32 (final)

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Em um dos quartos do hospital, Isis e Fernando atuavam juntos.
A jovem ficou radiante com a ideia do garoto.
Se ela não podia sair dali, ele mesmo levaria a felicidade até ela.
A platéia não podia ser melhor.
O palco pouco importava.
As cortinas jamais se fechariam.
Aquela era sem dúvida, a cena mais linda de suas vidas.
Ele era o Pequeno Príncipe.
Ela seria sua única Rosa.
E então deram continuidade à aquela peça:

-Adeus. -Repetiu pela segunda vez.
-Eu fui tola... -Disse por fim- perdão. É claro que te amo, mas foi tão tolo quanto eu. Mas pode deixar em paz a redoma, não preciso dela.
-Mas o vento... e os bichos?
-O ar fresco da noite me fará bem, sou uma flor. E é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser ver as borboletas. Do contrário, quem me visitará? Tu estarás tão distante...

Fascinada, Arielle assistia os dois jovens encenarem até melhor do que previa.
Quem mais chamava a atenção ali, era Isis.
Estava visivelmente debilitada, mas sua dedicação era simplesmente invejável.
Algum tempo depois, o espetáculo acabou.
A garota encarou os aplausos que recebiam como uma verdadeira vitória.
-Parabéns minha filha!-Os pais de Isis assim como ela, não cabiam em si de felicidade.
-Obrigado.-Sorriu.
-Lembra que eu te disse que estávamos procurando um doador?- Sua mãe aproximou-se da cama em que ela estava deitada.
-O que? Acharam um doador compatível?
Ela assentiu, sorrindo.
Aquela foi a melhor notícia de todas.

-

Malu ainda lia todos os dias as páginas da agenda que Vinicius deixou.
Suas palavras eram bonitas, mas não acompanhavam o ritmo de suas atitudes.
Podia ser diferente, mas quando se trata de outra pessoa, as coisas se tornam totalmente imprevisíveis.
Ao menos voltaria a ser como antes, por mais confusa que a situação estivesse.
Acabou se cansando daquilo, ele não voltaria.
No meio da sua parede branca colocou a frase que mais lhe caía bem:

"Ela resolveu viver como flor, e se colorir sozinha."

Quando se tem uma amizade de verdade, não há passado mal resolvido que acabe com seu coração.

-

Isabella andava nas calçadas perdida em pensamentos.
Aquilo era costume.
Não tinha nenhum propósito real, estava ali por estar.
Ainda não conseguia aceitar ou acreditar em algumas coisas, mas o tempo encarregava-se na árdua tarefa de lhe proporcionar experiência.
Fugiu da movimentada rua, entrando numa livraria que gostava de visitar uma vez ou outra.
Observava os livros expostos ali quando um rapaz decidiu ajudá-la.
Chamava-se Tadeu e disse que começou a trabalhar no local a pouco tempo.
Por fora, parecia comum, mas havia algo nele que chamava a atenção da jovem.
No fundo, todo mundo tem um mistério que alguém quer desvendar.

-

Valentina estava naquela festa há um bom tempo.
Algumas pessoas do seu grupo de amigos a empurravam de um lado para o outro afim de animá-la.
Estranho; como aquilo animaria alguém?
Bebidas.
Cigarro.
Muita gente.
Música alta.
Aquelas coisas juntas nunca a incomodaram tanto quanto naquele momento.
Sentiu-se sozinha em meio a uma multidão.
Não demorou muito até a nostalgia tomar conta dela, talvez agora entendesse o porquê de Vinicius ter ido embora.
Qualquer um tem uma raiz, e ele era a dela.

-

Julia finalmente havia acabado de colocar alguns dos seus pertences na última mala.
Parecia já ter vivido aquele momento, só que agora doía um pouco mais.
-Eu até que vou sentir falta daqui... -Beatriz disse, passando o braço em volta do pescoço da irmã.
-Eu também.
-Vou pro carro, quando estiver pronta, fica comigo lá, tá bom? Não quero ficar esperando nossos pais sozinha. -Riu.
Ela assentiu e ficou ali por vários minutos até que, cansada, resolveu sair.
-Achou mesmo que eu ia te deixar ir embora sem se despedir de mim?-Arthur surgiu ofegante em sua frente, acompanhado por Amanda.
-Gente, desculpa. É que se despedir é tão...
-Isso aqui não é um adeus, é um até logo.-Amanda interferiu a puxando para um abraço desajeitado.
-Ela tem razão, mas enquanto esse até logo não termina, vou sentir muito a sua falta.
As garotas se desvincularam, dando espaço para o abraço de Arthur.
Aquilo ainda era uma despedida.
Ela ainda sentia vontade de chorar.
Mas agora, era diferente.
Os três jovem ficaram juntos por algum tempo, até Carla resolver apressar a filha.
-Tenho que ir.
Aquelas três palavras misturadas ao barulho da buzina, fizeram o coração do garoto ficar apertado.
Olhou por alguns instantes para Amanda com um sorriso.
E por fim, dirigiu-se até Arthur.
-Não se preocupa...Eu ainda te amarei amanhã.

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