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Talvez eu não devesse confiar em Mark e seus amigos. Talvez aquele grupo estava me manipulando para que eu não desconfiasse deles.

- Devemos levar as mensagens às delegacia - eu disse.

- Você também recebeu uma, não foi? - perguntou Mark. Olhei para ele, tentando imaginá-lo assassinando alguém. Até que não foi tão difícil. - O que dizia?

- Eu era o alvo - respondi ao sr. Assassino -, não Joey.

- Você? - disse Emma. A capa preta do assassino teria um certo contraste com seu cabelo e olhos. Talvez essa foi a razão para ela escolher essa cor. - Então com certeza deve ser alguém que te odeia.

- Obrigada, Srta. Óbvia. - Alicia revirou seus lindos e profundos olhos. Ali escondiam-se mais segredos do que alguém seria capaz de contar. - Faz sentido para mim. Só precisamos pensar: quem?

Olhei para os três. Olhando para o assassino. Olhando para meus novos amigos. Talvez um deles realmente fosse o assassino. Ou talvez os três juntos.

E então, um grito. Ele veio do andar de baixo. Foi alto o suficiente para fazer nós três nos encararmos como três idiotas.

- Vamos ver? - perguntou Emma.

- Vamos - respondi. - Juntos.

Passos subindo a escada. Não demoramos a passar a porta do meu quarto. Eu na frente, óbvio.

Tudo bem, Mark na frente. Mas eu estava logo atrás dele, juro.

Atrás de mim, Emma, seguida por Alicia.

Andamos pelo corredor até a escada, onde encontramos a criatura.

Era difícil dizer que era uma pessoa. Estava completamente coberta com uma capa preta. Olhava para o chão do terceiro degrau, onde continuava parado. Na sua mão, era possível ver uma faca reluzir. Uma faca da minha cozinha. Três degraus atrás dele, no chão, havia um machado repousado.

Estávamos os quatro congelados no topo da escada, sem emitir nenhum som. Aparentemente, o assassino percebeu isso.

Ele levantou a cabeça, nos encarando. A máscara continha um sorriso psicótico desenhado.

E então, como um gato, ele estava tão próximo que não havia tempo para corrermos. Ele parecia voar naquela capa enquanto subia as escadas.

Onde estava Scott?

Era óbvio. Todos com certeza já haviam percebido. Sam, você acaba de ganhar o prêmio de raciocínio mais lento da sala.

- Corram! - Srta. Óbvia disse.

E nós corremos. O problema é que não nos separamos. Deveríamos ter nos separado. Ou talvez não. Nos filmes de terror, isso nunca dá certo.

Tranquei a porta do meu quarto atrás de mim.

- O que fazemos? - perguntei.

- Polícia? - disse Alicia. - Eu não sei. O assassino está na sua casa. Você deveria saber o que fazer.

O machado! Droga. Droga, droga, droga. Ele tinha um machado. Ele iria dar uma de O Iluminado, com certeza.

- Temos que ser rápidos. Ele tinha um machado e acho que ele não tem medo de usar.

- O Iluminado é o meu filme preferido. Mas nunca imaginei que era assim que eu iria morrer - disse Emma.

- Você não vai, Emma - disse Mark. - Nós não vamos. Vamos dar um jeito. Ele é só um e nós somos quatro.

Ele pode até ser só um. Mas ele tem um machado. Ninguém parecia me ouvir quanto ao machado.

- Somos quatro desarmados.

- Alguém está alimentando o lobo errado - disse Alicia.

Quando você se encontra em uma situação onde o assassino do seu melhor amigo está na sua casa com um machado e você está em seu quarto esperando para ver a clássica cena do filme O Iluminado na sua frente, convenhamos que a última coisa que você vai pensar é "Ah, vou alimentar o lobo do otimismo".

Mas eu não disse isso para Alicia. O que eu disse foi:

- Desculpa. Vocês têm razão, estamos em vantagem.

Era uma total mentira. Mas as mentiras são sempre mais reconfortantes. Além do mais, eu não diria "ESTAMOS PERDIDOS, VAMOS MORRER, DE HOJE NÃO PASSAMOS" para a garota que eu era afim.

Um bilhete foi passado por baixo da porta. Emma o pegou, e o abriu.

- Vocês são os meus bonecos. Os meus maravilhosos e astutos bonecos - leu em voz alta.

- Oi - disse Alicia, ao me virar, vi que ela estava ao telefone -, estou na casa do meu amigo. Tem um assassino aqui. - Ela dizia isso como se estivesse contando para a irmã que na padaria tinha torta de maçã.

Depois de passar o meu endereço, tudo o que deveríamos fazer era esperar pela polícia.

Scott já estava do lado de fora do quarto. Provavelmente com o machado pronto para arrombar uma porta.

Foi dito e feito. Como se fosse uma faca cortando um pão, a ponta do machado apareceu na porta.

E sumiu, deixando um buraco. Era pequeno, então logo vimos o machado novamente, abrindo um buraco maior.

E aí a sua máscara ridícula apareceu por ali, sorrindo, anunciando mais uma morte.

Eu poderia ouvir sua voz ridícula dizendo aqueles dizeres do bilhete.

Vocês são os meus bonecos. Os meus maravilhosos e astutos bonecos.

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Ando sumido, eu sei. Mas agora pretendo voltar com a frequência (aos poucos pra pegar o ritimo). Logo vai ter capítulo novo, então aguardem.

Votem e comentem

Até a próxima ;-)

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