Quando cheguei em casa depois da escola, fiz oque sempre faço. Direto para a geladeira.
- Quando o caminho fica duro... - falei
- Os durões tomam sorvete -, completou Izzie, atacando de surpresa e pegando a embalagem no freezer.
- Dieta outa vez na segunda - disse Paola.
Não consigi acreditar que ela faça dieta. Paola é magra como um Palito.
Por volta das 5 da tarde, nossa cozinha estava transbordando de gente e de comida. Izzie, Paola e eu atacávamos taças de sorvete de nozes com calda. Steve e Laurence mais dois de seus colegas de escola, Matthew e Tom, muito oculpados, cortavam fatias gigantescas de pão, besuntando-as com pasta de amendoim e mel. Argh. Mamãe fazia uma xícara de chá. De ervas, é claro. E papai tentava alimentar Bem e Jerry, que estavam maus interessados em meu sorvete de nozes do que em comida de cachorro.
Reinava o caos ali dentro.
- Por que vocês os chamam de Ben e Jerry? - perguntou Paola, apontabdo para os cães: Ben, que estava com as patas sobre meus joelhos tentando enfiar o nariz na minha taça de sorvete, e Jerry, olhando suplicante para Izzie na esperança de que ela ficasse com pena e lhe desse um pouco para provar. Dei a última colherada para Ben lamber. Eu me derreto com seus grander olhos tristes e aquele olhar patético de "ninguem nunca me alimenta", e além do mais ele ainda está com uma atadura na pata, o pobrezinho.
- Nós os batizamos depois que eles comeram um copo inteiro de sorvete Ben and Jerry's Chunky Monkey quando eram filhores - disse Lal, entre um pedaço e outro de pão. - Eles adoram sorvete.
Acho que Lal está a fim de Paola, mostrando-se todo gentil e superamigável desde que ela entrou. Fica jogando o cabelo para trás e lançando olhares significativos na direção dela. Acho que Paola nem percebe. Ele gosta de se imaginar um comquistador desde que Tracy Marcuson, da casa ao lado, deixou que ele a beijasse no último Natal. Ele não é feio, tem um ar meio de Matt Damon, mas não que Paola passa se interessar. Ela gosta de garotos mais velhos - pelo menos é o que diz. E também não acho que ela estaria a fim de meu irmão mais velho, Steve. Ele tem 17 anos e é meio nerd - talvez demais para o gosto dela! Mas até que Steve fica um gatinho quando tira os óculos e está com o cabelo bem cortado. Porém, ao contrário do Casanova Lal, ele nâo se preocupa com garotas; Steve prefere computadores e livros.
- Aqui parece a estação Waterloo - mamãe falou com um suspiro, limpando um espaço na mesa. Mas ela não se importa. Nossa casa está sempre cheia de pessoas, em geral todas reunidas na cozinha, que é o aposento mais amplo. No ano passado papai derrubou uma parede para ampliá-la um pouco, e embora a gente agora tenha mais espaço, o dinhero acabou e ele não conseguiu termina o serviço.
- O que são aquelas marcas na parede? - pergunto Paola, apontando pra algunas marcas de lápis junto á geladeira.
- Nossa alturas, á medida que agente crescia - explicou Lal, levantando-se e encostando-se na parede para mostrarlhe como o esquema funcionava. - Veja, em todos os aniversários a gente marcava com um. Lápis o quanto havia crecido - disse ele, apontando para a marca mais alta. - Aquelas são do Steve.
- E essas devem ser de Lucy - falou Paola, olhando para as marcas mais baixas. Ela tem pelo menos uns 15 centimetros a mais do que eu no meu último aniversário.
A seguir ela deu uma boa olhada em nosso "papel de parede" original. Para compensar a falta dele, Steve, Lal e eu colamos nossos trabalhos de arte da escola numa parede inteira. E mamãe, que está convencida de que algum dia papai vai fazer a decoração, usou outra área para comparar diferentes amostras de tinta.
- Foi inspirada em alguma revista de decoração? - quis saber Paola com um sorriso, enquanto examinava a parede que mamãe pintara e que mais parecia uma colcha de retalho de pinceladas disformes em várias tonalidades de amarelo, azul, terracota e verde.
