capitulo 1:

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Enfim, cheguei ao meu destino, mas estava meio perdida. Hills Mystic era uma cidade estranha; pelas fotos parecia mais bonita, mas tudo bem. Eu tinha coisas mais importantes para pensar, como onde ficava minha casa.

Parei o carro para pedir informações e, ao avistar uma moça passando, decidi perguntar.

— Olá! Você sabe onde fica este endereço? — perguntei, mostrando o papel.

— A casa da família Delyon? Sei sim, fica perto de onde moro. Estava indo para lá agora — respondeu ela, com um sorriso.

— Ótimo! Se você não estiver de carro, eu te levo e você me mostra onde fica, se você quiser, é claro.

— Está bem — ela concordou, entrando no carro.

Enquanto dirigia, a moça começou a me guiar.

— Você é nova aqui? — ela perguntou, olhando para mim com curiosidade.

— Sim, cheguei hoje.

— Você é da família do falecido senhor Bernard Delyon?

— Sou neta dele... eu acho — respondi, dando um sorriso sem graça.

— Por que você "acha"? — ela indagou, levantando uma sobrancelha.

— Nunca tive contato com a minha família. É uma longa história.

Ela pareceu entender.

— Entendo. Deve ser difícil chegar em um lugar assim sem conhecer ninguém.

— É, um pouco. — A verdade é que a sensação de estar em um lugar desconhecido, cercada por lembranças que não eram minhas, me deixava ansiosa.

— Mas você vai se acostumar. Hills Mystic tem seu jeito especial, — disse ela, com um brilho de esperança nos olhos. — Há muitos segredos nesta cidade, e eu tenho certeza de que você vai descobrir muitos deles.

— Segredos? — perguntei, intrigada.

— Ah, com certeza. Cada canto tem uma história. — Ela riu suavemente.

A curiosidade começou a despertar em mim, aliviando um pouco a ansiedade que sentia, talvez esse lugar pudesse me oferecer mais do que eu esperava.

Conforme chegávamos mais perto do destino, a casa começou a se materializar diante de nós. Era antiga, imponente, com um ar de mistério.

— Aqui estamos! — disse a moça, apontando para a enorme porta de madeira. — Espero que você se sinta em casa.

— Obrigada pela ajuda. Meu nome é Vitoria, por sinal — me apresentei, enquanto parava o carro.

— Prazer em conhecer, Vitoria. Eu sou Beatriz. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar — ela sorriu antes de se despedir.

Enquanto assistia Beatriz  se afastar, uma mistura de emoções tomou conta de mim. Eu estava prestes a entrar em um mundo novo, e mal podia esperar para descobrir o que esse lugar tinha a oferecer.

Título: Segredos da Noite

A casa tinha um toque rústico, com paredes de madeira escura e móveis antigos, tudo muito bem conservado. Subi as escadas e entrei em um quarto que parecia familiar. As paredes estavam adornadas com fotos da minha mãe ao lado de um homem e uma mulher que se pareciam muito com ela. Seriam meus avós? Essa ideia me fez refletir: minha mãe nasceu nesta cidade, cresceu aqui e, em algum momento, decidiu partir. Engravidou de mim e nunca mais voltou. Essas foram algumas das poucas coisas que ela me disse sobre sua vida.

Enquanto arrumava minhas roupas e colocava meus pertences na penteadeira, uma onda de nostalgia me envolveu. Terminei de organizar tudo, tomei um banho e vesti um roupão. Quando me aproximei da janela, já era noite. Ao olhar para o lado, vi uma floresta que se estendia em direção ao horizonte. Agora, com a escuridão, o lugar parecia assustador. Saí de perto da janela e fui para a sala, onde me sentei no sofá. O cansaço me dominou e, em pouco tempo, adormeci.

Fui acordada com um susto, o som de alguém batendo na porta me fez saltar. Levantei-me rapidamente e abri a porta. Para minha surpresa, era Beatriz, com uma expressão preocupada.

— Beatriz? — perguntei, confusa.

— Olá, desculpe, estou te atrapalhando? — ela disse, um pouco hesitante.

