Capítulo 7- Darkness

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Dizem que o tempo cura tudo. Mentira! Uma das maiores mentiras que poderão dizer. Aqui está um exemplo: Alguém está a sofrer por amor, aí sim, é verdade, mesmo que pareça que falta-te algo na vida, mas irá passar com o tempo. Mas quando é a morte de alguém que amas, a dor não passa, aprendes a viver com ela. Eu aprendi ... mesmo que tenha os meus piores momentos, aprendi a sorrir sem vontade.

É curioso saber que sou uma pessoa obscura. Mas ainda mais curioso é saber que o significado de escuridão é muito relativo. Escuridão é ausência de luz. Não se pode ver a escuridão. Escuridão não pode ser explicada. Escuridão só aparece quando tudo o resto desaparece. Escuridão é nada ... então escuridão é tudo.


Está uma linda noite quente, então decido ir para um parque deitar-me sobre a pouca erva e olhar para as estrelas. Há dias que simplesmente tenho a necessidade de sair daquele pequeno apartamento velho e relaxar. Não é algo que faça frequentemente, mas adoro fingir que desapareço por uns instantes.

Passavam lentamente um grupo de pessoas perto de mim. Por vezes eram casais, noutras uma família feliz, e ainda pequenos grupos de amigos. Todos eles olhavam para mim com arrogância, talvez pensariam que era uma maluca, mas estava tão bem ali sobre aquele lindo céu cheio de estrelas que nem me importei.

Mas esta calma não durou muito. Um grupo de pessoas estavam aproximar-se de mim. Riam-se alto e assobiavam, simplesmente decidi ignorar. As pessoas da aldeia chamam-lhes "o perigo", mas eles não são realmente perigosos, simplesmente divertidos. No meio deles estaria o Peter, um conhecido meu que me vende droga.

Questionaram-me se queria ir divertir-me com eles, e sem pensar duas vezes aceitei. Levaram-me para um festa um pouco doida de mais para mim, e consumimos droga discretamente. Continuamos assim por algumas horas. Drogas, álcool, sexo, era o típico de festa para uns rebeldes como eles. Mas o lado negativo de andares com alguém como eles, é estar sempre a arranjar problemas.

Quando já estaria toda a gente farta daquela festa, uma ideia surge, que me deixa nervosa. Ideia essa de irmos a assaltar uma pequena loja, onde já estive a tentar arranjar um emprego. De início não achei boa ideia participar neste assalto, mas quando dou por mim já estaríamos à frente da tal loja com a porta arrombada.

-Queres mesmo fazer parte disto? - oiço o Peter, mas não lhe respondo. Sinto-me desconfortável, por isso decido estar um pouco afastada desta situação. Fico a observar o que faziam.
No silêncio da noite soa-se uma sirene. Tudo começa a ficar exaltado, e começam a fugir em direções contrárias.

- Anda Jennifer, eu levo-te daqui! - diz-me o Peter agarrando na minha mão, e puxando-a para fugirmos.

Em questão de segundos, já não se vê ninguém do grupo, só eu e o Peter. A polícia estaria cada vez mais perto, e enquanto tento fugir, percorrer nas minhas veias uma adrenalina que nunca senti. Esta adrenalina parecia fogo que estaria no meu interior a queimar-me, mas estava a gostar desse sentimento.

- Merda! - grita o Peter, enquanto um conjunto de carros da polícia pára a nossa frente. Ainda tentámos fugir pelo lado inverso, mas já não valia a pena.

A viajem para a esquadra foi rápida, e começaram a fazer um interrogatório antes de eu ser supostamente presa.

- Eu não roubei nada! - digo sendo sincera com esperança que não me prendessem.

- Ela está a dizer a verdade! Fui eu! Ela não teve nada haver com isto! - diz o Peter protegendo-me.

- A miúda está a dizer a verdade - diz um rapaz na casa dos 40, enquanto entra na sala, e olha atentamente para mim - Deixam-na ir - diz aos polícias que estariam a fazer o interrogatório - E tu rapaz, podes vir comigo - e deixo de ver o Peter, e algo me diz que não irei vê-lo futuramente.

- A menina está bêbada, não podemos deixa-la ir assim! Tem algum familiar que a possa vir buscar? - questiona-me olhando-me de lado, o que me faz ficar irritada.

- Eu não preciso que ninguém me venha buscar, não sou menor! Por isso podem-me deixar ir sozinha!

O senhor polícia parecia que ia dizer algo, até que ser interrompido por um dos seus colegas dizendo que chegou um rapaz que me veio buscar. Fico confusa, as únicas pessoas que me viram entrar no carro da polícia foi o Peter e uns miúdos mimados que estariam lá a passear no momento que entro no carro da polícia.

Fico a espera impaciente para que saía da porta o tal rapaz, até que aparece, com grande surpresa minha, o Jason.

- Merda - digo baixinho

Os polícias deixam-me ir, e sigo para o carro do meu melhor amigo. Tento evitar contacto visual, e então fico calada durante a viagem toda.

- Porque estavas com eles? - questiona-me quando estaciona o carro.

- Jason, não digas nada okay? Não quero ver o teu lado super protetor a dizer que não devia andar com gente assim! Mas na verdade eles são melhores do que os teus amiguinhos mimados! Sabes porquê? Porque lá cuidam-se uns dos outros, podem ser rebeldes, e fazer muita merda, mas são leais aos seus! - saio do carro furiosa.

- Jen! - chama-me antes que eu me vá embora.

Sai do carro apressadamente atrás de mim, até que se aproxima, e dá-me um abraço.

- Estava tão preocupado contigo - diz ainda envolvendo-me nos seus braços

- Não precisas ... como descobris-te?

- Foi a Sarah que me disse - diz referindo-se a sua amiguinha. Ainda por cima a pior delas. É uma cabra essa rapariga! Não percebo porque ela foi a dizer isso ao Jason, para que intenções?

Quando ia-me embora apercebo-me que perdi as chaves de casa, e o Jason não exitou para convidar-me para dormir lá em casa. E assim fomos, já não seria a primeira vez que dormia lá. Ambos sabíamos que já era muito tarde, mesmo assim ficámos pela noite fora a falar, com álcool a mistura...

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