Decisões, decisões...

34 2 0
                                    

- Então, meninas - disse a professora Wacko uma quinzena mais tarde -, semana que vem eu quero ver suas escolhas de tema. Todas vocês tiveram muito tempo para pensar. Espero ver seus papéis sobre a minha carteira na segunda-feira.
Argh. Duas vezes argh. Eu não tinha pensado absolutamente nada sobre isso. Não por um longo período. Eu havia estado muito ocupada me divertindo com Paola e Izzie e fazendo roupas e decorando meu quarto.
A gente passou os dois últimos fins de semana pintando.
Lal e Steve haviam ajudado e ficou incrível. Escolhi um lilás nebuloso para as paredes e, como havia visto na revista de decoração, pintamos as partes de madeira em azul pálido polvilhado. O quarto se transformou. Parecia muito maior, mais limpo e mais brilhante.
Mamãe me levo a um mercado para comprar tecidos para cortinas e almofadas, mas não vimos nada de que eu gostasse. Então passamos por uma loja indiana. Rolos de lindos materiais pareciam se derramar pelo chão. Eu tive de parar. Cores encantadoras de jóias cintilantes com as bordas douradas e prareadas.
- Mãe, vamos dar uma olhada ali - eu falei, puxando-a para dentro da loja.
Encontrei um rolo de tecido de sari azul-celeste com a barra prateada e bordada. Ia ficar fantástico contra as paredes em lilás e não era muito caro. Fizemos nossa compra e em seguida adquirimos material para forro e trilhos para cortina.
Quando cheguei em cada, mamãe me ajudou com as cortinas. Elas foram feitas de modo a deixar na base a encatadora barra prateada. Ainda sobrou tecido para cobrir a parte de cima de algumas. Foi o toque final, que deixou o quarto com uma aparência suave e flutuante.
O efeito geral era encantador, mas havia tomado todos o meu tempo livre. As escolhas temáticas não haviam merecido nem uma olhadinha.

As coisas também estava melhorando em relação aos garotos. Agora, quando eu saiu com Izzie e Paola. Os meninos também olham para mim. E não apenas os nerds, que ninguem mais quer. Alguns gatinhos haviam me paquerado. Mas, em minha mente, nenhum deles chegava aos pés de Tony.
Eu o vira algumas vezes na casa da Paola, mas ele me ignorara. Acho que ele não se recuperou da "tragédia" de nós termos rido dele. Então, certa noite, ele saiu do quarto quando eu estava indo ao banheiro.
- Psiu - ele disse. - Lucy, aqui.
Eu o segui e ele fechou a porta. Fiquei lá toda nervosa, imaginando o que ele queria. Então, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me empurrou contra uma parede, colocou meus braços em redor do seu pescoço e me beijou.
Um beijo longo, profundo e sensual, que me deixou toda mole dos pés a cabeça.
Em seguida ele se afastou um pouco.
- Você gostaria de sair um dia desses?
Eu me lembrei de tudo o que Paola havia falado sobre Tony. Ele gostava de um desafio e depois chuta a garota. Paola disse que ele havia até mesmo terminado com a menina que eu tinha visto ali algumas semanas antes. As palavras de Izzie também vieram à minha mente. Baque a difícil, os garotos gostam de desafios. Respirei fundo e me afastei dele.
- Não sei - eu disse. - Vou pensar.
Ele pareceu desconcertado e depois deu de ombro.
- Como queira.
A seguir, abriu a porta para me deixar sair.
- De qualquer modo, você provavelmente é novinha demais pra mim.
Mas ele estava sorrindo quando disse isso.

O tempo estava se acabando. Segunda-feira era o Dia da Wacko e sábado começava a Semana de Moda. Quando eu ia arranjar um tempinho para escolher meus temas? Peguei minha ficha e me sentei à mesa da cozinha, tendo diante de mim o que eu havia feito até aquele momento. Três linhas.
- Lucy, você não devia estar dormindo? - pergunto minha mãe. - São quase 11 horas.
- Precisamos entregar isso na segunda-feira e ainda não tenho a menor pista do que quero ser quando crescer.
Escolhas demais. Está me deixando louca.
Mamãe sentou-se junto de mim.
- Eu me lembro de mim sentir do mesmo modo - ela falou. - Na verdade, mesmo agora não sei o que quero ser quando crescer.
- Mas você é adulta. E tem um trabalho.
- Sim, mas às vezes ainda me sinto com 19 anos. Há sempre escolhas, não é? Quer dizer, sei que tenho um trabalho. Sou uma psicoterapeuta. Mas não é o que eu sou. É apenas o que faço. Quem eu sou está mudando o tempo todo e eu podia mudar de trabalhi no momento em que eu quisesse.
- Eu queria poder me decidir por uma única coisa, deixar pra lá esse papo de mudança. É tão aborrecido!
- A escolha não é uma maldição, Lucy. É uma bênção. E sempre haverá mudanças. A casa dia, a casa semana. Elas continuam a vir.
Dei um gemido.
- Há escolhas fáceis, do tipo "você quer pizza de atum ou de quatro queijos?" , "vou pintar as unhas de rosa ou de violeta?" . E existem as escolhas maiores, coisas mais sérias como a carreira ou os relacionamentos. E essas escolhas vão parecer que mudam o tempo todo, dependendo de como você está se sentindo por dentro e também de como as influências externas a afetam.
- Tudo isso parece tão complicado - falei com um suspiro. - Oh, quem me dera ter uma vida sem problemas.
- Faço um brinde a isso - disse mamãe. - E o que está rolando com aquele garoto de quem vc gosta?
- Ele diz que sou jovem demais para ele. Mas não é isso. Pensei que uma das meninas com quem ele saiu tivesse 16 anos, mas acontece que ela tem a minha idade. Só que eu aparento ter menos.
- Algum dia você vai considerar isso um presente - disse mamãe com um sorriso. - É um traço familiar, ninguém na nossa damília aparenta a idade verdadeira. Acredite, quando você tiver 30 ou 40 anos, ficará feliz por parecer mais jovem. Mas agora chega, direto para a cama. Durma sobre seus problemas. A gente nunca sabe, talvez tudo fique mais claro de manhã.
Até parece. Nunca que eu viu conseguir dormir. E se eu escolher o tema errado e me arrepender? Eu queria, eu queria saber o que fazer. Decisões, decisões, decisões...

Galeras, Paqueras & Sutiãs InfláveisOnde histórias criam vida. Descubra agora