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Eu não conseguia pensar em outra coisa. Agora Scott fazia parte dos meus pensamentos em todos os momentos do dia.

Aquela foto não provava nada. Ele poderia muito bem tê-la tirado sozinho. Nos tempos modernos, não é tão difícil fazer isso. Mas parece que falta apenas uma peça do quebra-cabeças para que ele fique completo e, assim, prove que Scott está por trás de tudo, assistindo a tudo pelos bastidores.

Estaria ele sozinho? Essa é a pergunta que precisava de uma resposta. Quem o ajudaria nisso tudo?

Eu não posso assistir a tudo isso e ficar calado, simplesmente não posso. Foi o que o xerife me mandou fazer, mas a verdade é que o xerife não sabe de nada.

Fui obrigado a deixar meus amigos na delegacia, pois o xerife queria de todas as formas que eu fosse para casa. Ele inclusive mandou que um dos guardas me levasse até minha casa. Seu nome era a minha única preocupação e, depois de perguntá-lo cinco vezes e me distrair nas cinco vezes - não ouvindo o que havia dito -, desisti de tentar decorar.

Minha mãe estava na porta de casa, a casa que agora estava coberta por faixas amarelas. Agora o quintal que eu brincava quando criança era a cena de um crime. Também quando criança, eu forçava a minha mãe a espantar todos os monstros que eu acreditava se esconder sob a minha cama. Agora, sob a minha cama, estava a poça de sangue que Emma havia deixado para trás ao pular comigo daquela janela. O papel de parede azul que minha mãe havia ido com Scott escolher agora estava vermelho-sangue, com sangue de verdade.

  O pensamento me deu náuseas, porém me segurei para não preocupar ainda mais a minha mãe.  

Câmeras e repórteres segurando seus microfones cercavam a minha casa, cada repórter direcionado a uma câmera. Nenhum parecia notar o carro da polícia. 

- Meu filho - disse minha mãe, se aproximando do carro; honestamente, o pensamento de sair do mesmo estava me enjoando um pouco. Ela então abriu a porta. - Vai ficar tudo bem. A polícia está cuidando de tudo, a imprensa está divulgando tudo da maneira correta, para que peguemos o assassino o mais rápido possível.

Era nesse momento que eu saía do carro. Mas algo simplesmente me segurava lá dentro; o nervosismo de estar na frente das câmeras, talvez.

Eu nunca fui o que eu consideraria uma criança espontânea, bem pelo contrário, câmeras e atenção direcionadas diretamente para mim me assustavam bastante.

Mas eu saí. E eles se aglomeraram ao meu redor como se eu estivesse em um tipo de tapete vermelho. Vermelho-sangue. Eles pisavam nesse sangue como se não fosse nada e simplesmente me tratavam com frieza, como se meus sentimentos não fossem nada.

Fechei os meus ouvidos para as perguntas, olhei para o chão, senti os braços de minha mãe sobre meus ombros e deixei ser conduzido por ela.

Percebi que não estávamos fazendo o caminho para a minha casa.

Andamos bastante, na verdade. Ao olhar para trás, vi que as vans dos repórteres não estavam mais lá, assim como o carro da polícia que me acompanhou até ali.

- Para onde estamos indo? - me atrevi a perguntar.

- O xerife, Matthew, foi com o detetive procurar por Scott. Ele disse que poderíamos ficar na casa dele por alguns dias. Tem aqueles seus amiguinhos, lembra?

- Eu não falo com eles há, tipo, décadas. - Minha mãe riu. - Então vamos ficar na casa do xerife? E as nossas coisas?

- O delegado que te trouxe até aqui me ajudou a levar todo o necessário até a casa dele mais cedo.

O assunto acabou ali. Eu diria que morreu ali, mas não é momento para piadas, então deixarei assim.

O xerife morava a três quarteirões da minha casa. O silêncio se tornava cada vez mais desconfortável a cada segundo. Era impossível não perceber o quanto a minha mãe estava estranha, provavelmente por causa de Scott e tudo o que estava acontecendo.

E então chegamos. Frank estava na porta de casa, aparentemente nos esperando. Ele deu um largo sorriso para a minha mãe e abriu a porta para nós dois.

- Sra. Walker - minha mãe odiava ser chamada assim, e Scott odiava que a chamassem assim -, as suas coisas já estão arrumadas no seu quarto. Posso acompanhá-la até lá, se quiser.

Quem era aquele "cordial senhor" e o que ele havia feito com Frank Morgan, o garoto que incentivava a todos a fazerem competição de arroto?

Ele acompanhou minha mãe até o quarto dela e, em seguida, me levou ao seu quarto. Era ali que eu dormiria pelos próximos dias. 

Era um quarto até que arrumado, comparado ao que eu estava acostumado quando ia ao quarto dele para jogar videogame quando criança.

Tinham duas camas. O que significava que Frank dividia o quarto com Freddie. 

- Cadê o seu irmão? - perguntei.

- Ele ficou doente, obriguei ele a dormir no quarto de hóspedes, porque sinceramente não queria ficar doente também. - Aí estava o Frank que eu conhecia e honestamente sentia falta. - Quer jogar High School Massacre 4?

- Já saiu o 4? Eu tô esperando ele há meses!

- Saiu na semana passada, eu comprei ontem pro nerd doente, mas ele ainda não quis jogar, então...

- Por mais que seja tentador, eu não tenho cabeça pra isso agora. Desculpa...

- Eu sei, desculpa - ele se sentou na cama, e eu me sentei naquela que parecia a minha, a que estava mais arrumada. - Deve ser difícil ser um protagonista masculino em um século onde só as mulheres fazem sucesso.

- O quê?

- Não percebeu, Sam? É tudo sobre você. Você é como a Sidney de Pânico, as meninas de Pretty Little Liars, a Julie de Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado, ou até mesmo a galera de Gossip Girl. E esse assassino é o Ghostface, a A, ou, se você preferir, a Gossip. E você, querido amigo, é o garoto do final. Tudo isso se resume a você.

Era isso. Ele tinha razão. Quem quer que estivesse por trás disso, estava atrás de mim.

Os monstros não se escondem mais debaixo da sua cama ou dentro do seu armário. Eles agora estão do lado de fora, atacando sem piedade.

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ooooooooooooooooooooooooiii, saudades de escrever isso daqui mano, scr, scr

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até mais sz

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