Capítulo dezesseis

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Ela dormia lindamente ao seu lado. Ressonava tranquilamente. Tão serena quanto à noite e tão delicada quanto uma flor. A linda morena, ao seu lado, agora era uma mulher. Ele a transformou em mulher, e foi à coisa mais satisfatória que fez. Apesar de sua embriaguez, ele podia entender que não estava certo, não naquela situação, mas foi mais forte do que ele e não pôde evitar. Ela era linda. Ela o atraia como o cântico de uma sereia. O seu sorriso de menina. A sua timidez. Eram características das quais nunca lhe chamaram a atenção. Mas ela estava ali o provando o contrário. Sua inocência era cativante e o provocava de forma inexplicável, como, nos tempos de hoje poderia haver uma garota cujo sua timidez fosse sua arma para a sedução? Talvez, ela nem percebesse. Ele a olhou novamente.

E adormeceu pensando em quão linda Anastásia era.

Anastásia!

(...)

Seus olhos se abriram rapidamente. Ele sentou na cama e percebeu que ainda estava escuro. Olhou para o despertador e viu que ainda eram três da manhã. Seu sonho havia o despertado. Um sonho com Anastásia. Olhou para o lado e a viu, então tudo voltou: era ela, a garota sem rosto de seus sonhos; era Ana. Christian estava atordoado com a descoberta: há quatro anos atrás ele havia tirado a virgindade de Anastásia quando estava bêbado. Mas como? Porque ela não o impediu? Será que ele a forçou? Usou força bruta? Essa hipótese o fez estremecer. Sua mente estava sendo perturbada por inúmeras perguntas sem respostas. A mulher ao seu lado, a qual ele teve o imenso prazer de fazer amor, já era sua à muito tempo. E ele nem lembrava que isso havia acontecido, consequência de uma bebedeira exagerada. Suas memorias voltaram quando a tocou, quando viu o sinal na virilha dela, ele pôde vê-la nas duas dimensões: no presente e no passado. Christian voltou a se deitar ao lado dela, sentindo seu coração acelerado. Por que ele se sentia assim quando está com ela? Ainda assim, ele sentia uma pontada de insegurança por ela não ter contado isso. Mas como poderia? Deveria ter se envergonhado? Será que foi um abuso? Droga! Sua mente estava sem freio. E tudo que ele queria eram respostas.

Passando as pontas dos dedos levemente pelo rosto dela, afastando algumas mechas de cabelo, Christian pôde se recordar o quanto Ana era tímida quando a conheceu na casa do lago. Ele a observava quando estava sozinho, gostava de vê-la sorrindo e corando como acontece hoje em dia. Talvez, essa seja a explicação para as sensações e emoções desconhecidas que ele sentia quando estava com ela. Seu corpo já tinha decifrado o dela quando a tocou intimamente pela primeira vez. Cada pedacinho do corpo dela o pertencia, cada beijo e cada toque. Sua fragrância de mulher estava impregnada em seu corpo assim como a de Christian estava nela. E isso fazia seu coração encher de uma felicidade desconhecida, como se esse detalhe de sua vida que fora esquecido fosse algo que ele sempre quisera. O pertencia. Ele foi o primeiro homem da vida dela.

(...)

A luz do dia preenchia o quarto. A manhã havia chegado e parecia mais colorida. Ana estava acordada, mas seus olhos estavam fechados. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios ao se recordar da noite passada. Ela sentia seu corpo languido ao se espreguiçar, resultado do que ela e Christian fizeram. Foi maravilhoso. Ele a tocou com carinho e a deu um prazer indescritível. O que eles fizeram foi ainda melhor do que a primeira vez com ele. Além dele está lucido, e que no dia seguinte se lembraria do que aconteceu, Ana sentia que havia algo a mais. Uma corrente invisível que os puxava cada vez mais para perto um do outro, como um imã. Abrindo lentamente os olhos, Ana se viu sozinha na cama. Ela franziu o cenho ao não encontrar Christian ao seu lado. Devagar, ela se sentou na cama. O cheiro dele estava no quarto, nos lençóis, em seu corpo. Mas ele não estava ali. Não poderia ter sido um sonho. Um gosto amargo invadiu sua boca, será que ele não havia gostado? A possibilidade de ele a rejeitar, deixava Ana deprimida.

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