Segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008.
No Lar para Crianças São Cosme e Damião, aquele parecia ser apenas mais um dia comum de verão. Gustavo e Vinicius jogavam futebol no pátio do orfanato, e a gritaria logo deu lugar ao silêncio absoluto quando Odete soou com seu apito, demandando silêncio.
— Gustavo, vá tomar banho e se trocar. Temos um casal que quer conhecer você.
Gustavo, no auge de seus quinze anos, olhou curioso para além do ombro de Odete, e viu Ricardo e Ester. Ela, tão animada que não conseguia conter o sorriso; ele, hesitante, desconfiado.
O garoto, com o rosto sujo de terra e suado, olhou para Vinicius com preocupação. Não sabia ao certo como se sentiria se fosse adotado. Ainda que fosse seu maior sonho, se preocupava com seu melhor amigo. O que aconteceria com ele?
Mesmo assim, Gustavo fez o que Odete mandou, e em vinte minutos, desceu para conhecer o casal. Eles esperavam na sala de TV, sentados. O sofá antigo, mas confortável de couro marrom.
— Gustavo, quero que conheça Ricardo e Ester Lobo. — Odete falou, a voz ensaiadamente aveludada, o que causou estranheza em Gustavo. Ele, por sua vez, cumpriu o protocolo e, sem jeito, os cumprimentou.
— Você é um menino lindo, Gustavo. — Ester falou, tentando um aproximação. Gustavo ainda a encarava com desconfiança, mas não se moveu. — Quantos anos você tem?
— Quinze.
— Já é um mocinho. Quase um homem. — Ester continuou, estranhando a magreza e a baixa estatura de Gustavo, que o fazia parecer ter, no máximo, doze anos. — O que você mais gosta de fazer, Gustavo?
— Jogar futebol com o Vinicius.
— E o Vinicius é seu melhor amigo aqui, eu suponho.
— Sim. — Gustavo respondeu, ainda acanhado, mas sentindo uma certa confiança em Ester. Em seguida, continuou. — Se vocês me adotarem, podem levar ele também?Ester olhou para Ricardo, atônita, mas inclinada a aceitar. Seu marido, por outro lado, a encarou com censura, criando uma atmosfera de tensão nas entrelinhas.
— Bom, é complicado te dar essa resposta agora, pois eu e o Ricardo já temos dois filhos, um biológico e uma adotiva. Nossos planos eram de termos apenas mais um.
— Ah, sim. Eu entendo. — Gustavo respondeu, cabisbaixo, e Ester sentiu seu coração se apertar dentro do peito.
— Mas eu prometo que vamos pensar a respeito e, se for possível, vamos dar um jeito nisso. Tudo bem?Gustavo concordou, um tanto desesperançoso. Em seguida, saiu da sala, guiado por Odete até seu quarto, onde foi instruído a ficar, pelo menos até as visitas irem embora.
Sozinhos, Ester e Ricardo se entreolharam, e não poderiam estar mais polarizados quanto àquela decisão.
— E então, o que achou dele?
— Não sei. Dois minutos com a gente e já estava impondo seus próprios termos.
— Não vi dessa forma. Temos que entender que ele tem seus vínculos com as pessoas daqui.
— Bom, esse vínculo vai acabar quando ele fizer dezoito e ter que se virar na rua. Não acho que ele esteja em posição de negociar.
— Credo, Ricardo. Não precisa ser tão intolerante e insensível. Estamos falando de um monte de crianças sem casa.
— E se deixasse, você levaria todas elas pra casa.
— Bom, não posso fazer nada se eu e você não conseguimos por nossos próprios meios. Ter o Diego já foi um milagre.
— Eu e você, não. Você sabe que meus exames deram perfeitamente normais.
— Tudo bem, Ricardo. Eu sou a estéril. Não tenho problema nenhum em admitir isso. Só não achava que você teria essa postura comigo.
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Proibido (Capítulos Atualizados)
RomanceArthur é um estudante de Economia, carismático, determinado e um pouco introvertido. Gustavo é o Diretor Financeiro de uma das maiores empresas do país. Possui um gênio forte, uma beleza fora do comum e está à procura de um novo assistente. Por ir...