- Não - eu respondi.
Eu ainda não estive na casa de Paola, mas Izzie esteve e me contou que é fantástica. Parece saida de uma revisra de decoração de interiores. Ainda sim, Paola não parece incomodada por nossa falta de estilo na decoração. Na verdade, ela parece gostar daqui, pois agora vem quase todos as noites depois da escola. A mãe dela trabalhava em diferentes horários como locutora na TV e o pai é diretor de cinema, e por isso está sempre longe, filmando. Paola também tem um irmão mais velho, mas ela já comentou que ele raramente esta em casa.
Izzie sempre vem para casa comigo, desde que a conheci. Como a mãe dela eo padrasto só chegam do trabalho depois das sete, ficou combinado, milênio atrás, que ela viria para cá até um deles a pegasse.
Izzie fala que eu tenho de dar uma chance a Paola e conhecê-la melhor, mas não sei explicar como me sinto por ela estar aqui o tempo todo. É como se, primeiro, ela avançassse sobre minha melhor amiga, e agora estivesse avançando sobre minha família. Estou tentando fazer amizade e acho que gosto dela um pouquinho - é difícil não gostar, Paola é muito divertida -, mas não posso evitar essa sensação de estae sendo empurrada, posta de lado. Todos gostam de Paola quando a conhecer. Ela é tão bonita e autoconfiante!
Tudo começou algumas semanas atrás, quando Izzie veio me encontrar depous da escola. Ela parecia sem fôlego, como se tivesse corrido.
- Paola pode voltar conosco para sua casa? - perguntou Izzie, olhando para trás como se alguém a estivesse seguindo.
Ela me viu hesitar.
- Ela precisa de amigos - insistiu Izzie. - Ela não é tão segura se si quanto aparenta. Sei que faz que o gênero durona, como se não precisasse de ninguém e não se importasse com o que os outros pensam dela, mas acabei de encontrá-la chorando no ponto do ônibus. Aquela idiota da Josie Riley e sua galera ficaram provocando a coitada com xingamentos, e ela não quer ir pra casa até que a mãe tenha chegado. Não quero deixá-la sozinha.
Eu seria mesquinha se recusasse, e na verdade senti pena de Paola. Sei como aquelas encrenqueiras do penúltimo ano podem ser.
- Sim, diga a ela para vir - eu falei. - Isto é, se ela não se incomodar com a minga família maluca.
Claro que mamãe e papai fizeram sentir-se bem-vinda desde o início. Eles sempre agem assim com as pessoas. Eles podem não ter dinhero suficiente para pintar as paredes da cozinha, mas não parecem se incomodar em alimentar a vizinhança. Amor, pa e coma uma fatia de pão integral - esse é o código deles. Compartilhe o que você tem. O mundo não passa de uma grande e maravilhosa família.
Como meu pai cuida da loja local de produtos naturais, a gente se alimenta de todo tipo de material estranho. Tudo orgânico, livre de conservantes. O gosto é legal, mas algumas noites não se o que estou comendo. Tahine. Gomásio. Missô. E chás herbáceos. Horrível. Especialmente camomila. Cheira como xixi de gato. O que eu não daria po um McDonald's seguindo por um grande e gordo milkshake de chocolate. Mas não, mamãe e papai são vegetarianos, de mdo que o único hambúrguer que você encontra por aqui é feito de tofu, e os milkshakes, de soja.
Izzie fala que essa é uma das coisas de que ela mais gosta em minha mãe e em meu pai, mas ela também está nesse lance alternativo de Nova Era.
- Eu queria que meus pais fossem legais como os seus disse ela certa vez. - Eles realmente se importam com as coisas. O meio ambiente. O que colocamos dentro de nossos corpos. Não são como os pais chatos que a gente encontra habitualmente.
- Exato - falei. - Eu costumava adorar o jeito deles quando era menos, mas gostaria que mamãe parecesse um pouco, bem, um pouco mais moderada hoje em dia.
- Por quê? - espantou-se Izzie. - Acho que ela parece brilhante!
