07. Happy (?) Hour

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O resto do dia havia sido muito mais parecido com um grande happy hour do que com um dia de trabalho comum

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O resto do dia havia sido muito mais parecido com um grande happy hour do que com um dia de trabalho comum. A notícia da aposentadoria de Ricardo havia gerado um burburinho por todos os departamentos da empresa, e a reação dos colegas de Arthur estavam divididas entre "estamos muito aliviados com a saída de Ricardo" e "estamos fodidos com Gustavo sendo o novo Presidente". Arthur, por sua vez, preferiu não entrar nos debates e cochichos liderados por Ícaro; estava ocupado demais tentando processar o turbilhão de sentimentos abrasivos que mexiam com seu peito. Parte de si sabia que o mais seguro era seguir a razão e se afastar emocionalmente de Gustavo e Ricardo. Estar envolvido no que parecia ser um possível triângulo amoroso empresarial à lá Laços de Família não era muito o que ele tinha em mente quando se submeteu àquela entrevista. E se soubesse de todo o drama que viria com a vaga, teria ficado em casa, procurando por vagas no Linkedin ou algo parecido.

Por volta das seis e meia, Arthur decidiu descolar seus olhos da tela do computador e olhar para a chegada da noite através da imponente e arejada janela próxima de sua mesa. Se espantou ao perceber que estava ali por mais tempo do que gostaria (ou deveria), e, sem pestanejar, desligou sua máquina e pegou suas coisas. Como última tarefa do dia, levou uma pilha de envelopes pardos até a mesa de Ícaro, que ficava bem próxima da sala de Ricardo. Antes de girar em seus calcanhares para ir embora, Arthur percebeu que as luzes da sala da presidência ainda estavam acesas, o que era incomum para Ricardo ficar até tão tarde. Arthur sentiu um súbito nervosismo tomar conta de seu corpo, e, para sua surpresa, tolstói e flores foram os primeiros pensamentos que ocuparam sua mente.

"Que porra é essa? Eu não consigo administrar meus sentimentos direito por uma pessoa, quem dirá duas. Isso é loucura, eu preciso de algum tratamento psiquiátrico, terapêutico, religioso ou astral. Talvez um pouco de todos. Alguns calmantes, sessões de terapia, uma reza bem forte e uma leitura de tarô cairiam bem. Sei lá."

Pensando nisso, Arthur decidiu ir embora sem chamar a atenção, lutando contra o calor de suas bochechas. Seu plano falhou miseravelmente quando esbarrou sua mão no porta-canetas da mesa de Ícaro, levando algumas coisas ao chão e fazendo um barulho que, especialmente naquele momento, não o ajudou em nada.

— Quem tá ai? — Ricardo perguntou, a voz levemente alarmada, enquanto Arthur estava de joelhos no chão, tentando juntar as canetas e clips de metal o mais rápido possível.

— Sou eu, Arthur. Vim apenas deixar alguns documentos na mesa do Ícaro. Já estava de saída.

— Não sabia que tinha mais alguém trabalhando ainda. Tem uma vida lá fora, sabia? — Ricardo disse, a mão apoiada no batente da porta, o rosto estranhamente mais leve e jovial após o anúncio daquela manhã.

— É, eu sei. Só estava distraído lendo alguns relatórios e respondendo alguns clientes por e-mail. Prometo que não vai mais acontecer.

— Ei, não estou te dando bronca, fica tranquilo. Primeiramente, eu não sou seu chefe, pelo menos não diretamente, e daqui alguns dias, nem indiretamente. Segundo, eu gosto de você.

Proibido (Capítulos Atualizados)Onde histórias criam vida. Descubra agora