Antes de Partir

Hora 11

Ficamos em uma mesa mais distante das outras.

Escolhemos a sugestão do chefe e enquanto isso, apenas conversamos sobre assuntos como "o quanto aquele lugar era bonito".

Admito que não prestava muita atenção em algumas das suas palavras, eu simplesmente me perdia nos olhos e nos lábios dele e quando retornava a realidade, já nem sabia do que estávamos falando.

Até que por um momento, não tive como não me concentrar em cada uma das suas palavras.

- Preciso te dizer o real motivo de te chamar aqui. - Ele exclama e faz uma pequena pausa.

- OK. Eh... Pode falar... - Digo apreensiva.

- Olha, eu gosto de você e não sei o quanto ou por que, mas é algo que não consigo controlar e como pode ver, nem esconder. - Ele declara com a voz trémula.

- Por mais incrível que essa frase possa soar... - Falo com tom de ironia.

- Por que diz isso? - Ele pergunta.

- Por que garotos como você não costumam gostar de garotas como eu, pra ser mais sincera qualquer garoto, não costumar gostar de garotas como eu. - Exclamo.

- Então acho que sou diferente de todos os outros. - Ele fala olhando para a mesa e depois para mim.

- Como tem tanta certeza que gosta de mim? - Pergunto meio envergonhada.

- Por que quando eu te vejo, não enxergo mais nada ao redor. Quando conversamos sinto que posso confiar em você e que não preciso de mais nada... - Ele fala confiante.

- Não sei como responder a isso...
Eu, olha, acho que também sinto algo por você, mas não tenho certeza do que se trata exatamente. - Digo com firmeza.

- Então é basicamente isso?! - Ele fala olhando fixamente nos meus olhos.

- É, basicamente. - Confirmo.

Um homem de terno, trazendo numa bandeja nossos pratos, servi nossos champagnes, e saí.

O silêncio ecoa por alguns bons minutos, até que ele começa a puxar outros assuntos aleatórios, (uma boa forma de quebrar o iceberg entre nós)parecendo estar um pouco ansioso ou receoso, não sei definir bem.