- Brilhante? Não é uma palavra que me viesse à mente ao descrever o estilo de minha mãe. Peculiar, mais provavelmente
- Adoro uma pechincha - diz sempre mamãe. - É por isso que faço compras em todos os bazares de carudade. Você encontra bons artigos de boutiques com ótimos preços.
Na maioria das vezes eu não ligo, mas a reunião de pais do mês passado foi a pior. Eu queria que mamãe pelo menos uma vez parecesse normal, mad ela desceu as escadas, pronta para ir, usando uma meia-calça com listas vermelhad e brancas, uma saia de tweed púrtura e um casado xadrez em diferentes tpons de verde. Ela não tem absolutamente nenhum senso de combinação de cores e joga tudo junto, num menosprezo total pela harminização.
- O que você acha? - ela pergunto, dando um rodopio.
- Er... muito colorido - respondi, pensando rápido. - Por que não tentar o seu casaco verde com calças azul-escuras? Ou talvez a saia púrpura com uma blusa cinza ou azul? Ficaria legal!
- Mas eu adoro a meia-calça! - disse mamãe. - Tenhço de usá-la!
- Bem, e se a usar com um vestido preto simples? - sugeri. - E você poderia combinar as listas vermelhas e brancas com braceleres das duas cores.
Ela meio que ouviu. Maio que. Fou para cima e mudou de roupa, colocando um vestido prero. Em seguida, jogou sobre ele um poncho multicolorido que parecia um cobertor velho. E, claro ainda estava isando a meia- calça com listas vermelhas e brancas. Eu desisti. Todo mundo olhava fixamente para ela quando chegamos á escola. Mamãe se destacava em meio ás outras mães com roupas azuis e brancas compradas em lojas chiques. Até mesmo seu cabelo é diferente. A maioria das mães usa o corte curto padrão, mas o cabelo de mamãe é realmente comprido, chegava no meio das costas. Longo demais para a idade dela, eu acho embora fique legal quando ela usa trança.
Por outro lado, pode ter sido o carro que a atraiu a atenção das pessoas naquela noite. Nós temos o mesmo carro há muitos anos. Acho que mamãe e papai o compraram quando estavam na universidade, que foi onde se conheceram. É um Fusca. E, por alguma razão, meu pai pintou-o de azul-turquesa brilhante. Não definitivamente ele não passa despercebido em meo ás picapes e outros carros bem mais caros.
Papai se veste normalmente. Calças de algodão e suéter. Quer dizer, ele não tem de ser vestir exatamente na moda para vender musli, mas eu acharia ótimo que se livrasse so rabo-de-cavalo. Ele escuta? Não. Li numa revistas que homens que estão perdendo cabelo compensam usando rabo-de-cavalo. Pobre papai! Deve ser horrível perder o cabelo, mas ele teria uma aparência muito melhor se cortasse bem curto o pouco que sobrou.
- Então, como foi a escola hoje? - ele pergunti aos rostos que mastigavam barulhentamente na cozinha.
-Mmphhh, ok, legal - veio a resposta.
- O que vocês fizeram? - ele pergunto, voltando-se para mim.
- Escolhas de carreiras, escolha de monografias - respondeu Paola, intrometendo-se. - Tomada decisõe! - acrecentou, solene.
E aquilo deu a partida em todos eles outra vez. Até mesno Lal, Sreve, Matthew e Tom entraram na dança.
- Quero ser produtor de discos - disse Lal.
- Quero tocar numa banda - disse Tom, levantando-se e fingindo tocar uma guitarra invisível.
- Quero ser um inventor - falou Steve.
Era uma repetição da manhã na escola, com todo mundo sabendo oque queria ser, exeto eu. Podia ver mamãe olhando para mim enquanto todos contavam seus segredos.
E você, Lucy? - ela pergunto. - O que você quer ser?
Dei de ombros.
- Não sei
Izzie e Paola interromperam, apressadas com seus brilhantes planos de carreira. Eu podia ver que mamãe me observava com preocupação enquanto as duas iam em frente a todo vapor. Mamãe não perde um lance. Ela pisco pra mim quando ninguém estava olhando.
