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-Milena? Precisamos ter uma conversa.
A moça que parecia familiar de alguma forma, começou a falar.
-Sem querer ser grossa, mas, quem é você mesmo? -a garota franziu a testa.
-É, quem é você? -Sua tia Celina enfatizou a parte final da pergunta com uma certa desconfiança.
-Aline. Será que eu e a Milena podemos conversar a sós?
-Isso realmente não é hora pra se conversar com alguém. -Celina interferiu.
-Sim, eu sei... mas é importante.
-Tudo bem tia; vou ouvir o que ela tem pra me dizer.
As duas distanciaram-se um pouco do restante das pessoas.
-Eu sinto muito por tudo que aconteceu com você. -Aline falou afagando o cabelo da jovem.
-É tudo que eu tenho ouvido desde que ele se foi.
-Você não entendeu. Eu sinto mesmo por tudo, desde o começo.
Ela de fato não havia entendido.
Foi então que Milena direcionou seu olhar para Aline.
Percebeu em seus olhos algo que não conseguiu identificar facilmente.
Parecia...
Remorso.
-Me perdoe por não ter coragem de aparecer antes, eu tive medo. Ah, meu Deus, você cresceu tanto que nem parece a mesma!
-Não me lembro de você.
Talvez a garota não se lembrasse por ela nunca estar ao seu lado.
-Eu sei que não, você nem ao menos sabe quem eu sou, não é verdade? Antes de qualquer coisa, eu só quero que me desculpe.
Se você não fizer isso agora, tudo bem... sei que não vai ser fácil nem pra mim, nem pra você; ainda mais depois de todos esses acontecimentos.
-Você quer que eu te desculpe pelo que? -perguntou levemente confusa.
Aline fechou os olhos e apenas suspirou.
-Pelo abandono.
Sem perceber, Milena deu alguns passos para trás.
-O que quer dizer com abandono? Você é minha mãe? É isso? É minha mãe?
-Eu quis te procurar antes, eu percebi a burrada que fiz. Mas veja bem, meu amor, eu era só uma garota... tão assustada quanto você está agora. Se eu pudesse voltar atrás, eu...
-Não se pode voltar atrás, Aline.
-Mas podemos recomeçar... Todos nós podemos. -Sorriu fraco.
-Como teve coragem? Eu sentia sua falta todos esses anos sem ao menos saber quem você era. Ou melhor, eu sentia falta de uma mãe.
Surgiu um brilho lacrimal em meio aos olhos de Milena, que naquele momento engasgava-se com as próprias palavras.
Aline passou a chorar desesperadamente.
-Milena, eu quero consertar as coisas.
A garota deu mais alguns passos para trás e correu.
Estava fugindo...
Assim como Aline fez há dezesseis anos atrás.

O Recomeço #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora