Ele se afastou e foi para um canto do galpão, conseguia ver que lá havia uma mesa, mas não via o que tinha sobre essa mesa. Fiquei apenas observando ele escolher algo que havia lá.
De repente ele se vira e vem em minha direção novamente, depois de um tempo percebo que há um tipo de chicote em sua mão e o medo cresce cada vez mais. Fico perplexa, o que ele vai fazer? Penso em mil possibilidades olhando para o chão até que algo acerta o meu rosto com bastante força e logo vem a dor, uma queimação intensa na minha bochecha direita e aperto as correntes ao tentar puxa-las . Volto a chorar e sinto algo escorrer pela minha bochecha e pingar no chão. É o meu sangue. Ele bateu tão forte que acabou gerando um corte no lugar.
- Por favor... - murmuro baixinho, quase inaudível, gemendo com a dor e ao mesmo tempo chorando - E-eu faço qualquer coisa. - digo em um suspiro, perdendo minhas forças.
- Já é tarde demais Ana. - ele dá uma gargalhada e eu perco os sentidos.
...
Acordo depois de um tempo com uma luz em meu rosto, completamente exausta. Levanto a cabeça e nunca poderia imaginar que veria isso neste momento.
Daniel.
Ele veio. Veio para me salvar. Ele não pode ficar aqui. Vão matá-lo.
De repente comecei a chorar, mas não sabia o por quê. Talvez pela dor, ou pela exaustão, ou até mesmo por ele estar ali.
Ele me abraça e coloca o dedo indicador no meio da boca representando que era para mim ficar em silêncio, mas era impossível naquele momento. Eu estava abalada, minha mente infestada de pensamentos ruins e o medo crescia novamente.
Daniel tentava abrir desesperadamente as correntes. Ele sabia assim como eu que o tempo era curto e cada instante é valioso. Abaixo o rosto com a expressão cansada. Não estava dando para aguentar. Isso é muito mais do que eu possa suportar.
Ele passa as mãos pelos cabelos com impaciência e olha intensamente nos meus olhos que já estão vermelhos de tanto chorar. Segura meu rosto com as duas mãos fixando nossos olhares e sussurra baixinho mas com preocupação crescente em sua voz:
- Ana, eu vou te deixar um pouco até eu achar algo para tirar essas correntes. Confie em mim.
Mal ele sabia o quanto eu confiava nele desde o primeiro momento em que o vi. Não é algo comum para alguém que passou vários anos de sua vida desconfiando das pessoas.
Depois de um instante me olhando, talvez para ter a certeza de que eu ficaria bem, ele sai lentamente olhando para os lados e de vez em quando encontrando nossos olhares e desaparece da minha vista. Suspiro pesadamente e pressiono os olhos com força deixando algumas lágrimas rolarem. E enfim o estuprador volta me assustando. Ele anda firmemente em minha direção sem tirar os olhos do meu rosto e percebo que ele está furioso. Arregalo os olhos sentindo um medo ainda maior me invadir. Por ele estar furioso, e também por Daniel estar tão próximo e que algo possa acontecer a ele.
Ele para em minha frente analisando meu rosto com as sombrancelhas franzidas e suspira fortemente começando a se pronunciar:
- Digamos que dessa vez você está com um pouco mais de sorte. - alisa meu rosto com suas mãos imundas e eu estremeço - Algumas viaturas policiais estão próximas ao nosso esconderijo e então teremos que nos por em ação. - franzo o cenho tentando entender o que ele quer dizer com isso - Iremos para um outro galpão abandonado mais distante daqui e por fim terminaremos tudo isso. - abaixo a vista enquanto ele sai um pouco mais relaxado.
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Prova de Amor
Romantizm- Não precisa se preocupar, Ana. Eu vou te proteger. - ele pega a minha mão e começa a acariciar. - Não, Daniel. Você não pode me proteger, ninguém pode. - levanto o rosto para olhar pra ele e vejo lágrimas a escorrer pelo seu rosto. - Eu fiquei afa...