Where do broken hearts go?

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Minha memória não costuma ser muito boa, mas eu me lembro muito bem da minha adolescência. Quando tinha por volta de 15 ou 16 anos tudo o que eu mais queria era ficar mais velha, o mais rápido possível.

Eu literalmente contava os dias pra terminar a escola, ir pra faculdade, conhecer pessoas novas, mudar de cidade...

Tem toda aquela magia de sair da casa dos pais, ser independente, decidir o que quer fazer para o resto da vida. Mas, no fim das contas, não é nada disso. O meu conselho, se é que ele vale de alguma coisa: aproveite. Tudo o que vem pela frente é drama. Muito.

Um dos piores são os relacionamentos amorosos. Ou a falta deles. Não que eu seja uma daquelas pessoas que faz tudo girar em torno disso, mas às vezes acontece de você se apaixonar e, bom, sempre da merda. O que para minha infelicidade aconteceu de novo.

- Ufa, você não tá morta!

Não satisfeito em entrar gritando no meu quarto e acendendo a luz, ele ainda arranca as cobertas que eu tanto queria que me fizessem companhia no fundo do poço pelo resto do dia.

- Hayden, sério, péssimo dia pra bancar o engraçadinho...

Eu aperto o travesseiro no rosto numa tentativa de fugir da socialização e principalmente da claridade da luz do meu quarto recém-acesa que quase me cega.

- Ouvi dizer que alguém levou um pé na bunda - ele fala em tom de brincadeira enquanto se joga na minha cama e tenta arrancar o meu travesseiro.

Hayden é o babaca mais adorável que conheço. Eu ignorei as ligações dele a manhã inteira e ele ainda se da ao trabalho de vir até meu apartamento pra ver se estou viva, no mínimo. O nosso nível de amizade é alto ao ponto de termos as chaves do apartamento um do outro e entrar sem nem mesmo avisar.

- Na verdade fui eu que terminei - eu esclareço enquanto acerto uma travesseirada na cabeça dele por pegar no meu pé.

Falar sobre o que aconteceu na noite passada é a última das coisas que pretendia fazer hoje, mas como o conheço muito bem, sei que ele não vai me dar sossego enquanto não souber do ocorrido.

- O que aconteceu dessa vez, Alex? Te liguei umas 50 mil vezes hoje!

- Eu estava na casa do Zack e enquanto esperava ele tomar banho chegaram algumas mensagens bem comprometedoras no celular dele.

- Você xeretou o celular dele? - ele tenta não rir mas fica bem óbvio que ele achou engraçado quando as covinhas aparecem.

- Não exatamente. O celular dele estava do meu lado no sofá quando as mensagens chegaram então...

- Sei - ele me encara com a expressão mais irônica do mundo - Lex, o que você esperava, afinal? Você mesma disse que sabia que ele "não prestava". Estou só repetindo o que você disse porque esse negócio de monogamia é lenda urbana, já te falei isso mil vezes.

Apesar de odiar levar lição de moral sei que ele está certo. Sempre concordamos sobre esse assunto, mas quando você começa a sair com alguém novo parece que todo seu bom senso te abandona. Dessa vez não foi diferente. Eu conheci o Zack há três meses atrás em um show e depois de um mês de encontros em todos os finais de semana começamos a namorar oficialmente. Ele era bem bonito, gostava das mesmas músicas que eu, o assunto nunca acabava e eu acabei me apaixonando. Aparentemente eu não fui a única. A tal Becca das mensagens também parecia bem envolvida quando resolveu mandar pra ele "estou com saudades, não vejo a hora de te ver amanhã <3". Até onde eu sabia o "amanhã" tinha sido reservado para passar o dia com os pais dele que viriam visitar. Mentiroso de merda. O pior é saber que meu sexto sentido estava gritando isso pra mim o tempo todo e eu resolvi ignorar.

- A gente pode NÃO falar sobre isso, Hayden?!

- Com certeza! Mas também não vai ficar aqui deitada o dia inteiro choramingando. Levanta a bunda dessa cama, vamos sair! - ele levanta em um pulo, agarra meus tornozelos e me puxa para me fazer levantar da cama.

- Nãoooo, tá doido? Sair pra onde? Só quero ficar em casa hoje e...

- Encher a cara! A única solução pra esse seu problema.

friend(fck)zone. [h.s.]Onde histórias criam vida. Descubra agora