13. Invasão de Domicílio

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Segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

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Segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008.

No Lar para Crianças São Cosme e Damião, aquele parecia ser apenas mais um dia comum de verão. Gustavo e Vinicius jogavam futebol no pátio do orfanato, e a gritaria logo deu lugar ao silêncio absoluto quando Odete soou com seu apito, demandando silêncio.

— Gustavo, vá tomar banho e se trocar. Temos um casal que quer conhecer você.

Gustavo, no auge de seus quinze anos, olhou curioso para além do ombro de Odete, e viu Ricardo e Ester. Ela, tão animada que não conseguia conter o sorriso; ele, hesitante, desconfiado.

O garoto, com o rosto sujo de terra e suado, olhou para Vinicius com preocupação. Não sabia ao certo como se sentiria se fosse adotado. Ainda que fosse seu maior sonho, se preocupava com seu melhor amigo. O que aconteceria com ele?

Mesmo assim, Gustavo fez o que Odete mandou, e em vinte minutos, desceu para conhecer o casal. Eles esperavam na sala de TV, sentados. O sofá antigo, mas confortável de couro marrom.

— Gustavo, quero que conheça Ricardo e Ester Lobo. — Odete falou, a voz ensaiadamente aveludada, o que causou estranheza em Gustavo. Ele, por sua vez, cumpriu o protocolo e, sem jeito, os cumprimentou.

— Você é um menino lindo, Gustavo. — Ester falou, tentando um aproximação. Gustavo ainda a encarava com desconfiança, mas não se moveu. — Quantos anos você tem?
— Quinze.
— Já é um mocinho. Quase um homem. — Ester continuou, estranhando a magreza e a baixa estatura de Gustavo, que o fazia parecer ter, no máximo, doze anos. — O que você mais gosta de fazer, Gustavo?
— Jogar futebol com o Vinicius.
— E o Vinicius é seu melhor amigo aqui, eu suponho.
— Sim. — Gustavo respondeu, ainda acanhado, mas sentindo uma certa confiança em Ester. Em seguida, continuou. — Se vocês me adotarem, podem levar ele também?

Ester olhou para Ricardo, atônita, mas inclinada a aceitar. Seu marido, por outro lado, a encarou com censura, criando uma atmosfera de tensão nas entrelinhas.

— Bom, é complicado te dar essa resposta agora, pois eu e o Ricardo já temos dois filhos, um biológico e uma adotiva. Nossos planos eram de termos apenas mais um.
— Ah, sim. Eu entendo. — Gustavo respondeu, cabisbaixo, e Ester sentiu seu coração se apertar dentro do peito.
— Mas eu prometo que vamos pensar a respeito e, se for possível, vamos dar um jeito nisso. Tudo bem?

Gustavo concordou, um tanto desesperançoso. Em seguida, saiu da sala, guiado por Odete até seu quarto, onde foi instruído a ficar, pelo menos até as visitas irem embora.

Sozinhos, Ester e Ricardo se entreolharam, e não poderiam estar mais polarizados quanto àquela decisão.

— E então, o que achou dele?
— Não sei. Dois minutos com a gente e já estava impondo seus próprios termos.
— Não vi dessa forma. Temos que entender que ele tem seus vínculos com as pessoas daqui.
— Bom, esse vínculo vai acabar quando ele fizer dezoito e ter que se virar na rua. Não acho que ele esteja em posição de negociar.
— Credo, Ricardo. Não precisa ser tão intolerante e insensível. Estamos falando de um monte de crianças sem casa.
— E se deixasse, você levaria todas elas pra casa.
— Bom, não posso fazer nada se eu e você não conseguimos por nossos próprios meios. Ter o Diego já foi um milagre.
— Eu e você, não. Você sabe que meus exames deram perfeitamente normais.
— Tudo bem, Ricardo. Eu sou a estéril. Não tenho problema nenhum em admitir isso. Só não achava que você teria essa postura comigo.

Proibido (Capítulos Atualizados)Onde histórias criam vida. Descubra agora