pilot

17.5K 1.5K 815
                                    

Taehyung abraçou as próprias pernas, cravando as unhas nas mesmas enquanto sentia o suor escorrer pela sua testa. O medo de algum modo consumia cada fibra do seu ser, fazendo-o tremer freneticamente. Vez ou outra, o garotinho soltava alguns gemidos de dor, baixos, de modo que apenas ele e as sombras os escutavam. Sentia uma dor inimaginável em toda parte do corpo, principalmente na garganta - resultante dos gritos que soltara agora há pouco - e na cabeça, resultante dos mesmos gritos. Ele não sabia direito aonde estava, o motivo e não tinha nenhuma noção do tempo.

— Ali! — ele ouviu um grito vindo do corredor escuro que se escondia atrás da porta em sua esquerda. Automaticamente o loiro se encolheu ainda mais contra si mesmo. Fechou e comprimiu os olhos ao ouvir a porta ser brutalmente arrombada, invadida por uma grande quantidade de passos e vozes. — Ele está ali.

Taehyung se encolheu mais ao sentir mãos em seus ombros, escondendo o rosto com medo de todo e qualquer toque. Ele fechou os olhos. Fechou os olhos para não ver o que aconteceria a seguir, fechou os olhos com medo de que aquele monstro o maltratasse de novo. Ao perceber a reação do loiro as mãos que estavam em si se afastaram, tentando manter o garoto calmo. Taehyung se permitiu olhar para o rosto da figura que estava em sua frente. Era um homem de cabelos castanhos, expressão preocupada e testa franzida. Sua pele era de um tom pálido singular e suas mãos eram grandes, o que deixou Taehyung um pouco mais assustado do que já estava.

— Ei, garoto. Tá tudo bem. A gente veio te tirar daqui. — a voz do homem soou grossa, porém acolhedora. — Não se preocupe, pode vir com a gente. — ele sorriu e estendeu os braços, como se convidasse o garoto a se esconder ali. O loiro permaneceu alguns segundos decidindo se ali era um bom lugar para se esconder. Porque todo o tempo que passara ali ele havia procurado um lugar para se esconder quando ele aparecia. Ele achava às vezes, mas sempre era descoberto, e nada adiantava. Ele aparecia. Machucava Taehyung. E ia embora.

Ali parecia ser quentinho. E confortável. Então o garoto se jogou ali dentro.

O homem rodeou os braços em torno do loiro em um abraço recofortante e suspirou sorrindo, satisfeito. Ele se levantou, com Taehyung no colo, e olhou para os companheiros.

— Vamos tirar ele daqui.

✨❣

Era a primeira vez na vida que Taehyung recebia algum tipo de carinho. Ele estava sentado em um sofá, abraçando a si mesmo com um dos braços e segurando uma caneca de chocolate quente com a mão oposta. Seu corpo frágil estava completamente envolto em cobertas - o mesmo havia agradecido por terem lhe deixado tomar banho sozinho, pois particularmente tinha medo de caçoarem de seu estado ou que tentassem piora-lo - e ainda estava escondido no abraço daquele homem que oferecera seus braços mais cedo, e incrivelmente era o único que conseguia toca-lo.

Estavam na casa desse homem. Era um lugar grande e bonito, cheio de luzes. A sala na qual estavam era extremamente bonita, com as paredes de cor avermelhada. Aquele era o único ponto no lugar que o assustava, pois lembrava a coloração daquilo que saía do seu corpo quando aquele homem batia nele. Por causa da coloração da parede, Taehyung não conseguia prestar atenção na conversa que ocorria em sua frente.

— Temos que mandar ele para o sistema de adoção. — a garota morena que vestia um uniforme azul extremamente limpo e bem cuidado, embora tivesse acabado de comandar a prisão de um estuprador disse, batendo os dedos na mesa — Mas as chances de alguma família que queira arcar com as despesas médicas, educacionais e principalmente psiquiátricas dele existir são de um em um milhão.

— Tem razão. — o homem respondeu, com um certo medo de Taehyung ouvir, mas viu que o garoto estava entretido com a parede. Fez carinho no braço dele por cima do cobertor. — Tem principalmente os problemas mentais sérios que ele pode desenvolver, os remédios...E ninguém consegue tocar nele. Só eu.

A garota fez um bico.

— Jihun...

— O quê?

— Você mesmo pode adota-lo.

O delegado parou e refletiu sobre, concordando com a cabeça. Ele tinha um filho da mesma exata idade do loiro, sua esposa havia morrido alguns meses antes, então não seria má ideia cuidar de Taehyung. O garoto se sentia bem e seguro com ele. Por que não?

— Eu acho que consigo arrumar os papéis ainda hoje. — disse, exibindo um sorriso fofo e satisfeito. — Acho que o Jimin vai adorar a ideia de ter um irmãozinho.

canvas ¡! vminOnde histórias criam vida. Descubra agora