Capítulo 19- Are you ready?

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Já passou 1 mês.

1 mês em que o Jason descobriu a verdade. 1 mês que ando acompanhada por um psicólogo. 1 mês que não entro em minha casa. 1 mês que a Bea já me devia ter levado desta cidade.

Hoje vou dar um passo muito "importante" - palavras da psicóloga - Vou entrar na minha casa, e tentar voltar ao normal da minha vida ... mais ou menos, porque ainda vou ser acompanhada por um psicólogo frequentemente.

Estou mesmo à frente da minha casa, sinto nervosismo mas continuo a andar até as escadas. Cada degrau era pior que o outro, sento que não consigo respirar e quando chegasse ao fim da escadaria iria estar sufocada. Mas o Jason e a Bea estavam ali ao meu lado, estaria segura com eles, mas não comigo.

O Jason põe-se a minha frente para abrir a porta e oiço "estás pronta?", e assinto com a cabeça. Dou o primeiro passo dentro da minha casa e o meu coração bate cada vez mais. Parecia que tinha levado um tiro, e não conseguia prosseguir mais, mas agarrei em todas as forças que os meus amigos me deram e estava disposta em chegar ao meu quarto.

A primeiro impressão que tive foi desespero que se tornou em conforto aos poucos.

Garrafas de álcool num canto, cigarros na mesa, comprimidos nas gavetas. Tudo como eu o deixei ...

Reparo que tenho um charro num canto da mesa, então começo a fuma-lo. Por momentos penso "porque?" mas ao ver todas as marcas na minha parede, faz me lembrar todas as dores que senti neste quarto. Disseram-me para voltar ao normal ... mas este é o meu normal...

- Jennifer?- Diz o Jason ao entrar no meu quarto. De início está confuso mas muda logo o seu estado para furioso.

- Para a próxima bates à porta!- refilo. Ele repara que eu estava a fumar , e ficou logo a observar-me como se eu fosse uma delinquente.

- Tu não percebes pois não? -diz-me tirando-me das mãos o charro.

- Tu é que não percebes que esta sou eu!- berro.

- Esta não és tu!! Acabas-te de sair do hospital e estas a fazer outra vez merda!

- Achas que isto é alguma coisa? - enervada como estou agarro numa lâmina que estava escondida numa gaveta, e direciono-a ao meu pescoço.

Por impulso ele tira-me a lâmina da mão com brutidade, e com o nervosismo todo dou-lhe uma estalada. Reparo que cortei-lhe o dedo, mas não digo nada e corro para a casa-de-banho do meu quarto, fechando a porta com tanta força que poderia sentir um pequeno tremor.

- Jen! Jennifer abre!- diz-me ele ao bater na porta enquanto eu simplesmente encosto-me à parede a chorar - Jennifer por favor! - ele começa a tentar arrombar a porta. Até que eu a abro. Ele entra e vem até mim.

- Jennifer pára! Simplesmente pára! Olha o que estás a fazer a ti própria! - diz pegando no meu rosto molhado pelas lágrimas. Ele faz-me olhar no seus lindos olhos, e neles vejo desilusão. Eu não consigo pronunciar nem uma palavra, por isso faço a melhor maneira que eu sei manifestar... abraço-o.

Ele não diz nada, ficamos ali os dois abraçados. Também não é preciso palavras. Basta aquele abraço para dizermos tudo do que estamos a pensar...

Chego à conclusão que ainda não estou preparada para voltar a esta casa. Esta casa tem demasiadas feridas que não conseguirei aguentar a dor.

A dor é algo que faz parte da minha vida há tanto tempo e eu não quero! Nem posso deixar voltar a acontecer, tenho que tomar conta de mim, e que a única dor que eu sinta, seja a dor de barriga de tanto rir, estou pronta para o próximo capítulo da minha vida, mas tenho medo das memórias, dos momentos, de tudo....tenho medo da dor, porque o que fazemos quando dói, só vai gerar mais dor....só vai gerar mais dor....

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