— Não, claro que não.

— Vim ver como você está, se está bem? — a preocupação em sua voz era evidente.

— Sim, estou bem. — Eu tentava soar tranquila, mas algo na sua expressão me deixou inquieta.

Vendo seu olhar apreensivo, convidei-a a entrar.

— Você quer algo? — perguntei, tentando aliviar a tensão.

— Não, muito obrigada. Sua casa é muito bonita, — ela comentou, olhando ao redor.

— Obrigada! — respondi, mas a estranheza na atmosfera não escapava de mim.

Beatriz olhou para mim antes de falar novamente.

— Bom, eu já vou. Vejo que está bem instalada.

Ela se dirigiu rapidamente à porta, quase parecendo querer escapar. Antes de sair, ela se virou, me encarou nos olhos e disse, séria:

— Na verdade, vim te avisar para evitar sair à noite. Esta cidade pode parecer pacata, mas tem seus derradeiros perigos.

As palavras dela ecoaram em minha mente, um alerta que me deixou inquieta.

— Perigos? — perguntei, sentindo uma mistura de curiosidade e apreensão.

— Coisas que você não conhece ainda. Apenas... tenha cuidado. — E com isso, ela saiu, deixando a porta entreaberta.

Fiquei paralisada por um momento, absorvendo suas palavras. O que poderia estar escondido nas sombras de Hills Mystic? Uma sensação de inquietação começou a me envolver.

Título: Revelações do Passado

Subi para o quarto novamente, determinada a voltar a dormir, afinal, já era tarde da noite. Mas ao amanhecer, acordei decidida a dar uma geral na casa, começando pelos quartos. Entrei em um grande que parecia ter sido esquecido pelo tempo. As paredes estavam adornadas com pinturas antigas e objetos empoeirados; era provavelmente o quarto do meu avô.

Enquanto arrumava tudo, tirando a poeira acumulada, Depois de terminar ali, fui em direção ao quarto que agora ocupava, o da minha mãe.

Era um espaço vibrante, decorado com cores alegres, um reflexo de sua juventude. Comecei a arrumar as coisas, e ai pegar um livro, acabei derrubando-o acidentalmente, e com isso, uma peça do piso se desprendeu.

Curiosa, me agachei para investigar e encontrei uma pequena caixa cheia de fotos. Entre elas, uma em particular chamou minha atenção: minha mãe jovem, sorridente, ao lado de um homem com olhos claros, que lembravam os meus.

— Não pode ser! — exclamei para mim mesma. — Será que é meu pai?

A emoção me invadiu. Continuei a mexer nas coisas e encontrei um colar lindo, com dois lobos esculpidos e uma pedra de um azul intenso no meio. Virei-o e vi que atrás havia uma frase gravada.

— N'oubliez jamais ce que vous êtes, le reste du monde ne le fera pas. — "Nunca esqueça o que você é, o resto do mundo não esquecerá."

O francês ressoou em minha mente, e uma onda de emoção tomou conta de mim. O colar parecia carregar um peso significativo, um legado. Guardei-o cuidadosamente, sentindo que ele era uma parte importante de quem eu era.

Terminei de organizar as coisas, colocando a foto em um quadro. A imagem da felicidade deles me fazia questionar: seria realmente aquele homem meu pai? E o que teria acontecido entre eles? Minha mãe sempre fora tão presente, mas também distante, evitando qualquer conversa sobre nosso passado.

O tema da família era um território proibido, algo que eu nunca pude tocar. Mas agora, aqui, sentia que poderia descobrir mais sobre quem realmente éramos. Com cada objeto que eu encontrava, cada revelação, um fragmento do passado se desvendava diante de mim.

A curiosidade crescia, e percebi que precisava ir mais fundo. Quais segredos estavam escondidos nesta casa? E o que mais minha mãe não me contara? Uma determinação se acendeu dentro de mim. Estava decidida a investigar, a entender a história da minha família, e, finalmente, conhecer a verdade que minha mãe guardou por tanto tempo. Era hora de desvendar os mistérios que cercavam minha herança e descobrir o que realmente significava ser uma Delyon.

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