Noite de balada

92 4 0
                                    

Sábado à noite. É hora de balada
Nós vamos ao Boliche Hollywood, em Finchley. Papai chama o lugar de "paraiso teem". Toda a galera da escola aparece por lá. É um grande complexo com uma quadra de boliche, cafés e um cinema, tudo construido em torno de uma praça onde você pode estaciona - se tiver automóvel - ou ficar circulando, com ares de descolados, se quiser ser visto. No fim de semana, passa por ali a maioria da população adolecente do bairro.
Por falar nisso, o que vou vestir? Paola e Izzie sempre estão com uma aparência fabulosa, então é melhor eu me esforçar.
Vasculhei meu guarda-roupa, mas tudo que me encarou de volta foram as peças do ano passado, gastas, sem graça ou infantis. Por algum tempo eu tive uma fase pink, mas agora tudo parece menininha demais. Realmente preciso de roupa novas.
De repente, tive uma idéia.
- Mamãe - eu falei do alto da escada. - Onde você colocou aquela pilha de coisas para doação?
-No armário do corredor - ela respondeu da cozinha. - Pensei que você não queria nada daquilo.
Naquela manhã mamãe tinha chegado de sua compra semanal com a costumeira sacola de pechinchas da Associação Beneficiente. Nem morta eu seria vista usando aquelas peças, grander ou estampadas demais, mas havia uma blusa tamanho 50. Nem sei quem mamãe imaginou que poderia vestir aquilo, e num primeiro momento eu a descartei. Mas o tecido era lindo, prateado e sedoso.
Eu a tirei da sacola, peguei uma tesoura grande e fui para a máquina de costura na sala de estar. Cortei as mangas e a parte da frente, ficando com a de trás. Em seguida eu a cortei, fiz a bainha embaixo e passei a modelar um top.
Acabei em menos de uma hora. Morram de inveja garotas chiquérrimas, eu pensei enquanto experimentava meu novo top. Não ficou nada mal. Eu podia usá-lo com meu jeans preto.
- Você não vai sair como isso - falou meu pai quando desfilei com meu top para a família
- É outubro, você vai morrer congelada.
- Eu visto um casaco - prometi.
Ele franziu a testa.
- É ousada demais para auguém da sua idade.
- Papai, eu não sou mais um bebê - respondi.
-Acho que você ficou legal - disse Lal, desviando os olhos de "Xena: Princesa Guerreira".
- O que você acha, Steve? - perguntei.
Ele me deu uma olhada de alto a baixo.
- Nada mal.
Vindo dele, isso é um senhor elogio.
- Você fez um trabalho muito bom - falou mamãe examinando os pontos que eu dera. - Esse prateado realça lindamente seus olhoa azuis. Oh, Peter, deixe que ela vista isso.
- Você não pode costurar mangas nele? - indagou papai, ainda não convencido.
O estilo é assim; não é para tee mangas.
- Bem, ok, mas não esquela de usar o casaco. E eu vou buscá-la ás nove e meia. Nem um segundo depois. Não quero que você fique até tarde na rua vestida desse jeito.
- Oh, papai, por favor, pelo menos até as dez. Eu vou me encontrar com Paola e Izzie. Elas podem ficar até mais tarde. Por favor. Por favooor!
- De horas, não mais do que isso - disse mamãe. - E seu pai vai estar lá esperando por você.
- E não faça nada que eu não faria - observou Lal orinicamente.
Permissão de um garoto de 15 anos para eu beijar qual quer um, pensei.

Comecei a me aprontar com tempo de sobra. Primeiro tomei um banho, mas infelizmente Steve e Lal tinhan usado o banheiro na hora em que chegaram do jogo de futebol. Estava um caos! O sabonete tinha virado uma meleca, porque algum dos fofos o havia largado numa poça d'água, dentro da sabonetera. As toalhas, encharcadas, estavam jogandas no chão. A alegria de ter irmãos mais velhos. Argh!
