Quando cheguei em casa, todo mundo estava jantando. Quatro caras boquiabertas me encararam da cozinha.
- O que você fez com seu cabelo? - gritou Lal.
Reação arrada, pensei. Mas sabia que não tinha outra melhor.
Subi as escadas e me escondi debaixo d edredom.
Minutos depois, mamãe bateu à porta.
- Desça e venha jantar, amor ela disse.
- Sem fome - respondi.
Cinco minutos depois, papai bateu.
- Não está tão ruim, querida. Não nos importamos com sua aparência. Desça e venha jantar.
-Você tem mais cabelos do que eu - chorei. - Não é justo!
Depois, Steve tentou.
- Lucy, venha. Está começando a Buffy.
- Vá embora - falei. Eu não queria assitir à Buffy, a Caça-vampiros. Todas as garotas ali tinham longos e fabulos cabelos.
Então Lal bateu.
- Trouxe uma coisa para você - ele falou, então empurrou sua peruca dos Beatles pr debaixo da porta. Ha, ha, muito engraçado. Não.
As roupas que fiz estavam sobre a cadeira defronte da minha cama. Peguei-as e coloquei-as no cesto de lixo. As coisas que eu imaginava não passavam de besteiras. De que adianta tentar mudar meu exterior se o interior nã está bem? E meu interior se sentia definitivamente mal.
Olhei para meu cabelo horrível no espelho outra vez.
Puxei-o pelas raízes, esperando que os fios crescessem como o das bonecas que ganhei quando tinha cinco anos. Bastava puxar o cabelo e ele chegava até a cintura. Por que os meus não eram assim? Não podia nem prendê-los mais para que ninguém percebesse o estilo estranho deles. Tão escorridos.
Eu me sentia miserável.
E Izzie estava certa, eu tinha dois lados, como uma geminiana. Havia de falo duas em mim, ambas me deixando maluca.
Uma parte era completamente fraca. Meu cabelo, meu cabelo, nunca mais vou poder sair. O outro lado dizia: egoísta, insignificante, coisinha ridícula. Pense em todos os povos desnutridos da África. O que importa seu estúpido cabelo quando existem guerra e fome?
De onde veio essa voz? Já sei. Nossa diretora, a professora Allen. Como ela entrou em minha cabeça?
Achei que estava ficando louca. Completamente. O que fa de mim " eu mesma"? Sou uma demente. Totalmente louca varrida. E feia.
Às oito e meia, a campainha tocou.
- Lucy, é para você - mamãe avisou.
- Não estou - respondi.
Ouvi uma batida na porta.
- Lucy - disse a voz de Izzie. - Sou e a Paola.
Eu me escondi ainda mais sob as cobertas quando a porta abriu e as duas entraram.
- Lu, saia. Paola teve uma idéia.
Pus a cara para fora das cobertas quando as duas sentaram na ponta da cama.
- Falei com minha mãe - disse Paola. - Há uma pessoa que vem amanhã. Ela é boa de verdade, Lucy, e poderia arrumar o seu cabelo.
- Mas não tenho dinhero - falei, sem esperança.
- Eu e Iz pensando nisso. Sabemos que sua mesada é menor que a nossa e vamos pegar com dinhero das nossas.
Ambas me olharam com tamanho carinho que me derreti de novo. Blub, blub. O que está acontecendo comigo nessed dias?
- Achamos que você ficaria contente - disse Paola, parecendo surpresa.
- Vocês estão sendo legais comigo - chorei. - Não sejam legais. E eu sou tão egoísta quando há guerras e tudo por aí
As duas riram.
- Você não é responsável por toda a raça humana - disse Iz. - Não ainda, em tdo caso.
- Eu queria dizer mais uma coisa - falou Paola, perecendo embaraçada de repente. - Eu nunca pretendi tirar a Izzie de você. Só pensei que você não gostaria de mim.
- Mas você sempre parece querer ficar com a Izzie....
- comecei. - E eu sei que não pareço com idade para algumas coisas que você quer fazer como ir ao cinema e ficar com os garotos maioria e...
- Essas coisas não importam. E eu percebi que não devíamod ter ido sem você aquela vez. Eu gosto de você de verdade, Lucy. Quero ser amiga sua e da Izzie. Se vocês deixarem.
- Mas e o seu irmão? Eu achei que você tinha dito a ele para ficar longe de mim porque você não gostava de mim.
- NÃÃOO. Só para proteger você, Lucy. Não porque eu não goste de você. Você não conhece meu irmão. Ele acha que é um Casanova. Uma garota diferente a casa semana. Quando acaba o desafio, ele a joga fora. Estamos em Londres há pouco meses e ele já deixou uma fila de corações partidos.
Eu não queria que ele a magoasse. Isso é tudo, de verdade.
- Mesmo?
- Sim. Eu gosto de você mesmo, Lucy, r eu quero que sejamos amigas.
Lágrimas encheram meus olhos outra vez.
- Desculpa - falei. - Parece que não vou conseguir parar de chorar. Ultimamente eu tenho pensado que não sirvo em lugar algum.
- Minha mãe diz que são nossos hormônios em ebulição.
- disse Izzie.
- Passei por uma barra parecida ondre eu vivi antes - disse Paola. - Eu era a única garota de pele escura na nossa escola. Realmente me sentia como se não servisse...
- E como você lidou com isso?
