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Preparem o psicológico para um capítulo dramático. Ah, e essa música se encaixa perfeitamente para o capítulo. Comentem bastante para a gente interagir. Boa leitura!

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A semana de provas deixava a cabeça de todos da faculdade bagunçada. Elas não eram fáceis e muito menos de poucas questões. Sempre extensas e certa vez uma estudante chorou desesperadamente após dez minutos de ter a prova sobre sua mesa. A questão era que todos estavam tão focados nos estudos, inclusive Harry. Louis, pelo contrário, demonstrava seu ''interesse'' babando na mesa do grupo de estudos montado por Liam.

Os dias estavam contados para Harry entregar sua história e ele não estava gostando nem um pouco do rumo que a sua estava tomando. Não era mais um romance, nem tinha algum tema. Aquilo o deixava frustrado... Tão frustrado que ligava para Beatrice e ouvia a garota tagarelar sobre tudo. Não que ele tivesse crescido e passado a não achar a sua paixão de infância interessante, e sim porque ele não gostava de ligar mesmo. Preferia as cartas, mas sabia que demorariam a serem respondidas.

Não costumava conversar com Gemma por cartas. A garota de cabelos verdes respondia suas cartas por mensagem de texto com um emoji vagabundo que nem fazia sentido. Acreditava Harry que ela estava sendo injusta já que ele mesmo fazia as penas e até comprava tinta de cabelo para poder escrever no papel com aparência antiga e cor amarelada.

Por isso, ele havia deixado suas cartas um pouco de lado. Apenas mandava cartas para sua mãe que sempre respondia com todas as palavras mais belas. Anne não se sentia como Harry quando escrevia, mas ainda assim ela era bem melhor que muitas outras pessoas para aquilo. Não seguiria aquilo como profissão. Não sentia os dedos tremerem ao escrever, não sentia as pontas dos dedos esquentarem pela rapidez, não sentia arrepios ao escrever partes que poderiam representar uma realidade e nem possuía o brilho nos olhos ao notar que as pessoas poderiam um dia se inspirar nela. E Harry sentia tudo isso. Sentia tudo ao mesmo tempo e a sensação era tão boa que sentia que poderia matar alguém apenas para ter mais daquilo.

– Você poderia parar de morder a tampa da caneta? – o cacheado falou e, ao notar que foi grosso, levou a mão até a boca. – Desculpe. Eu estou ouvindo sua baba deslizar pela tampa da caneta... Apenas... Poderia parar? – mordeu o lábio inferior e abriu um sorriso aconchegante.

– Harry, você nunca esteve tão estressado. – Luke largou a tampa da caneta na cama e voltou o olhar para o amigo. – Isso é por causa das provas ou tem algo mais que você não me contou? – ergueu uma de suas sobrancelhas e passou a língua pelo piercing labial. – Louis fez alguma coisa com você?

– As provas estão me deixando um pouco louco e tem esse trabalho que eu... Não sei. Ele está uma... Coisa de louco. Na verdade, tudo está louco. – se atrapalhou com as próprias palavras.

O cacheado nunca foi uma pessoa que gostava de palavrões. Sua frase dita era digna de todos os palavrões possíveis porque ele realmente sentia raiva. Ele não estava conseguindo escrever sem focar em Louis, não conseguia se concentrar nos estudos, pois estava pensando se Louis estava estudando também. Talvez estivesse virando um louco obcecado por alguém que estava babando de sono por aí. A possibilidade o deixava mais convencido de que estava louco. Esperava não ser o único. Esperava ter visto Louis louco no corredor. Mas o que ele viu foi uma figura sendo praticamente arrastada pelos corredores com baba seca espalhada do canto da boca até a bochecha.

Algumas vezes, o cacheado foi até a sala de música quando todos já estavam fora do prédio principal, mas o que encontrou foi uma sala vazia. Vazia, mas cheia de pensamentos. Pensamentos puros e carinhosos vindos de Harry e pensamentos exaustos e entediados de Louis. Ninguém os via, ninguém além dos dois os sentia. Mas do que adiantava sentir e sequer notar? Não era nada drástico, não era amor. Então qual o motivo de tanto drama? Ao invés de ''sala de música'' deveria se chamar ''sala das angústias''. Ao invés da imagem de uma guitarra, deveria ser as máscaras de teatro representando a tragédia e a comédia colada na porta de madeira.

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