- A jornada mais longa começa com o primeiro passo - ela falou.
Steva, Lal e eu demos um gemido. Estamos acostumados, volta e meia ela vem com a sua "citação do dia". Em seu trabalho como psicoterapeuta, ela passa horas a fio com pessoas que estão desgostosas com suas vidas de um modo ou de outro, então ela está sempre precurando novas coisas para dizer a eles e animá-los um pouco. Mamãe lê todos os lançamentos de livros de auto-ajuda e gosta de nos transmitir palavras de sabedoria.
- Ok, quem quer uma Carta do Anjo? - ela peeguntou.
- Oh mãe - eu disse, sentindo-me envergonhada. - Estou certa de que ninguém está interessada.
- O que é uma Carta do Anjo? - pergunto Izzie entusiasmada.
- Uma caixa de cartões que comprei na semana passada para usar em minhas sessões de terapia - mamãe explicou - Ainda não cheguei a usá-los no trabalho. Cada carta tem uma citação escrita nela.
Ela se levantou e pegou o pacote.
- Você escolhe uma - falou, embaralhando as cartas e selecionando uma - e deixa que ela fale com você.
"A hora mais escura é logo antes da aurora" - ela leu, e a seguir passou as cartas a Izzie.
- Sua vez, Iz.
Izzievcurte coisas assim. Cartas de tarô, astrologia, I Ching. Ela pegou uma carta e leu em voz alta: "A escolha, não o acaso determina o destino".
- Bem razoável - disse papai. _ É melhor escolher o que você quer do que deixar que tudo passe por você e acabar fazendo algo que realmente não quer fazer.
Comecei a entrar em pânico outra vez. Isso ia acontecer comigo porque eu não sabia o que escolher? Eu simplesmente seguiria com a correnteza em meio a uma nuvem de confusão?
De repente, senti um nariz frio e úmido pressionando minha mão. De sob a mesa, Bem me contemplava com seu jeito palerma, como se dissessse que ele compreendia. Ás vezes, eu acho que os cachorros têm poderes paranormais.
Izzie passou as cartas a Paola.
- Escolha uma.
Paola pegou uma e leu: "A tragédua na vida não reside em não alcançar seu objetovo. A tragédia reside em não ter objetivo".
Arggghhhh. Estava ficando pior. Não tenho objetivo. É uma tragédia.
- Tudo bem - falou Paola. - A Semana de Moda é em poucas semanas. Eu sou descoberta por caçadorez de talentos e me torno uma supermodelo.
O queixo de Lal caiu ainda mais enquanto ele arregalava os olhos voltados para Paola.
- Supermodelo? Você vai ser escolhida na hora.
Garoto idiota.
Paola me passou as cartas. Deixei minha mão deslizar sobre elas e depois embaralhei. Tomara que saia uma boa carta, rezei, tomara que seja boa.
Puxei uma carta e li: " Não espere que o seu navio chegue, Nade até ele".
- Essa foi boa disse papai
Ben, o sensitivo, nitidamente também gosto da carta. Tentou pular em meu joelho para lember meu rosto. Como ele é enorme, quase me derrubou, fazendo todo mundo rir.
- Para baixo, Ben - eu falei. - Você é um amor, mas é pesado demais.
Ele desceu relutante. Então afundou a cabeça no meu colo e recusou-se a sair dali.
Li minha carta outra vez. Certo, pensei. Vou ser positiva. Nadarei até o navio. Legal. Vou nadar. Mas como?
Mais uma vez mamãe sacou minha expressão ansiosa. Ela aperto minha mão.
- Você sabe, não há pressa. Você não tem de decidir neste minuto o que quer ser.
Sei que ela estava bem-intencionada, mas pensei que o quanto antes eu nadasse para o meu navio, melhor.
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Galeras, Paqueras & Sutiãs Infláveis
Teen FictionEsse livro não é meu, eu só estou postando porque gostaria de compartilhar com vocês... O nome da autora esta na capa. Mas um momento decisivo é exatamente o que Lucy NÃO quer. Tudo está mudando ao redor dela, e de repente exigem que ela tome toda e...