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Parem de me encarar. Parem de sentir pena. Eu não quero ser o centro das atenções. Só... parem.

O caminho do pátio até a escola nunca havia sido tão longo. Todos os olhos sobre mim faziam meus ombros pesarem. Os grupos que conversavam sem parar deram uma pausa para olhar para mim enquanto passava; deveriam estar impressionados por eu não estar chorando.

Um grupo de amigos se aproximou de mim. Mark Langdon, cabelos castanhos, olhos verdes e rosto liso como bumbum de bebê; adorava andar por aí olhando para os outros como se fosse superior, o que só o tornava mais inferior. À sua direita estava Alicia Sprouse, a garota que havia me dado o meu primeiro e único beijo, com cabelos pretos, assim como os olhos, que diga-se de passagem são penetrantes e fariam você revelar o seu pior segredo. Atrás dela estavam Emma Mitchell, loira com olhos azuis e um sorriso encantador; James Benson, também loiro, com olhos igualmente azuis, melhor amigo de Mark; Lindsay Haynes, de olhos azuis e cabelos castanhos, que vivia atrás de Alicia, mas era de falar pouco; e, por fim, Bobby Swan, o brincalhão do grupo e único que já havia falado comigo por vontade própria. Ele me lembrava Scott na aparência - tirando o fato de não ter barba -, mas em nada parecia com ele no jeito. Enquanto Scott era um homem reservado e calado, Bobby era extrovertido e escandaloso.

Eles conversaram com Joey algumas vezes, e um deles, Mark, já teve uma briga feia com o falecido.

Falecido não. Que palavra horrível, Samuel! Joey. Esse é o nome dele. Joey Patterson. Só isso.

- Como você está, Sam? - Quem perguntou foi Mark.

- Não é da sua conta - respondi.

- Eu falo sério. - Ele me encarou. - Estamos todos em perigo. Eu e eles - apontou para o resto do grupo - temos recebido mensagens. E em uma delas o autor falava sobre o assassinato de Joey. Antes de acontecer.

O que me garantia que eles não haviam assassinado Joey?

- Eu não recebi nenhuma mensagem. Se me derem licensa, eu tenho que estudar. - Ameacei sair, mas Alicia impediu minha passagem, entrando na minha frente e colocando a mão no meu peito.

Debaixo da arquibancada, escondido de todos, lá ninguém poderia vê-la beijando o garoto esquisito que não falava com ninguém. Ninguém poderia saber que ela gostava dele. Foi só uma vez. Depois disso, eles nunca mais se falaram. Mas a paixão do garoto por ela foi só aumentando, aquele beijo só serviu para aumentar sua falsa esperança.

- Estamos investigando quem está por trás dos assassinatos. Nas mensagens, ele disse que Joey era só o começo.

Ela pegou o celular no bolso e colocou na minha frente, possibilitando que eu visse as mensagens.

Era um número desconhecido. Dizia que tudo isso era culpa de S. S estava causando isso. As mortes começariam pela pessoa mais próxima a ele.

S era eu. Mas o que eu fiz para causar tanto ódio a alguém a ponto de fazer a pessoa matar o meu melhor amigo? Quem seria o próximo?

Alicia abaixou o celular e o guardou no bolso.

- Eu não faço ideia de quem possa ser. Eu... eu não tenho culpa. Juro.

- Sabemos - interveio Emma. - Não o estamos culpando. Estamos apenas pedindo sua ajuda.

- Certo... - interrompeu Mark. - Pretendemos matar aula hoje para ir ao enterro. Você quer ir também?

Qual era o motivo deles para se despedir de Joey? Eles deveriam estar fazendo aquilo mais por mim. Talvez estivessem preocupados sobre as mensagens.

- Tudo bem - disse meio que sem pensar.

Olhei para as pessoas que não mais me encaravam.

Thalia Carter, a garota que fazia parte do grupo de Mark, agora estava sozinha. Olhos presos no celular, roupas que não chamavam a atenção. Sozinha. Por que ela não andava mais com eles?

ScreamOnde histórias criam vida. Descubra agora