capitulo 4

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"A descoberta "

Desliguei a TV rapidamente, não gostava de ver notícias ruins. A notícia sobre o corpo encontrado me deixou inquieta, uma sensação estranha se espalhando pelo peito.

Levantei e fui para o banheiro tomar um banho, tentando afastar os pensamentos sombrios. A chuva começou a cair lá fora, forte e constante, e a previsão do tempo ecoava na minha mente: "não saiam de casa".

Depois do banho, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Beatriz. Já fazia uma semana que não tinha notícias dela, e a preocupação começava a me consumir.

Decidi que precisava vê-la, então peguei meu guarda-chuva e abri a porta. A chuva estava pesada, mas eu não queria dirigir na tempestade. Caminhei até a casa de Beatriz, a escuridão da noite me cercando.

Ao chegar, percebi que a casa dela estava completamente escura. Toquei a campainha, mas não obtive resposta. Bati na porta repetidamente, mas ainda assim nada.

— Juro que quando eu a encontrar, eu a mato! — murmurei, frustrada, e comecei a voltar para casa. A chuva se intensificou, e eu estava encharcada.

Enquanto atravessava a rua, escorreguei e o meu guarda-chuva voou longe, levado pelo vento.

— Não saia de casa, a moça do tempo disse... burra!

Levantei-me, tremendo de frio e de raiva, e continuei a andar. O vento cortante me fazia sentir ainda mais vulnerável. Foi quando escutei uma voz ao longe.

— SOCORRO-O!!!

Meu coração disparou. A voz parecia vinda da floresta, a escuridão engolindo tudo à minha volta.

— SOCORRO-O!!

Os gritos ecoavam, e, apesar do medo, algo me impulsionou a seguir em frente. Respirei fundo e me aproximei da floresta, hesitante.

— Olá, tem alguém aí? — chamei, mas não obtive resposta.

Peguei meu celular, liguei a lanterna e continuei a caminhar, os galhos estalando sob meus pés. A tensão aumentava a cada passo, e a sensação de que algo estava errado pesava no ar.

Quando ouvi outro ruído, algo como folhas secas sendo pisadas, parei.

— Olá? Tem alguém aí?

Tentei me manter calma, mas meu coração estava acelerado. O vento soprava forte, e o medo começou a tomar conta de mim. O que eu estava fazendo ali?

Então, vi uma silhueta entre as árvores. O instinto de correr apareceu, mas algo me prendeu ao lugar. A silhueta se movia, e eu queria gritar, mas as palavras não saíam.

Precisei de coragem para dar um passo atrás, mas então ouvi um grunhido vindo da escuridão. Meus instintos gritaram para que eu fugisse, e, finalmente, dei meia-volta, decidida a sair daquele lugar.

Mas não consegui. Quando me virei, vi uma figura enorme se aproximando. Era uma criatura que eu nunca poderia ter imaginado. A adrenalina tomou conta de mim e, sem pensar, comecei a correr.

só queria sair dali, conseguia sentir que a criatura estava vindo atrás de mim, corro com toda a força que tenho, meus pulmões estavam ardendo e meu coração disparado, falho miseravelmente quando acabo caindo, ou tropeçando, eu realmente não sei.

Me arrastei até uma grande árvore e me escondi atrás dela, tentando controlar a minha respiração. Poderia ser apenas coisa da minha cabeça, mas, considerando o tamanho daquela coisa, se ela quisesse me pegar, já poderia ter feito. Eu não sou um exemplo de corredora; na verdade, sou totalmente sedentária. Meus pulmões estavam gritando por ar, e eu tentava ao máximo acalmar a respiração. Então ouvi barulhos.

— Vamos! Apareça, escuto a sua respiração, o barulho do seu coração que está totalmente disparado. Não adianta você tentar se esconder, docinho, apareça, não vou te matar.

Meu coração acelerou ainda mais ao ouvir a voz. Coloquei a mão na boca para não gritar e fechei os olhos por um segundo. Quando os abri novamente, levei um susto. Ele estava ali, bem na minha frente.

— HAAAAAAAA!

— Te achei! — ele disse, com um sorriso que misturava diversão e desafio.

— Não... Por favor, não faça nada comigo, me deixe ir embora. Eu prometo que não conto nada para ninguém do que vi, ou do que você é!

Ele passou os dedos pelo meu rosto lentamente, como se estivesse estudando cada traço.

— E o que eu sou?

— Eu... eu não sei! Você era um... um...

— Um o quê? — ele insistiu, com um brilho divertido nos olhos.

— Você era uma coisa peluda, como um cachorro grande, e agora é um ser humano! Eu não sei!

Ele sorriu de forma enigmática, mas então seus olhos mudaram, tornando-se vermelhos, como brasas ardentes. O medo tomou conta de mim.

— Você está mais certa do que imagina, Vitória.

A tensão no ar se intensificou. O que ele estava prestes a revelar poderia mudar tudo. Eu precisava encontrar uma maneira de sair, mas a curiosidade também me prendia. A floresta parecia estar viva ao nosso redor, e eu estava em uma encruzilhada entre o medo e a verdade.

— Você sabe o que eu sou; afinal, estava naquele seu livrinho idiota.

Quando ele disse essas palavras, uma imagem tomou conta da minha mente. Era ele, o homem misterioso da loja, e logo me lembrei da nossa pequena conversa.

— Lobisomem... você é um lobisomem.

— Isso mesmo, docinho, e você é minha!

Fechei os olhos, aceitando o destino que parecia iminente. Mas, de repente, senti uma força que o jogou para longe de mim. Abrindo os olhos, vi Beatriz. Ela estava diferente, seus olhos brilhavam em um tom amarelo intenso, e garras e presas ameaçadoras se destacavam em seu rosto.

— Beatriz? — murmurei, atordoada.

Ela se virou para mim, a tensão evidente em seu corpo.

— Vitória, você precisa sair daqui! — sua voz era firme, mas havia uma inquietação em seus olhos. — Ele não pode te pegar!

O lobisomem se levantou, furioso.

— Você não deveria estar aqui, Beatriz! Você não faz parte disso!

Beatriz se colocou entre mim e ele, pronta para proteger.

— Não toque nela! — ela gritou, sua voz soando como um rugido.

Eu mal conseguia processar o que estava acontecendo. O que Beatriz se tornara? Por que ela estava assim? A atmosfera estava carregada, e o conflito entre eles parecia iminente.

— Você não pode controlá-la, Beatriz. Ela pertence a mim! — ele rosnou, aproximando-se.

O pânico tomou conta de mim, mas ao mesmo tempo havia uma centelha de esperança. Beatriz estava ali para me proteger, e eu precisava confiar nela.

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