangaba são cidades vizinhas. Em dias normais gastamos menos de vinte
minutos para irmos de uma a outra. O problema é que às sextas-feiras os barzinhos e restaurantes de
Taubaté bombam, então o trânsito no centro da cidade +ca um pouco mais carregado e lento. O ideal
seria pegar a Via Dutra, mas nem tudo na vida é como a gente quer.
— Você deve estar me achando uma doida varrida, né? — disse ela, quebrando o silêncio.
— Por quê? Nada a ver. Doida varrida é a mulher da matéria que li ontem na internet — e
Kadu começou a rir que não parava mais.
— Nossa, vai me contar ou me matar de curiosidade?
— Ela descobriu que o marido estava saindo com a melhor amiga dela.
— E daí? Ela é corna, não doida.
— Ah, é? Eu ainda não terminei a história. Num belo dia ela se insinuou para o maridão, deixou
ele todo excitado na cama, vendou os olhos dele e prometeu uma surpresinha, aí foi até a cozinha e
colocou uma panela de água para ferver.
— Caraca, ela não fez o que eu estou pensando.
— Sim, fez. Voltou para o quarto e despejou a panela inteirinha com água fervente sobre o …
você sabe o quê do marido.
— Pinto. Pau. Pênis. Cacete. Bráulio. Bigulim. Piu-Piu. Peru.
— OK, OK, eu já entendi que você entendeu.
— Por que vocês tem tanta di+culdade em dizer a palavra pinto para uma mulher? São cinco
letrinhas como outra qualquer.
— As cinco letrinhas do marido dela devem estar doendo até agora.
— Se é que restou alguma letrinha para contar história.
— Verdade, e contar uma história com 1 ou 2 letrinhas é bemmm difícil, hein!
Ambos caíram na gargalhada.
Saíram do centro pela Avenida Marechal Deodoro, passaram pela Casa de Custódia e pegaram
a SP-062. Agora não há mais trânsito. Dentro de alguns minutos estarão em Pindamonhangaba, ou
simplesmente Pinda. A primeira namorada de Kadu era de lá, portanto o caminho lhe era familiar. A
diferença é que na época ele ia de ônibus.
Anelize parecia incomodada, não conseguia parar quieta no banco.
— Tudo bem aí? — perguntou Kadu.
— Eu pensei que ia se dar bem, mas não sei não.
— Quer que eu desvie e vá por Tremembé?
— Não precisa. Vou ficar bem. Só preciso tomar um pouco de ar — e abriu só um pouco a
janela, pois lá fora estava muito frio e o vento estava insuportavelmente congelante.
— Aquele motoqueiro filho da mãe não vai querer se meter com o Justiceiro — Kadu estufou
o peito, exibindo a caveira branca da sua camisa com orgulho.
— Perdão, não entendi a piada. Já fui loira, lembra?
— Você não conhece o personagem Justiceiro? OK, admito que ele não é dos mais populares.
Hoje os heróis da vez são os Vingadores.
— Não sou muito fã de super-heróis. Acho que é um mundo predominantemente masculino.
— Já fizeram diversos filmes com heroínas, mas todos fracassaram. Verdadeiros Fatos
— Mulher-Gato, né? Eu me lembro. Nada a ver a Halle Berry nesse papel. Michelle Cherry é

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