Capítulo 9- It's okay not to be okay

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Lembra-te de todos os momentos que vives, pois mais tarde irás precisar deles quando não te sentires viva. Relembrar é viver. Nesses parâmetros estou a viver. Mas será possível viver sem ter uma alma? Ou sem um coração activo? Pode ser impossível mas ao que parece é possível.

Lembro de vários momentos bons na minha vida, momentos que nunca serão esquecidos mesmo estando entre desta grande tempestade de emoções malignas.

Lembro-me de andar na escola e ser a rapariga 'tímida'. Não era muito de conversar, mas quando estava com os amigos mais chegados já ninguém me calava. Eu até era aplicada quando tinha um objetivo. Com o passar dos anos deixou de haver algum objetivo. Sou uma rapariga de 24 anos, desempregada, sem objetivos na vida.

Mas nesses tempos, também me lembro de não ter iniciativa para ir à escola. Pensava na altura 'Para que serve a escola?' Devido desse pensamento, não consigo arranjar um emprego, já os meus amigos conseguiram arranjar algo que os faz feliz graças aos estudos. Mesmo com todos os lados negativos da escola, tenho saudades dessa 'era'. Bem diziam para aproveitarmos. E talvez devia ter aproveitado mais. Todos os dias escuros que podia ter-me esforçado para entrar na diversão dos meus amigos.

Sinto-me fria nesta água gelada, até alguém agarrar-me e transportar-me para fora daquele paraíso gelado.
Suponho que seria o nadador salvador, pois estava equipado como um. Eu não lhe dirigi grandes palavras, ele justifica que pensaria que podia estar em perigo, mas não percebe que era isso que eu desejava.

Na nossa pequena conversa, exije para que saía daquela zona da praia, e assim dirijo-me para a zona normal da praia, pois, não saberia bem se seria boa ideia ir para casa.
Fecho os olhos, e fico a escutar atentamente as ondas do mar, as gaivotas, crianças a rirem-se. Por alguns minutos sinto-me realmente bem, quando estou na praia sinto-me relaxada. E poderia estar assim um longo tempo ... mas como óbvio a vida odeia-me. Abro os meus olhos quando uma rapariga morena chama-me. Cabelo ondulado, alta, corpo de modelo, lábios grossos, olhos chamativos. Típica miúda com sucesso na vida.

- Precisava de falar contigo - põe-se numa posição de autoridade, acho que ela é uma das amiguinhas do Jason.

- O que a menina precisa- digo com arrogância

- Olha lá, eu sei que somos de categorias diferentes, mas não podes levar o Jason contigo para atos desrespeitadores - tento não lançar uma grande risada, não percebo o que ela quer dizer com aquilo, mas aquela voz fininha irrita-me tanto que só vou despacha-la

- Desculpa a confusão, eu sei que só queres proteger o Jason dos delinquentes, mas eu e ele somos amigos, e tu nem nenhum dos teus amiguinhos irão destruir isso!

- Parece que não percebes-te o que eu disse, deixa-me ser direta- pára por alguns segundos quando estuda o meu físico de cima para baixo - Afasta-te já do Jason! Ele está cego por ti!

- Daqui nada quem vai ficar cega és tu! Quem és tu para exigir que eu me afaste do meu amigo? Miúda não te metas na vida das outras pessoas. Mas já percebi! Tu gostas dele! - digo a rir-me mesmo na cara dela. Percebo que ficou ainda mais fula comigo.

- Tu és uma estúpida!- diz-me ela com raiva de mim - O Jason ama-te! E tu das-lhe uma tampa! Eu nem sei como ele tem esse carinho por ti, já olhas-te para ti? Deve ser o único rapaz que alguma vez se interessou por ti! Pessoas como tu não fazem falta a ninguém!

Apeteceu-me dar-lhe uma estalada, mas vim me embora sem dar justificações. Que cabra! Quando chego a casa pego na bebida que está em cima da mesa para esquecer este momento. Estou com tanta raiva dela, dos amiguinhos do Jason, e até do próprio Jason. Como ele pode ser amigo desta gente mesquinha! Que ele escolha a eles! Eu não preciso dele! E na verdade ele não precisa de mim. A rapariga da voz aguda tem razão! Ele está preso a mim, e eu vou ter que lhe retirar essas correntes, não por mim, mas sim por ele! Ele tem de parar de ajudar-me, ele ter de viver a sua própria vida!

Agora percebo que isto não poderá continuar, eu vou soltá-lo! Eu nunca mais irei sair com ele, nem falar com ele. Mas estou satisfeita por essa decisão. Mas não é só esta decisão que eu fiz... eu irei desistir de arranjar um emprego, e esperar que um santo me leve a minha alma. Eu já estou farta de respirar, eu sinto que preciso disto ...

Eu fico a ver o meu reflexo no espelho. Penso em porquê! Porque estou assim? Porque é que eu me perdi? Porque não sei quem sou eu?!

Tento pentear-me , e relembrar-me quem eu era antes. Nem cada ponta do meu cabelo já é igual. Tudo mudou em mim. Já não sei o que eu gostava de fazer. Os meus sonhos. O que odiava. As minhas paixões. Foi tudo apagado sem receio.

Mas, umas vez disseram-me: "Está tudo bem em não estar bem"

Posso não me lembrar de muita coisa, mas lembro-me de uma. Os meus amigos. Eles que estiveram comigo quando precisei. Eles que já me fizeram rir.

Por eles, e por tudo que eles já fizeram por mim, eu vou conseguir! Eu vou conseguir sair desta casa e ir dar uma simples volta sozinha. Eu sei que parece ridículo. Mas é um grande passo para mim. Com isto ganhei um grande medo de sair, de ver pessoas.

Passei 2 semanas a relembrar do tempo em que procurava emprego, o tempo com o Jason, o tempo em que sentia que havia algo acontecer ... e aqui estou eu agora ... mas ao lembrar-me do meu passado, foi como se tivesse acordado diferente, acordado com uma luz, não sei bem para onde, mas vou segui-la...

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