Capítulo 8- Dark,Cold and Sad

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Por vezes apetece-me agarrar nas minhas coisas, e ir-me embora desta cidade e nunca mais voltar. Mas na verdade não iria fazer grande diferença. Dentro desta casa, sinto-me fora do mundo. É um beco, que ninguém ainda o descobriu. Escuro. Frio. Triste. Mesmo ouvindo o barulho do exterior, é como aqui dentro o barulho fosse suprimido. E isso agrada-me.

A quem não agrada? Sabe tão bem ter o nosso próprio refúgio ... e tenho sorte de ter o meu, sem ele já estaria o meu pescoço naquela corda.

Alguém já pensou que somos prisioneiros da nossa própria identidade, vivendo em prisões que nós mesmos criamos. Talvez queixamos demais sobre as coisas, que na verdade a culpa é nossa, e de mais ninguém!


Acordo com um luz que me impede ver o meu quarto. Sinto-me estranha e insegura, mas quando a minha visão se ajusta a luz, reconheço logo que este não seria o meu quarto. Entro em pânico por instantes, tento agarrar na minha roupa interior, pois estava nua, e visto-a o mais rapidamente possível mas silenciosamente antes que acorde o rapaz que está ali a dormir que nem uma pedra. Vejo o meu reflexo em um pequeno espelho que estava neste quarto. Os meus olhos estão inchados, o meu cabelo está despenteado, tenho a minha maquilhagem borratada, basicamente estava num caos. Tento reconhecer de quem será este quarto, e como algumas coisas nele são me familiares. Fico espantada quando vejo uma pequena foto de dois irmãos. O Jason e o James nesta altura ainda eram adolescentes, rebeldes e livres. Quando vejo-o a mexer-se suavemente sobre a cama ainda insonado tento ir-me embora sem que ele se aperceba. Eu não quero saber o que se passou na noite passada, ontem devo ter bebido a mais e apaguei por completo, só espero que ele não se tenha aproveitado disso para fazermos sexo. Eu sei que ele não seria capaz de fazer isso, mas neste momento estou muito confusa e preciso sair desta casa rapidamente.

Fujo daquela casa o mais longe que posso. Sinto que estou a correr como se tivesse a ser perseguida por alguém e quero me esconder, mas sinceramente quero me esconder da verdade. As minhas pernas trazem um peso de memórias negativas e de sentimentos que não quero sentir, por isso decido parar por um momento, quando me apercebo que estou perto do meu local favorito da praia. Ninguém gosta de vir aqui, preferem ir onde existe areia e um mar mais seguro. Pois aqui já teriam morrido algumas pessoas devido do mar ser tão agressivo. Mas isso não me impede de vir cá, é tão sossegado que finalmente as minhas vozes se calaram só para ouvir o barulho do mar a bater nas rochas. Ás vezes agressivamente, noutras nem tanto, mas sempre sabe bem ouvir. O meu corpo arrepia-se quando olho para o horizonte do oceano, seria misterioso e obscuro, exatamente como eu. Levanto-me instantaneamente para aproximar-me do mar. Sinto que aquele mar estaria a chamar-me constantemente, e assim o segui, sem receio de uma onda levar-me para a terra do além ou o facto de a água estar gelada por ainda não ser verão. Nada disso era o suficiente para mim, eu precisava disto, precisava de sentir o perigo.

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