06. Aposentadoria

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Na segunda-feira de manhã, Arthur tateou pela mesa de cabeceira, procurando pelo som do despertador

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Na segunda-feira de manhã, Arthur tateou pela mesa de cabeceira, procurando pelo som do despertador. Havia sido uma noite difícil de dormir, sabendo que todas as respostas das perguntas que pairavam em sua mente nos últimos dias seriam finalmente respondidas naquela manhã. Antes de levantar, se permitiu perder alguns minutos olhando para o teto, revivendo as lembranças de Berlim em sua cabeça. A luz entrava de maneira tímida pelas fendas da cortina, anunciando um céu cinzento, que ameaçava trazer a chuva a qualquer momento.

"Que Deus me ajude a sobreviver ao dia de hoje." — Arthur pensou, suspirando sonoramente ao se levantar e ir para o banheiro. O banho levou mais tempo do que o necessário, e ele sabia, no fundo, que estava postergando o máximo que podia para aquele dia começar.

Ao surgir na cozinha, viu Samuel de costas, mexendo no fogão. O aroma itenso de café pairava sobre o ar, preenchendo o ambiente de forma agradável.

— Bom dia, flor do dia. — Samuel desejou, se virando e fitando Arthur ao perceber sua presença.
— Bom dia. — Arthur murmurou, se sentando à mesa com a cara de poucos amigos.
— Arthur... O que a gente combinou? Nada de desânimo. Se por acaso o pior cenário acontecer, o que eu duvido muito, pra ser sincero, você volta pra casa, a gente se empanturra de sorvete e chocolate e assiste algum filme leve e bobo dos anos noventa pra distrair sua cabeça. O que tiver que acontecer, vai acontecer. E seja lá o que for, a gente vai resolver juntos.
— Eu não sei o que eu faria sem você, Samuca.
— Eu sei. Você tem maior sorte em ter um melhor amigo tão incrível como eu. — Samuel disse, se vangloriando, mais como brincadeira do que como um lampejo característico de vaidade.
— Eu queria ser uma mosquinha pra estar naquela reunião. Não me conformo que eu não pude estar lá.
— Você sabe que, se caso tudo der certo, grande parte do mérito é seu.
— Bom, eu sei disso. O problema é que o resto da empresa nunca vai saber.
— Você se preocupa demais com o que os outros pensam, Arthurzito. No dia em que você aprender a ligar o foda-se, sua vida vai ser muito mais fácil.
— Esperando ansiosamente por esse dia. — Arthur disse, rindo em sincronia com Samuel.

O barulho da campainha os pegou de surpresa, fazendo-os se entreolhar, curiosos.

"Quem poderia ser antes das oito da manhã?" — Arthur se perguntou, andando a passos largos até o interfone.

— Pois não?
— Entrega para Arthur Dantas.

A voz desconhecida fez Arthur pensar duas vezes em descer e verificar quem e o que era. Porém, antes mesmo de terminar de falar para Samuel que havia um pacote para Arthur numa segunda-feira de manhã cedo, os dois desciam as escadas, afobados, com Samuel puxando Arthur pelo braço.

Ao chegarem no portão, um buquê extravagante de rosas brancas e um embrulho em papel-pardo, envolto com uma fita de barbante que formava um laço rústico e caprichoso, fez o coração de Arthur bater um pouco mais forte.

Na parte frontal do bilhete, a mensagem:

"Os cavalos fogosos conhecem-se pelo porte e as pessoas apaixonadas pelos olhos." — Liev Tolstói.

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