Capítulo 4

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-Bem, a nossa é muito complicada e perigosa, nem todos chegam à velhice, como eu e, aqueles que o fazem, fizeram um sacrifício quando novos, muitos não duram mais que duas décadas, por vezes chegam às três décadas! - Começou a velha senhora, observando a neta que bebia as suas palavras, mas com um certo cepticismo. - No início éramos muitos, mas, neste meio século, as forças das Trevas têm conseguido suplantar-nos aos poucos e fomos reduzidos a um punhado de gente, que sabe e luta contra o que, realmente, há de mau, por este mundo a fora! A maioria das famílias de Caçadores, foi extinta! Eu cheguei à minha idade, porque retirei os poderes do meu corpo, quando o teu pai nasceu e entreguei-os à tua mãe, quando eles anunciaram o noivado!
>A tua mãe era algo, também raro, uma Nephelim, mas, isso não lhe chegava, para se proteger, se queria juntar-se ao teu pai e ajudá-lo, naquilo que ele fazia, precisava dos dons de um Caçador de Trevas!
>Quando os dois faleceram, durante uma caçada a um ninho de vampiros, fiquei destroçada, sempre pensei que seriam eles que venceram a Batalha do Fim do Mundo!
>Fiquei contigo, tinhas apenas três anos e já demonstravas um grande poder, tão grande era o dom em ti, que me vi forçada a ir a um Coven, para que colocassem um feitiço de supressão do dom em ti! Além de este ser perigoso para ti, em tão tenra idade, funcionava, também, como um farol, para todas as criaturas com mal a correr nas suas veias e nas suas almas! Mesmo sem o meu dom, protegi-te da melhor forma que consegui e tu tornaste-te uma bela mulher, não haja dúvida. O feitiço de supressão terminou, quando o dom da nossa família acordou em ti!
>Eu sou só uma velha e já não possuo dons, apenas a história daquilo que se passou, o que é mais que muitas crianças da nossa família alguma vez tiveram! Procura o Coven Mandragoras e pede para falar com alguém da família Dias, os destinos das nossas duas famílias estão intricamente ligados! Ela pode ajudar-te!

-O meu pai pediu-me, na carta, que encontrasse a Esmeralda Dias! - Informou Safira, recebendo um riso, inesperado de resposta.

-O teu pai era extremamente inteligente, Esmeralda é, apenas, cinco anos mais velha do que tu e deveria de ser um bebé, quando ele escreveu a carta! Mas sim, é melhor que a encontres, ela pode ajudar-te a dominares e compreenderes o teu dom!

-Obrigado avó!

-Não te esqueças, deves impedir a Batalha do Fim do Mundo, Oi então garantir que a vences! Das três famílias que lutam essa batalha, só uma consegue invocar o exército e os aliados desta luta!

-Qual delas? - Perguntou Safira preocupada.

-A Espírito! Na Batalha do Fim do Mundo, só um Spiritum Invocuom consegue invocar os aliados e o exército! Acontece que, ninguém sabe onde está o último elemento desta família, os pais morreram e ele foi dado para adopção! Ainda tentei ficar com ele, mas que assistente social daria a guarida de uma criança a uma velha viúva, já com uma neta para criar? Além disso, os vossos dons combinados, atrairiam ainda mais monstros e almas do que tu sozinha e eu não tinha os meus poderes para proteger uma, quanto mais duas crianças!

-Então, o que tenho que fazer, primeiro?

-Tens que encontrar a Esmeralda e se ela for como a mãe dela, já estará à tua espera! Domina os teus poderes! Procura o desaparecido e evita a Batalha e vai caçando pelo caminho! Torna este lugar um pouco melhor, para todos nós!

-Obrigado avó, nem sei o que faria sem ti!

-Oh! Safavas-te bem! O destino tem maneiras de fazer com que as nossas famílias se juntem e cumpram os seus propósitos!

-Obrigado avó! Vou-me pôr a andar, amanhã, venho visitá-la!

-Não creio, minha querida!

-Como assim, Vó?

-Bem, é só algo nos meus ossos que me diz que, vais estar longe, por muito tempo! Mas ficarei sempre a torcer por ti!

-Eu sei Vó, e também te amo muito!

As duas despediram-se e Safira dirigiu-se para casa, lembrando-se do estranho encontro com Esmeralda, alguns meses antes, foi à procura do cartão que ela lhe dera. Quando, finalmente, o encontrou, agarrou no seu telemóvel e marcou o número, a chamada foi para ao voice mail. E qual não foi o seu espanto, quando a mensagem de boas vindas do voice mail de Esmeralda era dirigida a ela, pedindo-lhe, que se encontrasse com ela num endereço nos arredores de Lisboa às três em ponto.

Safira olhou para o relógio, verificando que ainda tinha tempo, mas com tantas coisas à acontecer, decidiu fazer uma mal, pois, independentemente, daquilo que Esmeralda lhe dissesse, ela tinha decidido, ir para a sua casa em Sines, para tentar compreender, um pouco mais sobre a sua família.

Quando o relógio bateu as duas e meia, Safira entrou no seu Opel Corsa, estacionado na garagem subterrânea e dirigiu-se ao endereço dado pela mulher, colocando-o no GPS, para não se perder.

Ao parar o carro, onde o GPS indicava, ficou abismada, por se ver em frente à uma mansão, isolada, de estilo vitoriano, com altos muros de pedra, e um portão de ferro gradeado, aproximou-se do portão e tocou à campainha, com intercomunicador e câmara de filmar:

-Quem é? - Perguntou uma voz incorpórea masculina, através do aparelho.

-Safira Luz, creio que a senhora Esmeralda está à minha espera! - Respondeu ela.

-Entre e dirija-se ao salão, por favor, não pise a relva!

Os portões começaram a abrir-se, lentamente, assim que houve espaço, Safira passou por eles, que se começaram a fechar imediatamente após a sua passagem.

Nada podia ter preparado Safira para o que ela ia encontrar no interior dos muros, um jardim bem cuidado, e planeado, como se um paisagista tivesse ordenado aquilo, mas o mais assustador eram as pequenas e grandes criaturas bizarras, que por ali passeavam, criaturas que pareciam ter saído de um conto de fadas, algumas causavam-lhe medo mas outras davam-lhe uma incrível sensação de paz e segurança ou uma alegria extasiante, por isso, apressou o passo, até chegar à porta da casa vitoriana.

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