Proibido (Capítulos Atualizados)

04. Berlim

A noite já havia chegado em Berlim quando Arthur e Gustavo pousaram na pista fria e nebulosa próxima ao centro da capital alemã. O choque de temperatura por conta da troca brusca de estações causou estranheza em Arthur, que precisou colocar seu trench coat  assim que desembarcaram e seguiram para a Zona de Imigração, onde trataram dos processos burocráticos. Arthur apenas observou Gustavo — que cuidava de tudo com bastante naturalidade — e seguiu seus passos, tentando manter a mesma postura de seu chefe.

Arthur ainda tentava se recuperar da visão espetacular enxergada de cima, quando o jato se preparava para a descida: as linhas hexagonais do aeroporto eram ousadas e, segundo Gustavo, uma de suas paisagens preferidas da cidade ali, logo de cara, há centenas de metros longe do chão.

"Não era necessário nem colocar os pés em terra firme para se apaixonar por Berlim." — Gustavo havia dito em algum momento antes das rodas tocarem o concreto, e Arthur não podia estar mais de acordo.

Alugaram um veículo em dos guichês do aeroporto e seguiram para a região da Potsdamer Platz, onde ficava o Ritz-Charlton Hotel, um dos principais e mais luxuosos hotéis da cidade, onde Gustavo havia feito uma reserva para as próximas duas noites. Arthur olhava em volta, abismado com a beleza descomunal do lugar.

A Mercedes Classe S preta estacionou em frente à fachada do hotel, com um letreiro dourado e imponente contendo o nome do local. Gustavo cuidava do check-in na recepção, deixando Arthur à vontade para admirar os detalhes sofisticados do saguão. O cômodo era exageradamente amplo e pintado em branco e dourado, desde o piso de mármore até as colunas de sustentação e os adornos nas paredes. Uma gigantesca escadaria central se dividia em dois caminhos curvados, levando a um mezanino que garantia uma visão privilegiada do hall de entrada, com seu imenso pé direito.

— E então, o que achou? — Gustavo perguntou ao se juntar a Arthur, próximo ao pé da escadaria.

— É o lugar mais luxuoso que eu já coloquei meus pés. Não sei nem me portar direito, por favor, se eu der alguma gafe, me avisa. Os alemães já falam como se estivessem sempre bravos, então eu tentei não tocar em nada para não levar sermão. Até porque se eu quebro algo aqui, nem com um ano de salário eu consigo pagar.

Gustavo colocou a mão sobre a barriga e pendeu a cabeça para trás em uma risada que pareceu música para os ouvidos de Arthur.

— Você é uma figura engraçada, Arthur.  Só que eu tenho uma notícia não muito boa pra te dar. Fizeram uma confusão na reserva, e acabaram nos dando um quarto só. Eu pedi para resolverem, mas todos os quartos estão ocupados hoje. Vão nos arrumar o outro quarto só amanhã. Tem problema?

Arthur se conteve a apenas piscar de forma mecânica, tentando escolher o que falar enquanto assimilava que dormiria no mesmo quarto que seu chefe. De repente, o trench coat já não parecia mais tão necessário.