Capítulo 1- My Life

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Abro uma fisga da persiana, e posso logo notar que parece estar um dia lindo. Mas isso já não me afeta.

Basicamente não saio entre destas paredes rachadas. Prefiro estar sozinha com o monstro que vive em mim. Monstro? Mais um demónio! Alguém me dizia que a única coisa que nos pode destruir, somos nós mesmos. Mas também alguém dizia que todos nós temos uma alma. Mas nem todos... Eu tenho? Eu acho que nem por isso. Ainda me lembro dos dias que ainda era uma rapariga normal ... mais ou menos ... para ser sincera eu não era lá muito melhor do que como sou agora ...



Uma manhã normal, para uma rapariga normal. Quem me dera que não fosse mentira. Sim porque como óbvio uma rapariga normal acorda num canto da sua casa, e quando vê bem o estado dela, até reconhece que terá havido alguma festa ontem. Sim porque pessoas desconhecidas em cada canto da minha casa, é normal, a quem não acontece isso?

A minha enorme dor de cabeça faz com que já nem queira saber mesmo o que se passou, e mandar esta gente embora. Decido então expulsar todas as pessoas sonolentas da minha casa, e decido arruma-la. Enquanto arrumo oiço o meu toque de mensagens, decido ignorar, mas como oiço novamente decido ir ver quem seria.

"Liga-me!" Diz uma das mensagens. E assim decido faze-lo.

- Bom dia Jen - diz uma voz do outro lado muito alegre. É o Jason.

- Bom dia - digo com a melhor voz alegre que consigo.

- Queres ir a praia? Hoje o dia esta lindo!

- Mas hoje não ias trabalhar? - questiono-o quando já começo a ir ao meu quarto a pensar na roupa que poderei vestir.

- Folga- diz a rir-se

- Dás-me meia hora?

- Já está a contar

Desliga-me e já retiro a roupa que irei usar.

O Jason não faz ideia do meu outro lado mais obscuro. Ele está habituado ver-me sorrir e fazer piadas. É como se tivesse dois mundos diferentes. Um em que és mesmo tu próprio, outro em que escondes quem és. Eu odeio quando as pessoas pensam mesmo que me conhecem, mas na verdade não. Acho que cada um de nós tem o seu lado menos mostrado, talvez para se proteger.

Já estava na praia a espera do Jason. O Jason é a pessoa mais atrasada que alguma vez conheci

Decido então sentar-me na areia, e fico a hipnotizada no mar calmo.

Por surpresa minha, alguém tapa-me os olhos.

- Não vale a pena!- digo antes de ele começar a brincadeira do 'advinha quem é?'

- Sempre tão mazinha esta Jen- diz sentando-se ao meu lado.

- Eu não estou a ser mazinha! Estou a ser uma adulta ao contrário de ti.

- Isso não quer dizer que não te divirtas!

O Jason é mesmo aquele género de rapaz que não se encontra logo ao virar da esquina. Não é daqueles que gosta só brincar com os sentimentos das raparigas, ou que goste meter-se em confusão. Ele é igual a mim nesse aspecto. O que nos diferencia é a vontade de viver a vida.

Eu já nem me lembro como é que fiquei amiga dele. Foi de repente! Eu era amiga do irmão dele ... espera ainda não disse que ele tinha um irmão!...Sim tem, chama-se James e têm um ano de diferença, ele é mais novo. O irmão dele é futebolista no Sport Lisboa e Benfica, e namora com uma das minhas melhores amigas. Continuando ... eu era amiga do irmão do Jason, e com o tempo começamos a falar imenso.

Ele e o irmão eram muito próximos do meu grupo de amigas. Até que o James começou a namorar com uma amiga minha, e o Jason gostava de uma outra das minhas amigas, e também foram pelo mesmo caminho.

Alguns meses depois disso a minha mãe morreu. Foi muito duro para mim ... ainda é ... e ele foi quem me ajudou mais. Mas por vezes eu estava com medo que ele afasta-se de mim, não sei porquê. Nós tínhamos criado uma amizade que só de pensar que um dia poderíamos parar de nos falar, era como se perde-se uma parte de mim. Mas nada disso aconteceu. Nos passávamos madrugadas a falar e a falar. Eles namoraram 4 anos, até que ela mudou-se para Londres. Foi muito duro para ele. E eu ajudei-o a ultrapassar... mas mesmo eles acabando, o nosso grupo não foi destruído, e eles dois ainda são bons amigos, felizmente.

Eu tenho mesmo saudades destes amigos ...

A Madison está em Lisboa, é a namorada do James. Devido do James jogar no Benfica mudaram-se para lá, e deu oportunidade à Madison ir para novas áreas.

A Caroline foi para Nova Iorque a seguir o seu sonho. Mas nunca perdi o contacto com ela.

A Beatrice foi para Londres(ex do Jason) a estudar artes, o que ela mais adora.

Sim éramos só nós. Eu, Jason, Madison, Caroline, Beatrice e James. E mesmo com a distância falamos todos os dias. Mas nenhum deles sabe como eu tenho estado. Nenhum deles sabe as parvoíces que tenho andado a fazer. Eu própria sei que está errado, mas não consigo evitar.

Passámos a manhã na praia, como sempre, nós dois a fazermos asneiras ou como o Jason diz "viver a vida"!

Eu e o Jason decidimos ir a almoçar ao restaurante que está perto da praia. E depois, fomos para casa dele ver a nossa série favorita Prison break. Já é a 5ª vez que a vemos e não fartamos-nos.

- "Be the change you want to see in world" - Diz Jason citando uma frase da série. E eu sorrio a olhar para ele - Vês, fiz-te sorrir- diz-me ele dando-me com cotovelo

- Eu estou sempre a sorrir- minto sem piedade

- Mas raramente mostras um sorriso sincero - diz ele a olhar com o seus olhos azuis para mim - Não te esqueças que eu já te conheço há imenso tempo Jen, o que se passa?

- Nada - tento sorrir- Está tudo bem, como sempre.

- Jen pára de me mentir. Foi um rapaz? É preciso partir-lhe a boca? - com isto solto uma pequena risada

- É só cansaço nada mais- digo tentando por uma cara sincera, e acho que ele acreditou.

Continuamos a ter as nossas conversas, até que ele convida-me para ir a uma festa com ele. Eu não sou lá muito de festas. Prefiro estar em minha casa a ver alguma série, ou ouvir música. Mas o Jason é mesmo persistente e convenceu-me a ir, felizmente é só para a semana.

Passámos o resto do tempo a acabar de ver a série, enquanto a minha cabeça enche-se de dúvidas sobre ir à tal festa. Porém não consigo estar desatenta quando o Sucre, uma personagem da série, aparece. Eu gosto mesmo desta série. Fala de várias formas de liberdade. Como conquista-la ou dar a alguém que mereça. Eu gosto da ideia da liberdade em suicídio. Quando já não vês mais liberdade em nenhum sítio, nada melhor que sair deste labirinto em que vivemos e ir para um lugar melhor, eu acho.

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