Entrei no quarto de mamãe para pegar toalhas limpas e foi então que notei o pote. Cera para remover pêlos indesejados. Justamente o que eu queria. Eu tinha um tufo de cabelo crescendo sob meus braços e não queria ser flagrada como Julia Roberts a caminho da première de um filme. Quando acenou para os fotógrafos, todos tiraram fotos de suas axilas peludas. Não que os paparazzi fossem estar á noite no boliche, mas você nunca sabe quem mais poderia estar. Um dia, meu príncipe virá.
Como mamãe tinha saido para visitar os vizinhos, careguei o pote para o meu quarto e li as instruções. Aqueça a cera, aplique na área, e depois puxe. Parecia bem simples, então fui até a cozinha e aqueci a cera em uma penela com água sobre o fogão. Esperei até que começasse a borbulhar.
- O que você está fazendo? - indagou Steve, aproximando-se e quase enfindo o nariz dentro da panel. - Caramelo?
- Usando cera de depilar - respondi, e mostrei-lhe minhas axilas.
- Argh - ele rosnou, dando um passo atrás. - Coisa de garota.
Posso tirar do seu peito, se você quiser - ofereci. O "pêlo no peito" dele era umPiada na família. Ele só tem um. Todos nós o vimos no jardim neste verão, quando ele tirou a camisa. Nós cantamos para ele "Macho macho man". Ele morreu de vergonha.
- Não vai doer? - pergunto.
- Não - respondi. - E vai ser fácil. E tão barato... Izzie fez uma depilação de perna no mês passado e gastou quase metade de sua mesada. Isso não está custando nada.
Steve me encarou, cheia de dúvidas. Ben e Jerry olharam de seu lugar de dormir, debaixo da mesa. Até eles pareciam cheios de dúvidas.
Quando a cera esfriou um pouco, Jenny me seguiu escada acina e observou com interesse enquanto eu pegava a espátula e aplicava a cera prodigamente sob meus braços. Arranque com um firme movimento ascendente, instruíaa embalagem.
Ergui meu braço esquerdo, peguei um pouco da cera agora endurecida e comecei a puxar.
Ohmeudeus. OHMEUDEUS. Argggghhhhh!!! Agonia. Meus olhos começaram a lacrimejar e meu rosto ficou vermelho como um tomate. Puxei de novo. Nada. Não saía de jeito algum. O que eu ia fazer?
Respirei fundo e arranquei. ARGGGHHHH! Caí de costas na cama, suando em agonia. Jenny imediatamente pulou em cima e deu uma grande lambida molhada no meu rosto.
Enquanto eu tentava afastá-lo, falei ofegante:
- Por que ninguem diz a você que é tortura? Izzie nunca contou!
Então lembrei que tinha aplicado aquela coisa horrivel debaixo dos dois braços. Mas eu não podia passa por aquilo outra vez. Simplesmente não podia. Só que a cera iria aparecer se eu não retirasse. Não havia saida.
Deitei na cama com o braço direito da cabela e timidamente comecei a puxa a cera. A dor era indescritível. Jerry começou a latir quando escutei mamãe entrar pela parte da frente.
- Mãe - eu gritei. - MAMÃÃE, precisi de você!
Eu poderia escúta-la subindo correndo a escada.
- O que foi? - pergunti ela, precipitando-se pela porta.
- Aconteceu alguma coisa?
Fiz que sim com a cabeça e apontei para meu braço.
- Usei a sua cera para depilar minhas axilas.
Mamãe sentou na cama sacudindo o corpo de tanto rir.
- Bem-feiti, para você aprendee a não mexer nas minhas coisas - disse.
- Eu não queria dar uma de Julia Roberts - expliquei.
Ela olhou para mim como se eu estivesse louca.
- Não é muito ruim quando você usa isso nas pernas, mas nas axilas - começou a ror outra vez -, é um horror! As pobres axilas são muito mais sensíveis!
- Você tem alguma coisa que possa dissolver isso? - perguntei esperançisamente.
