Capítulo 6 - O Resgate

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Estava sendo levada para um lugar desconhecido por mim e onde eu terminaria minha jornada. Tudo isso irá ter fim. Mas poderia ter sido diferente. Pelo menos alguém poderia ter conseguido se salvar mas a morte é injusta e não deixaria passar a oportunidade de levar duas almas para o além.

  Continuava desde alguns minutos atrás encostada na janela escura do carro. Antes disso eu estava chorando, sentindo uma dor pontiaguda no peito. Talvez no coração. Eu não consegui fazer nada por ele, ao contrário dele que me defendeu e tentou me ajudar com todas as suas forças. Mas o que eu poderia fazer se eu ao menos nem sei me defender? Seria em vão.

Fiquei pensando e refletindo sobre o que teria acontecido com o Daniel se não tivesse vindo atrás de mim. Se ele agora estaria vivo. Eu só não estou chorando agora porque não tenho mais forças para isso. O carro sacudia e rangia conforme seguíamos caminho pela estrada de terra desnivelada. Arrisquei dar uma olhada para o lado, de relance vi meu abusador abrindo o zíper da calça. Franzi as sobrancelhas confusa mas logo o medo volta.

Achei que tudo estivesse acabando, que faltava apenas a minha morte para o fim. Mas vejo que a situação é outra. Ele ainda quer ter um último momento comigo. Sinto nojo e tampo a boca para não vomitar no carro, meu estômago está embrulhando. Ele começa a me agarrar para colocar - me deitada no banco. Luto contra ele, dando tapas e murros que parecem não ter efeito. Esquivo - me tentando me afastar dele até que um baque forte no carro acaba fazendo com que eu bata a cabeça no vidro e ele se estilhaça no meu rosto.

Sinto o carro dar alguns giros até  finalmente bater sua frente em algo. Minha primeira reação desde os momentos em que o carro girava era pressionar os olhos com força já esperando pelo pior. Depois de um instante tentando processar o que havia acontecido permito-me respirar. Eu havia prendido a respiração e não percebi. Dou uma olhada em volta e vejo luzes brilhando. Já era noite e a estrada estava escura, deve ser por esse motivo que aconteceu o acidente. Mas como a maior parte das vezes: eu estava enganada.

Percebi então que não havia sido um acidente. Levantei um pouco para a frente mas minha cabeça doía. Levei minha mão até ela e a dor aumentou, tirei rapidamente a colocando em frente ao rosto. Ela estava encharcada de sangue. Senti algo escorrer pelo meu rosto e comecei a verificar. Passo a mão em minha face e sinto uma ardência, deve ter vários cortes. Respiro ofegante, antes já estava fraca e agora perdendo bastante sangue vai ser mais difícil de aguentar. O estuprador também está checando se está tudo bem com ele mesmo. Não há nenhum arranhão nele. É injusto como nada acontece com pessoas que realmente merecem. 

Novamente uma luz colorida brilha em meu rosto e eu aperto os olhos tentando desviar e colocando a mão em frente ao rosto. Arrisco uma olhada novamente e observo que são varias viaturas chegando uma em seguida da outra

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