friend(fck)zone. [h.s.]

Where are you now?

O que era pra ser um plano pra me fazer sentir melhor acabou saindo pela culatra. A parte de ter ido até o apartamento do Zack foi ok, mas falar "eu te amo" do nada foi um completo desastre.

Desde o começo do nosso relacionamento juramos um para outro que não seríamos esses casais que falam que se amam em questão de duas semanas. Essa era uma das questões na qual concordávamos sem sombras de dúvidas, que não se fala isso pra qualquer pessoa, muito menos com a mesma frequência que se diz "bom dia".

Nos últimos meses me peguei várias vezes observando coisas pequenas nele que eu gosto tanto, como o jeito que ele fecha os olhos e canta baixinho quando uma música que gosta muito começa a tocar, ou como coça a barba quando tem alguma coisa o incomodando e me controlei pra não dizer "eu te amo", por mais que o que estivesse sentindo fosse bem intenso. Mas nunca tive certeza absoluta de que esse fosse o sentimento certo, que realmente fosse amor, afinal, cinco meses é pouco tempo pra esse tipo de coisa.

E então do nada as palavras finalmente saíram da minha boca como se tivessem vida própria. Prefiro acreditar que escapou pela emoção do momento, porque não tenho nenhuma outra explicação razoável pra justificar essa situação.

Como se já não fosse constrangedor o suficiente por si só, a reação dele só me deu mais vontade de sair correndo. Ele simplesmente desviou o olhar e fingiu que nada tinha acontecido. Praticamente como se não tivesse ouvido o que eu tinha dito, mas tenho certeza que ouviu. Eu acabei entrando no jogo. Fingi que estava tudo bem e só. Depois de recuperar o fôlego fui me vestindo em etapas conforme ia encontrando cada peça de roupa em um canto do apartamento e fui pra casa trabalhar, finalmente.

Quando cheguei no apartamento, como já era de se esperar, a Amy perguntou onde eu tinha me metido e eu menti falando que só tinha ido dormir no Zack. Se contasse a verdade ela ia acabar me enchendo de pergunta sobre o Hayden e ele era o último assunto sobre qual queria conversar. Não queria falar sobre nenhum, na verdade, mas ela estava especialmente tagarela.

O Hayden me ligou mais algumas vezes durante o dia mas continuei ignorando. Não queria que ficasse um clima ainda mais esquisito entre nós dois e tenho certeza que é o que aconteceria. Só mandei uma mensagem explicando que tinha muita coisa pra fazer, por isso tive que ir embora tão correndo da casa dele quando acordei, o que por sorte não era mentira. Quando abri meu e-mail vi que tinha tanto trabalho pra ser feito que agradeci aos céus mentalmente por ter tanta coisa pra ocupar minha mente por tantas e tantas horas. Não ter tempo pra pensar em nada que aconteceu foi o ponto alto do meu dia.

O restante da semana não foi diferente. Muito trabalho, pouco tempo livre e eu ignorando os acontecimentos. Eu e o Zack nos falamos pelo celular brevemente todos os dias da semana mas nunca sobre a maldita frase que disse e que ele ignorou. Não fiquei brava por ele fazer isso, na verdade, não podia ser diferente. Se a situação fosse ao contrário provavelmente também ficaria sem ação e falar sobre o assunto seria humilhante demais.

***

- Amy, já estamos atrasadas! Falta muito pra você ficar pronta? - eu falei alto o bastante destrancando a porta da sala pra finalmente sair na intenção de apressar ela que ainda estava se maquiando no banheiro.

Desde o dia que todo mundo resolveu mesmo que se encontrar no sábado seria uma boa ideia a Amy não conseguiu parar de falar sobre isso. O Hayden chamou ela pra ir também e era como se ela tivesse sido convidada pra ir no baile com o jogador de futebol americano mais popular da escola. Ela trocou de roupa, no mínimo, umas cinco vezes até decidir qual usar e começou a se maquiar mais de uma hora antes do horário que combinamos de sair de casa e quando finalmente veio me encontrar pra sairmos ela estava linda, claro, mas exatamente como em todos os dias: delineador tipo gatinho e batom vermelho.