10. She's an extraordinary girl in an ordinary world

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Lola's POV


Depois de um momento constrangedor dentro do carro, nós finalmente chegamos ao colégio. Minha cabeça já dava sinais de melhora e eu conseguia enxergar o mundo mais claramente agora.

Meu cérebro tentava, inutilmente, fazer todas as conexões possíveis pra explicar porque o John e a Mona estavam agindo tão estranhamente. Porém tudo pareceu fazer menos sentido ainda quando meu irmão abraçou, carinhosamente demais, algumas das meninas da série dele e a minha melhor amiga parecia querer fuzilar ele e elas com uma metralhadora.

Resolvi deixar isso pra lá. Se eles não me contam, eles que se resolvam.

Lá vamos nós de novo. Pegar livros no armário; colocar livros no armário; colocar cadernos; tirar cadernos.

- Bom dia, princesa. – Já não basta a dor de cabeça, ainda tenho que aturar esse imbecil. – É impressão minha ou você tá aderindo ao movimento bad girl com esse short e esse óculos escuro?

- Por que você não para por um minuto de pensar em mim, Alex, e vai cuidar da sua vida? – Fechei a porta do armário com a força da raiva que eu sentia por aquele cara.

- Quanta hostilidade e egocentrismo Loly. – Ele me sorria um sorriso tão debochado e sarcástico, tudo porque ele sabia que eu odiava que ele me chamasse de "Loly".

- É fácil ser egocêntrica quando tem um cara que não largar do teu pé. – Mesmo sorriso falso, mas ele parecia próximo demais de mim.

- Como alguém poderia não correr atrás de você? – Seu rosto era mais sério e estava cada vez mais perto. Mas não era romântico ou charmoso, era intimidador. Seus olhos castanhos pareciam ver além da lente que cobria meus olhos, parecia enxergar um ponto fraco.

Quando desviei o olhar para me senti menos intimidada, enxerguei Kennedy, não muito longe dali, com uma cara de raiva explicita olhando diretamente pra nós dois. Ele parecia à flor da pele, a ponto de pular no pescoço de alguém. Mas isso não fazia o menor sentido.

- Eu estou mesmo na dimensão certa? – Soltei a frase quase num sussurro. Alex pareceu muito, muito confuso, mas eu não devia explicações pra ele. Virei de costas e fui em direção à minha sala, deixando ele sem entender absolutamente nada do que acontecia, quase tão confuso quanto eu.

Mona havia sumido desde que entramos no colégio. Disse que ia pegar alguma coisa em algum lugar. E sumiu. Meus dois primeiros períodos eram muito solitários, nenhuma das minhas amigas queria fazer cálculo ou química aplicada. Eu basicamente me sentava nas primeiras carteiras e tentava me concentrar na aula.

Meu terceiro horário, no entanto, era bem divertido. Tínhamos aula pratica de biologia, eu e Michelle. Nosso professor era fissurado, por alguma razão, em nos fazer abrir todos os bichos que podíamos. Hoje era o dia do sapo, e só de olhar pra mesa e ver eles em posição anatômica, metade das meninas da turma saíram correndo pro banheiro. Foi hilário. Pra minha sorte, minha cabeça já tinha parado de doer e já tinha me arrumado mais decentemente e eu ia poder abrir o sapo, já que a Michelle tinha certo nojo disso.

- A gente precisa ensaiar pro concurso. – Disse enquanto cortava concentradamente, com um bisturi, o fígado do pobre Will, o sapo.

- Ah, sim, também acho. – ela demorou um tempo até entender que eu estava falando sobre o concurso de bandas pro colégio. – Como vamos fazer? Alternar com os meninos? Ou vamos pedir o Eric o estacionamento emprestado? Se bem que ele e o Nick devem estar querendo ensaiar também né?

- Me passa aquela pinça ali, por favor? – Ela me entregou a pinça e eu continuei – Acho que podemos alternar com os meninos, mas to pensando no quão pouco tempo nós temos. O concurso já é semana que vem e eu tenho um bilhão de coisas pra resolver e mais um bilhão pra fazer.

- Ah, já é semana que vem? – todas nós éramos bastante desligadas da vida. – Que dia? Eu tenho uma maratona no sábado, que é muito importante pra faculdade. Me disseram que os olheiros já estão olhando desde o segundo ano e eu estou tentando me preparar pra isso.

- O concurso é na sexta, a tarde. Isso vai meio que desestruturar seus horários de treino né? – Ela confirmou com a cabeça – Eu também estava planejando uma parada na sexta, pra faculdade. Tem um evento sobre como conseguir as melhores bolsas, mas acho que vou acabar perdendo bastante disso.

- Talvez se nós conversássemos com a Sra. Williams ela nos colocasse entre os primeiros a se apresentar e ai dê tempo de a gente fazer tudo. Eu não preciso treinar muito na sexta, meu problema é o resto da semana. Meu treinador marcou os treinos até as 7, todos os dias. Você acha que dá pra gente ensaiar mesmo assim?

- Bom, se os seus pais não se importarem... O problema maior é o barulho que a gente vai fazer né? – àquela altura da conversa já tinha conseguido tirar o fígado do Will e já lidávamos com seu lindo sistema digestivo. – Talvez fosse prudente conversar com o Eric sobre isso, mas não tenho tanta intimidade assim com ele. Será que tu consegue fazer isso?

- Posso falar com ele. É, posso sim, ele é bem de boa, acho bem possível que ele deixe. – Ela olhava com um pouco de nojo pra tudo que eu estava fazendo, mas não chegava a ficar enjoada. – Tem certeza que eu vou ter que abrir pessoas na faculdade de Educação Física? Parece tão nojento.

- Se você não está afim de fazer anatomia, sugiro que mude de curso, florzinha – eu ri do modo como ela falava. Michelle era alta, morena graças ao verão e tinha os cabelos escuros e enrolados, era muito, muito bonita e fazer natação só fazia dela mais bonita ainda, além de muito forte. Não duvidaria se me dissessem que os caras fariam fila pra tentarem qualquer coisa com ela.

- Acho que vou pensar seriamente nisso. De verdade. – Nesse momento mais uma menina saiu correndo da sala com a mão cobrindo a boca, eu e Michelle caímos na gargalhada. E quando isso aconteceu e eu olhei pelo vidro do laboratório vi o John andando pelo pátio com uma garota que eu não fazia ideia quem era. Era a segunda só naquele dia e eu não estava entendendo mais nada. Nada mesmo.

Waiting For My Sun To ShineOnde histórias criam vida. Descubra agora