- Decidi que devia ter orgulho por ser diferente, mesmo se alguns dias não sentisse isso. Eu aguentava. Sei que ás vezes isso é o que todas as pessoas vêem, e elas pensam que sou pretensiosa. Mas aqui em Londres tudo tem sido diferente.
Encontrar você e Izzie. Senti que tinha conseguido realmente boas amigas pela primeira vez. E sua mãe e seu pai. Você tem tanta sorte...
- Mas os seus pais são tão charmosos... - comecei.
- Sim, eles são. Tudo bem, mas nunca estão lá. Sempre trabalhando. Eis porque adoro estar com vocês. É tão confortável e seus irmãos são ótimos. Me sinto em casa aqui. Todo mundo me faz sentir bem-vinda.
- Menos eu - falei. Começava a ver que eu a havia julgado mal. Ela havia tentado ser minha amiga o tempo todo e eu não a deixava se aproximar.
Paola deu um sorriso.
- Estava esperando levar a melhor no final. Eu não desisto facilmente.
De repente, Izzie viu as roupas jogadas no certo de lixo.
- O que é isso? - perguntou, puxando-as para fora.
- Na verdade, são alguns presentes que fiz para vocês, mas...
- Uau! - exclamou Paola, vendo o top de cetim vermelho.
- Onde você estavam escondendo isso? Por que nunca uso?
- Vocês gostam mesmo delas? - perguntei, saindo de baixo do meu edredom.
- São fantásticas! Disse Izzie, segurando e examinando as roupas. - Onde você conseguiu?
- Eu mesma fiz.
- Você está brincando - falou Paola. - Parecem muito caras mesmo. Como coisa de grife.
- Na verdade - falei -, Fiz essa vermelha para você. E a preta para você, Izzie.
Num segundo, elas tiraram as roupas e vestiram seus presentes.
- Meu Deus! - exclamou Paola, admirando-se no espelho. - É absolutamente brilhante. Não posso acreditar. É perfeito.
Ficou bonito mesmo, o vermelho contra a pele escura de Paola.
- É a melhor coisa que eu já ganhei - disse Izzie, amarrando a alça do top no pescoço e rodopiando. - Podemos ficar com eles mesmo? Eu adorei. Sem contar o enfeite de pena. Muito sexy.
Eu estava radiante de prazer.
- Ia jogar tudo fora. Depois de hoje...
- Nãoooo, você não pode - disse Izzie, segurando o vestido azul que eu tinha feito para mim. - Meu Deus, este tecido é lindo! Todas essas perolinhas. Vista.
Coloquei o vestido e ambas ficaram admiradas, gritando uau sem parar. Ele tinha ficado ótimo, desde que eu não olhasse acima do meu pescoço.
- Caiu como uma luva - disse Izzie, e riu, - Está vendo, alguma coisa serve!
- Ficaria melhor se eu tivesse peitos - falei, lembrando da loja de lingerie.
- Não fiquei brava - disse Paola. - Eles vão crescer logo.
E se não, você sempre tem o silicone.
- Silicone! Tenho só 14 anos.
- Bem, o que quiz dizer é que pe lo menos você pode fazer alguma coisa se não tiver peitos. Sutiãs, levantadores. Não é como meus pés. - Ela tirou os tênis. - Veja. Enormes. Horríveis. Nunca encontro sapatos que sirvam.
Não podia acreditar naquilo. Paola não era perfeita, no fim das contas.
- Isso não é nada - disse Izzie. - Experimentem ter as minhas coxas. Vocês duas têm as pernas tão finas e eu ganhei essa coisa enorme. E, ainda por cima, curtas e grossas. Nunca acho um jeans que sirva.
Fiquei tão contente! Paola e Izzie tinha complexos. Por que nunca tínhamos falado disso antes? Eu achava que era a única que se sentia assim.
hurrah! Somos todas loucas.
De repente, Izzie e Paola começaram a rir como loucas.
- O quê? - perguntei desconfiada. - Do que vocês duas estão rindo?
- Você está sentindo melhor, Lucy? - perguntou Paola, tirando um pacote de sua mochila.
Fiz que sim com a cabeça, ainda desconfiada.
- Bom, porque nós também trouxemos um pequeno presente - falou Izzie.
- Uma coisa que você realmente quer - disse Paola.
Alguma coisa que eu realmente quero? Minha mente se encheu com imagens de CDs, livros, maquiagens que tinha visto. Que grandes amigas!
Paola riu quando me me passou o pacote numa sacola.
Enfiei a mão na sacoka e tirei o "presente".
Izzie e Paola caíram na cama rindo, quando vi o que parecia um plástica rosa enrugado - É para o seu, er... problema de peito.
Um sutiã inflável. Comecei a rir e Izzie soprou pelo buraco do sutiã para enchê-lo. Um perfeito tamanho P.
- Ponha, ponha - ela falou.
Tive de obedecer e enfiei o sutiã por baixo da roupa. Ai me olhei no espelho e virei de perfil.
Paola e Izzie deram uivos.
- Pamela Anderson vai morrer de inveja - falei, me pavoneando e rodando pelo quarto. - Hollywood, lá vou eu. Muito obrigada, garotas, é muito legal!
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Galeras, Paqueras & Sutiãs Infláveis
Teen FictionEsse livro não é meu, eu só estou postando porque gostaria de compartilhar com vocês... O nome da autora esta na capa. Mas um momento decisivo é exatamente o que Lucy NÃO quer. Tudo está mudando ao redor dela, e de repente exigem que ela tome toda e...