Capítulo 12- Shit

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Seria a minha segunda semana neste novo emprego. Sinto-me perdida com tudo do que se está a passar. Ainda há poucas semanas estava a desejar a minha própria morte, e agora estou finalmente a trabalhar. É como se o universo estivesse a dar-me uma oportunidade, mas o universo não consegue mudar quem sou. Eu e o Jason já tentamos reconciliar sobre a discussão das drogas, mas constantemente estamos desacordo e começamos a discutir, quase tornou-se um hábito ... um mau hábito. Porém, continuamos sempre juntos, ao menos isso, se não fosse assim não conseguiria orientar-me. Mesmo tentado viver nesta aldeia, é complicado, eu não me sinto bem aqui. Apetece-me mudar de cidade, ou até mesmo de país! Mas isso implica dinheiro, e só o que tenho agora, nem daria sequer para ir ao super-mercado.

Tento chegar a horas ao café, mas ainda é um pouco longe de onde vivo, e tenho de ir sempre a pé. Quando vou a caminho, acelero o passo e fico concentrada na musica que saí dos meus fones, ignorando os olhares das pessoas. Eu hoje só faria a parte da tarde, o que é bom, porque não gosto acordar cedo. Quando chego ao café, entro na zona dos empregados, e visto um género de bata e apanho o cabelo. E assim passo uma tarde a trabalhar, lançando falsos sorrisos para as pessoas, e servir o que pedem.
Fico distraída por uns instantes quando as pessoas no café teriam ido embora. Ficara a pensar na minha ideia maluca de sair desta aldeia, mas no fundo sei que não iria dar em nada.

- Um café por favor - diz uma voz masculina que me impede que tenha um pequeno intervalo. Enquanto tiro o café, fico a pensar que a voz era muito familiar, até porque nem olhei para a cara do homem. Mas quando me viro, vejo o Jason com um sorriso chapado na cara.

- Aqui tem o seu café - trato-o formalmente quando lhe dou o café. Ele fica a sorrir para mim, e então tento fingir-me ocupada para evitar conversas sem sentido.

- A que horas sais? - pergunta acabando o seu café.

- No final da tarde, porquê? - pergunto só para fazer conversa, mas entretanto aparece mais gente no café e atendo-os.

O Jason parece desconfortável em estar ali naquele café, não percebo o porquê até ver o Peter. Eu sei que o Jason tem um género de ódio por ele, por isso faço-lhe um sinal que pode ir embora. Despedimos-nos só com olhares e continuo o meu trabalho.

O café estaria a encher-se cada vez mais com pessoas do género do Peter, e isso intimida-me um pouco, mas tento lidar com isso.

- Jennifer, fazes-me um favor? - diz-me o Peter pegando no meu pulso, o que detesto. Tento largar-me mas sem sucesso.

- O que queres? - digo com arrogância

- Posso tirar algum dinheiro da caixa? - pergunta descaradamente, e fico surpreendida. Tenho a certeza que este grupo de pessoas drogadas, só vieram cá a assaltar o café, mas como sou eu que estou no balcão, as coisas não correram tão bem. Claro que não iria deixar que eles tocassem na caixa, mas receava que alguém me magoasse devido a isso.

- Por favor não me faças fazer isso - digo sincera - Tu sabes que este é o meu primeiro emprego, Peter.

- Jennifer, percebe o que se passa! Tu percebes o que nós sofremos, o Jake já nem tem dinheiro para alimentar a filha! Por favor, só uns 200 euros! Tão aqui pessoas quase a morrer a fome, ao frio, tem misericórdia! - fico confusa ao que fazer, eu sei que é errado ignorar isto, mas é errado dar o dinheiro à mão beijada. Olho para a caixa fechada mais uma vez. Oiço o Peter a implorar repetidamente, e finalmente abro a caixa, e retiro de lá 200 euros.

Fico com um grande peso na consciência por causa disto, mas entretanto chega a minha patroa. Fico nervosa, com esperança que não abra caixa. Começa a meter conversa comigo, fala como estou a aceitar bem este emprego e diz que hoje posso sair mais cedo. Isso agradava-me, se não tivesse feito merda. Quando continua a elogiar-me, fico fixa na caixa, até que finalmente faz o que eu mais temo. Abre-a, e penso que ela não teria achado falta o dinheiro que já não estaria lá, erro meu, começou a conta-lo umas 5 vezes, secalhar para ter a certeza que não se teria enganado.

- Roubas-te-me o dinheiro? - diz escandalizada, fico sem saber o que fazer, dizer a verdade ou fingir de despercebida.

- Eu ... - tento falar, quando me interrompa a gritar que estaria despedida. Vou-me embora sem sequer tentar justificar-me, e penso e nunca mais voltar cá.

Quando finalmente consegui um emprego teve de acontecer esta merda. Para ajudar esta situação, recebo uma mensagem do Jason a perguntar o que eu fiz para ser despedida, não sei como ele soube tão rápido, mas tento ignorar a mensagem dele. Ele está descontrolável . As coisas entre mim e o Jason não estão a melhores. Desde que ele voltou a ser protetor comigo tudo mudou! Ficámos estranhos um para o outro, e o pior discutimos todo o tempo. Eu gosto dele e não queria que as coisas chegassem a este ponto, e ... eu não sei como resolver isto tudo... para além de ter sido despedida do meu único trabalho... eu só tenho problemas aqui ... por isso estou a pensar seriamente em seguir aquela ideia maluca. Preciso sair daqui. Talvez Nova Iorque,onde está a Caroline, acho que as colegas de apartamento não iriam importar-se. Ou Londres, a Bea iria adorar que a visita-se. Ou algo mais perto, Lisboa, já algum tempo não vejo a Madison e o James.
Não importa o local que escolher, eu irei fazer as malas e ir-me embora sem olhar para trás. Não irei despedir-me do Jason, ele iria tentar mudar as minhas ideias. Esta é a maneira mais certa de fazer as coisas. Eu sei que é. Finalmente irei largar-me destas correntes que me estão a prender à demasiado tempo.

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