O meu despertador é basicamente a minha mãe passando pelo meu corredor para fazer o café. Eu não a culpo por me acordar, eu realmente tenho um sono muito leve. Mas como uma típica adolescente de 17 anos a minha procrastinação persiste por mais uns 15 minutos, que é quando o meu verdadeiro despertador toca. A música que me tira de longos e intermináveis devaneios sobre o que se seguiria no meu dia é "What's My Age Again?" Blink 182. Só posso dizer que todo o meu gosto musical vem do meu irmão, e eu só tenho a agradecê-lo.
Colégio. Segunda-feira. Ninguém merece. Não que eu não seja uma aluna aplicada. Sou uma das melhores do ano, na verdade. Apesar de ter uma banda tenho uma vontade inexplicável de fazer medicina. E pra isso, eu nitidamente preciso de uma bolsa, mas eu ainda aposto na banda, se não eu, meu irmão com certeza conseguirá alguma coisa.
Levantar da cama é a pior parte, mas depois de sair do chuveiro meu dia parece até melhor. Quando estou terminando de arrumar minha cama e colocar os materiais na mochila, escuto uma batidinha na porta.
- Lola? Posso entrar? – O que o John quer a essa hora da manhã?, me pergunto.
- Ahn, pode?! – Ele não está acostumado a perguntar. Isso soa estranho.
- Primeiro, mamãe está chamando pro café. – então veio a pequena pausa - Segundo, você acha que consegue me cobrir hoje? Preciso fazer uma coisa, com a banda, vamos numa gravadora e não acho que mamãe ou papai iam gostar de me ver faltando colégio pra isso. – John é meu irmão, um ano mais velho do que eu, e apesar de nossos pais deixarem cada um participar de uma banda diferente e até apoiarem, eles sempre disseram que "primeiro o colégio, depois a música". Eu até posso estar me esforçando, mas não existe uma segunda opção pro John, ou é música ou é música.
- Ah, o que eu não faço por você, não é verdade? – É, era verdade. Faria qualquer coisa por ele. E a banda dele é realmente boa, as músicas dele são excelentes, meu irmão é um poeta nato, e eu não poderia estar mais orgulhosa disso.
- Você. É. A. M E L H O R. Irmã. Do. Mundo. – Ele disse com os olhos verdes brilhando, vindo me abraçar.
- É, to sabendo, meu irmão me diz muito isso. – Ele riu, e eu também dei aquela risadinha fraca. – Mas como você pretende burlar a mamãe? – Ela que leva a gente pro colégio, até hoje, apesar de termos um carro pra dividir.
- Ahn... não tinha pensado nisso. – Claro que não! Às vezes parece que eu sou a irmã mais velha. Quase sempre.
- Ah, o que seria de você sem mim? – E ai veio o primeiro grito:
- John e Lola, pra mesa! – Minha mãe é um amor, apesar de exigente, assim como meu pai. Ela tem olhos verdes maravilhosos e um cabelo castanho mais que sedoso, é alta com quadris largos e, diga-se de passagem, uma fisionomia muito bonita. Ele, ao contrário, possui cabelos loiros, mas não muito claros, e olhos grandes e castanhos amendoados. Seu corpo é mais magro, mas ele é muito alto e tem um sorriso muito acolhedor.
Somos uma família bem unida e todos dizem que nos parecemos muito. Eu herdei os cabelos e corpo da minha mãe, enquanto que os olhos são do meu pai. John veio exatamente ao contrário, cabelos loiros, olhos verdes, alto, magro, mas definitivamente ele conseguiu o sorriso do nosso pai. E isso é o que faz dele um dos caras mais galinhas do colégio. Não que eu já não tenha dito que ele tem que pegar leve. Já disse. Várias vezes. Mas ele não me escuta. Nossa única regra é "nada de se meter com os amigos", nem ele com as minhas, nem eu com os dele.
Não que isso seja difícil, crescemos todos juntos. Kennedy, Patrick, Jared e Garrett são quase meus irmãos, assim como o Nick e o Eric. Minhas amigas, Mona, Michelle e Annie também estão mais do que acostumada com eles. No final, somos todos, praticamente, família.
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Waiting For My Sun To Shine
Hayran KurguArizona, 2007. Adolescentes querendo fazer música, a qualquer custo. Lola, Mona, Michelle e Annie são uma banda, John, Patrick, Kennedy, Jared e Garret são outra, todos com a exclusiva vontade de serem realmente felizes fazendo aquilo que gostam. Am...