Eles estavam passando ao lado do CDP. Jacques vinha lá atrás, a uns 20 metros de distância. O
único som que Kadu ouvia naquele momento era o ronco barulhento do motor decadente do Uno.
- Não ouço moto nenhuma - disse ele, tentando tranquilizá-la.
- Será que estou +cando louca? Escuta, Kadu, escuta! - ela +cou de joelhos no banco, olhan-
do para trás. - Ele está vindo, eu sei que está nos perseguindo! É ele!
- Mas não tem nada ...
Não deu tempo de Kadu terminar a frase e uma moto preta passou zunindo do seu lado. O
barulho do escapamento foi tão alto que ele tomou um susto e quase perdeu o controle do carro.
Anelize deu um grito. Estava chorando, com as mãos sobre os ouvidos.
- Mas o que foi aquilo? - gritou Kadu, assustado. - Não tinha mais ninguém atrás da gente
além do Jacques. Eu estava acompanhando pelo retrovisor. De onde ele surgiu?
Kadu acendeu o farol de milha. Lá estava ele: o motoqueiro misterioso. Vestia uma blusa de
moletom vinho, surrada, com respingos de barro. Calça jeans toda desbotada e botas de couro. O
capacete era preto, parecia ser de um modelo bem antigo, assim como a moto parecia ter saído de um
museu, enferrujada e sem emplacamento.
- É ele, Kadu! É ele! - Anelize não conseguia +car parada no banco.
- Se ele vier pra cima da gente eu jogo ele para fora da estrada. Simples assim.
E foi isso que o motoqueiro fez. Reduziu a velocidade até +car lado a lado com o Uno. Kadu
acelerou o máximo que pôde, o que não foi muito, pois o carro da garota é um caco velho. Quando
chegaram a 100 km/h o carro quase desmontou, literalmente. Se continuarem a esta velocidade por
mais tempo o motor vai para o saco.
O motoqueiro +cou do lado do carona e começou a bater com a mão na janela. No começo
pareciam batidas fracas, como se estivesse apenas pedindo para que eles abaixassem o vidro. Mas
depois foram +cando cada vez mais violentas. Ele estava tentando quebrar o vidro.
- Kadu, faz alguma coisa! Joga o carro pra cima dele, manda ele pro mato!
Ela não precisou pedir mais de uma vez. Virou o volante para a direita, forçando o motoqueiro a
atravessar um bom trecho de mato, até desaparecer. Dentro do carro eles tentaram localizá-lo pelos
retrovisores. Nem sinal dele. Só conseguiram enxergar Jacques no seu Peugeot.
- Pra onde ele foi? - repetia Kadu, muito assustado. Seu coração batia como se tentasse sair
do peito.
- Sumiu, não estou vendo! Também não escuto mais o barulho da moto.
- Será que ele caiu e não vimos? Faz o seguinte, pega o celular e pede para o Jacques nos
ajudar - disse, quase gritando. - O carro dele anda mais. O que ele está fazendo tão lá atrás? Per-
gunta se ele viu o que aconteceu com o +lho da puta.
As mãos da garota tremiam e ela apanhou do celular para fazer a ligação. Mas en+m conse-
guiu. Jacques atendeu.
- Ajuda a gente, pelo amor de Deus! - implorou Anelize. - Você viu pra onde o motoqueiro
foi? O quê? Como assim que motoqueiro? Está cego?
- O que foi que ele disse?
- Ele mandou nós pararmos com a palhaçada e procurarmos um barzinho para tomarmos
uma gelada.
E o motoqueiro reapareceu, agora do lado do motorista.
- Filho da mãe, de onde ele vem?
- Jacques - gritou Anelize para o aparelho celular, quase como se estivesse falando pessoal-
mente com ele - , agora você está vendo o +lho da mãe ou quer que eu desenhe? - E desligou o
aparelho com raiva.
Kadu tirou o cinto de segurança num gesto rápido e olhou para Anelize, dizendo:
- Vou fazer uma loucura - e desceu o vidro rapidamente pela manivela. Uma rajada de um
vento congelante acertou em cheio os seus rostos.
- O que você vai fa ...?
Kadu abriu a porta do carro e a empurrou com toda a força para cima do motoqueiro, que perdeu um pouco do equilíbrio mas não caiu
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Motoqueiro Misterioso
HorrorUma História De Terror Assustadora Para Deixar Você Acordada A Noite Inteira E Espero Que Vocês Gostem Do Livro ♡