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Isis acordou tão fraca naquela manhã que não conseguiu ir para o colégio, e era exatamente isso que temia.
Pelo visto também não  poderia ensaiar a peça nesse estado e isso seria a decepção de Arielle.
Mas esse não era seu maior problema.
-Meu amor, quer alguma coisa?-Denise foi até a filha. Estava totalmente preocupada, mas achava melhor esconder isso de Isis.
-Não, mãe... obrigada.-Forçou um sorriso nada convincente.
-Acredite, vai ficar tudo bem. Sabia que já estamos procurando um doador compatível?
-Eu te amo, muito mesmo! Mas agora eu não sou uma criança e sei quando as coisas não estão indo muito bem.
-Filha, tudo na vida tem um propósito, com você não seria diferente.
A garota não pôde deixar de pensar naquela frase, Denise estava coberta de razão.
Estava pensando exatamente nisso quando foi tomada por uma náusea.
O médico havia lhe advertido sobre alguns incômodos desse tipo.
-Melhor descansar. Se precisar de alguma coisa é só me chamar, ok? Vou preparar o almoço.
Ela assentiu, observando a mãe sair de seu quarto.
-Não importa o quanto a vida esteja ruim, algo sempre pode melhorar.-falou pra si... somente para si.

-

-Eu preciso falar com você. -Julia disse após depositar um breve beijo nos lábios de Arthur.
-Pode falar. -Sorriu.
-É que, vou voltar a morar na minha antiga casa e...
-Então quer dizer que vai ficar longe de mim?
A garota assentiu sem dizer nada e logo depois deu um longo suspiro, na tentativa de acalmar-se.
-Nunca pensei que você pudesse significar tanto pra mim. Com o tempo, aprendi que palavras vazias não possuem valor algum, e por isso faço questão de mostrar o que sinto.
Aquilo deixou Julia sem saber ao certo o que dizer.
Também, nem precisava.
Palavras são palavras, elas constroem poemas, e não amores.
Afinal, um relacionamento baseado nelas não tem estrutura para suportar um sentimento maior.
-Hoje eu entendo por que não deu certo antes... É que se não fosse você, não seria ninguém.
E dito isso os dois ouviram o barulhento sinal do colégio, então dirigiram-se para a sala de aula.

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Num canto qualquer, Valentina interrogava Isabella e procurava respostas para a fuga do irmão.
-Não acredito que o Vini fugiu! -Disse, pasma com a notícia.
-Eu acredito, sei como é meu irmão... mas ele podia ao menos falar comigo.
-A Malu deve saber de alguma coisa.
-É verdade! Estou tão agitada que não consigo raciocinar.
-Parece que o Vinicius tem mesmo o dom de machucar quem gosta dele, né?
-Já dizia Renato Russo: Amar é arte, e nem todo mundo é artista.
Isabella deu de ombros e permaneceu imóvel no mesmo lugar, queria mesmo acreditar que aquilo era uma mentira, ou mais uma de suas fugas repentinas em que ele voltava dentro de alguns dias.
-Como estão seus pais com essa situação?
-Estão como sempre... nem aí. Era isso mesmo que eles queriam, sabia? Nem precisaram pôr o Vini pra fora por que ele fez isso por conta própria. E é uma pena não ter me levado junto...
-Pelo menos teve um pouco de juízo.
Valentina sacudia uma das pernas, fazia isso quando ficava nervosa.
Só esperava que tudo aquilo acabasse bem.

O Recomeço #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora