capítulo 19

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Vitória:

Tudo parecia estar bem, mas fomos atacados. A calmaria da manhã foi abruptamente interrompida por gritos e o som de vidro quebrando. O coração disparou em meu peito enquanto eu e Aaron nos levantávamos, alertas.

Corremos em direção à porta, onde um grupo de vampiros irrompeu, trazendo consigo a escuridão que jurávamos ter deixado para trás.

— Não! — gritei, segurando a mão de Aaron com força. Ele olhou para mim, a determinação nos olhos.

— Fique atrás de mim, Vitória! — ele ordenou, já se preparando para lutar.

A tensão no ar era palpável, e eu sabia que não poderíamos recuar. Precisávamos defender nosso novo lar e as pessoas que tinham se tornado nossa família. O instinto de luta se acendeu dentro de mim, e estava pronta para usar minha magia, mesmo que o medo ameaçasse me paralisar.

Porém, quando vou atacar, sinto meu corpo pesar e a escuridão me tomar. Uma fraqueza avassaladora se apodera de mim, e mal consigo manter os olhos abertos. O mundo ao meu redor se torna um borrão, e ouço as vozes distantes de Aaron e dos outros lutando.

— Vitória! — ele grita, mas sua voz parece vir de muito longe.

Tentando resistir, me esforço para me concentrar, mas a escuridão é muito poderosa. Sinto uma presença maligna se aproximando, e, por um breve momento, reconheço Victor entre as sombras, seus olhos brilhando com satisfação.

— Sua luz não pode brilhar aqui, Vitória — ele sussurra, e a sensação de desespero aperta meu coração.

Eu sei que preciso lutar, que não posso deixar que ele me vença. Mas o peso da escuridão é forte demais, e, lentamente, perco a consciência enquanto a batalha continua ao meu redor.

Acordo e não reconheço o local em que estou. As paredes são de pedra fria e úmida, e uma luz fraca entra por uma pequena janela. Tentei me levantar, mas meu corpo ainda está fraco. A lembrança da batalha e da presença de Victor invade minha mente.

— Aaron! — chamei, mas a voz saiu fraca e trêmula. Não havia resposta.

Com esforço, olho ao redor. O lugar parece uma cela, e a sensação de pânico começa a crescer em mim. O que aconteceu? Onde estavam todos?

Levanto lentamente, tentando recuperar as forças. Uma porta rangendo ao abrir chama minha atenção, e um rosto familiar aparece. É Beatriz, sua expressão de alívio logo se transforma em preocupação.

— Vitória! Você está acordada! — Ela corre até mim, e a alegria de vê-la me dá um pouco de força.

— O que aconteceu? Onde está Aaron? — perguntei, minha voz ainda fraca.

— Nós fomos capturados. Victor... ele nos separou. Mas estamos tentando escapar. Você precisa se levantar!

Antes de conseguir dizer mais alguma coisa, Victor aparece na porta, um sorriso satisfeito nos lábios. Sua presença traz um frio na espinha e o ambiente imediatamente se torna opressivo.

— Olha quem finalmente acordou! — ele diz, com um tom de deboche. — Estava começando a achar que você não voltaria.

Penso em usar minha magia, mas antes que eu possa concentrar minha energia, Victor levanta a mão, interrompendo-me.

— Faça isso e você nunca mais verá o seu amado — ele diz, com um sorriso que mistura triunfo e malícia.

Meu coração dispara com a ameaça. Aaron... a imagem dele me dá força, mas também medo. — Você não pode me intimidar, Victor.

Ele se aproxima, o olhar penetrante. — Você não entende a gravidade da situação. O que você e seus amigos estão enfrentando é muito maior do que você imagina.

— E o que você quer de mim? — pergunto, tentando manter a calma, apesar da tensão no ar.

— Quero que você quebre a maldição — ele responde, com um tom que sugere que não aceitaria um não como resposta. — E você fará isso por mim.

Beatriz dá um passo à frente, desafiando-o. — Você não pode forçá-la. Não estamos com medo de você.

Victor ri, mas há um tom de frustração na sua voz. — Ah, mas você deve estar. O tempo está se esgotando, e cada momento que passa, as consequências serão ainda mais severas.

Sinto o peso da pressão sobre mim, mas decido que não vou desistir tão facilmente. Aaron precisa de mim, e eu não posso deixar que Victor ganhe.

Por que está fazendo isso? — pergunto, confusa. — Sei que você deve estar buscando vingança por terem matado a mulher que você amava.

Victor ri, um som frio e cortante. — Eu não estou buscando vingança por ela. Na verdade, eu nem sequer a amava.

As palavras dele me atingem como um soco no estômago. — Então, o que você quer? Por que tudo isso?

Victor sorri com um brilho maligno nos olhos. — Quer ouvir uma historinha legal? Quando conheci Cristal, eu já estava com Camile. Eu percebi que ela era uma deleyon e que precisava da magia dela para quebrar a maldição. Então, a conquistei e finji que a amava. Enquanto eu usava Cristal para meus planos, Camile estava com Aaron porque eu mandei que ela ficasse ao lado dele. E assim, descobri tudo o que precisava para derrotar mais esse inimigo.

Victor continua, com um sorriso satisfeito. — Eu manipulei cada um dos movimentos, Vitória. Camile estava lá, fingindo estar ao lado de Aaron, enquanto eu observava tudo de longe.

— Mas, infelizmente, o clã descobriu meu plano em cima da hora, o que fez com que Cristal não me ajudasse. Eles tentaram me prender em um mundo mágico, mas eu era mais forte e os destruí antes que conseguissem — Victor disse, um sorriso cruel nos lábios.

O peso de suas palavras me esmagava. Ele não apenas se vangloriava de suas ações, mas também parecia desfrutar da dor que causou.

— Por um momento, eu achei que estava tudo acabado, mas aí você apareceu com toda a sua magia, a última daquele clã miserável — Victor disse, seus olhos brilhando de satisfação.

Ele se aproximou, e o cheiro de sua presença maligna preenchia o ar.

— Se eles não tivessem criado essa maldição, tudo estaria bem. Você não passaria por nada disso — disse Victor, seu olhar fixo em mim, quase como se esperasse uma resposta.

— E você acha que se vingar vai resolver algo? — perguntei, tentando manter a calma. — Você só está perpetuando mais dor e sofrimento.

Ele riu, mas não havia alegria em seu riso. — Dor é o que eu conheço. O clã me destruiu e, agora, eu tenho a chance de me vingar. Você é a última peça desse jogo.

— Você não precisa fazer isso, Victor. Há outras formas de lidar com a dor — implorei, tentando alcançar qualquer vestígio de compaixão dentro dele.

Mas ele apenas balançou a cabeça, um brilho maligno nos olhos. — Você não entende. Eu não quero apenas vencer; eu quero libertar-me das correntes que o clã me impôs. E você será a chave para isso.

A sensação de impotência me consumiu, mas a determinação ainda ardia dentro de mim. Não iria deixar que ele me dominasse.

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