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Espero que entendam a referência ahahahah. Boa leitura!

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Seu estado naquele momento era digno de algum filme de comédia, talvez American Pie. Harry em toda sua vida acordou com um cheiro bom de seus lençóis, cabelos levemente bagunçados apesar dos cachos, olheiras mínimas por valorizar seu tempo de sono e rosto pouco amassado. Mas aquele dia era diferente, porque ao acordar, ele não sentia a sua cama confortável e sim um colchão sem o forro. Olhou para os lados tentando entender onde estava e seus olhos pararam para sua mão que estava presa na cabeceira da cama por algemas de um tom chocante de rosa e alguns pontos brilhantes. Seus olhos arregalaram no mesmo momento e tentou verificar se era realmente necessário utilizar uma chave.

Nesse ato, acabou batendo os olhos no relógio de pulso e assustou-se. Faltavam quarenta minutos para sua primeira aula começar e ele não sabia como se desprender de uma cama. Tateou a mão pelo colchão desesperadamente e olhou mais ao redor para checar se ela não estava sobre alguma cômoda. Nem tentou lembrar-se de onde estava. Ele teve a ideia de gritar por ajuda independente de onde estivesse.

– Alguém me ajuda! Eu estou preso! – gritou e esperou que alguém aparecesse, mas não. – Alguém, por favor! – quase se esgoelou dessa vez e ouviu uns passos lentos vindo do corredor. Se não fosse a morte, talvez ajudasse ele a sair daquela situação. Aliás, como ele ficou assim?

– Cala a boca em nome de Jesus. – uma morena disse e quase fechou a porta, mas ao reparar do que se tratava não conseguiu conter o riso. – Meu Deus, seu pervertido. – adentrou o quarto e segurou as algemas. – Vou procurar a chave, mas me diga... Quem fez isso com você? – começou a tatear as coisas do quarto, enquanto Harry buscava algo sobre aquele acontecimento em sua mente.

– Eu não sei. – murmurou. – Mas acho que foi alguma brincadeira babaca já que estou vestido. – olhou o relógio novamente e viu que a menina tinha uma cara pensativa para a cabeceira.

– E se desmontarmos a cabeceira? Você parece apressado. Faculdade, certo? – Harry assentiu agoniado por estar preso. – Dá para desmontar essa parte. Me dê um minuto. – a garota se abaixou e tentou desprender a cabeceira da cama.

– Não julgando você ou sua ideia, mas eu realmente irei sair com a cabeceira de uma cama grudada em mim? – franziu a testa e ela levantou o rosto para olhá-lo.

– Não, seu bobo. – disse rindo e ele soltou o ar de maneira aliviada. – Você irá sair preso a uma cabeceira, é diferente.

Londres foi agraciada naquela manhã por uma cara correndo algemado a uma cabeceira pelas ruas. Por conta do atraso, Harry nem parou para se olhar no espelho e saiu de uma casa que nem lembrava como tinha chegado lá. Talvez aquele fosse um dos lembretes da vida que basicamente se tratavam de não beber mais e também não provocar sexualmente as pessoas com quem você faz acordos. O segundo lembrete era bem específico.

Sentia tanta vergonha. Ele nunca faria uma coisa daquelas se não estivesse tão bravo e bêbado. O caminho serviu para se torturar com algumas memórias da boate. Se lembrava de ser irônico, provocador e até de ter encarnado um dançarino. Meu Deus, ele havia dançado aquelas coisas.  O que o Harry de dois meses atrás diria de um Harry que corre pelas ruas cheias de Londres com uma cabeceira de cama sob o braço?

Quando finalmente chegou no seu dormitório, ele nem conseguiu respirar. Trocou as peças debaixo sem se sujeitar a um banho. Quem diabos banharia com uma cabeceira? Então seguindo esse pensamento, olhou-se no espelho e quase se assustou com o monstro que viu refletido. Ainda riu quando percebeu que era apenas seu reflexo de cabelos desgrenhados, olheiras profundas e marcas no pescoço como se tivesse sido atacado por um vampiro.

Lose yourself |l.s|Onde histórias criam vida. Descubra agora