Ela megou com a cabeça
- Acho que não. Vamos, a gente termina logo com isso.
Braço para cima. VAMOS. Braçis erguido.
Hesitante, levantei o braço.
- Olhod fechados. Respiração profunda - falou mamãe.
Respirei fundo e ela puxo.
- ARGGGHHH! - berrei, e Jerry uivo em solidariedade.
Era como se alguem tivesse arrancado a minha pele.
Mamãe se inclinou e olhou sob meu braço.
- Um pouquinho de talco e não vai ter problema. - Depois deu um sorriso forçado: - Bem-vinda ao mundo do você-tem-de-sofrer-para-ser-bela.
- Ela está com vocês? - pergunto a vendedora de ingressos do cinema.
Paola fez que sim com a cabeça e tentou enfrentar o problema. - Três, por favor.
Eu me afastei e tentei parecer invisível, enquanto todos na fila me encaravam.
- Você sabe que precisa ter 15 anos para assistir ao filme?
Paola concordou.
- Sim, claro
- Você tem algum documento que comprove a sua idade?
- perguntou a moça da bilheteria, olhando ostensivamente para mim.
Paola sacudio a cabeça.
- Não comigo.
Izzie puxou a manga de Paola.
- Vamos embora.
Enquanto nos afastávamos pelo saguão, eu podia ouvir a vendedora de ingressos emitindo pequemos ruídos de desaprovação enquanto recebia o dinhero das pessoas do resto da fila.
- Honestamente, as crianças de hoje em dia... Elas estão sempre tentando aprontar alguma.
Tentei fugir de todos os olhares enquanto saíamos de mansinho. Eu me sentia péssima. Era minha culpa, Izzie e Paola podiam facilmente passar por 16 anos. Sou eu. Embora eu tivesse aplicado sombra nos olhos e passado batom. Arruinei a noite delas.
- Pouca sorte - disse alguém na fila.
Todas nós nos viramos e vimos Michael Brenman com um bando de amigos esperando para entrar
Ele estava sorrindo para Paola.
-Todo mundo pode ver que a anãzinha não tem idade suficiente - zombou Josie Riley, olhando para mim. Ela é uma imprestável da penúltima série, com jeitão de Barbie e bem conhecida como encrenqueira em nossa escola, sempre escolhendo as garotas mais jovens ou menores como eu. Josie enroscou o braço no de Michael e o puxou, então olhou outra vez para nós e disse: - No futuro, fiquem com Disney, crianças.
Paola a encarou com os olhos fuzilantes.
- Você está olhando o quê? - falou Josie.
- Só estou tentando imaginar você com uma fita adesiva tapando a sua boca - respondeu Paola
Eu engoli em seco. "Uai! Saiam do caminho, garotas covardes", pensei. "Paola Williams está na cidade". Eu me dirigi para a saida. Não queria confusão. Sabia do que Josie era capaz. Certa vez, ela e sua patota nojenta me pegaram no banheiro da eacola, colocaram meus livros na pia e abriram as torneras. Levei séculos para sevar as páginas.
Michael se afastou de Josie e foi na direção de Paola.
- Você é nova na escola, não é?
Paola concordou, sem tirar os olhos de Josie, que ainda estava em estado de choque pelo comentário e parecia mais do que um pouco infeliz. Não acredito que alguém já tivesse respondido a ela nesse tom.
- A gente podia pegar os ingressos para vocês - ele falou.
Izzie puxou o braço de Paola.
- Não acho que valha a pena arriscar - ela disse a Michael.
- Se a vendedora de bilhetes nos vir entrando, vocês também vão ter problemas.
- Vamos, Michael, deixe crianças brincarem - falou Josie avançando na fila. - Está quase na nossa vez.
Michael voltou para a filá.
- Bem, eu vejo você por ai - falou, e sorriu novamente para Paola.

Galeras, Paqueras & Sutiãs InfláveisOnde histórias criam vida. Descubra agora