"Eu esperei por Você hoje, mas Você não apareceu... não, não, não. Eu precisei de Você hoje, então pra onde Você foi? Você me disse pra te chamar, disse que estaria lá e eu não Te vi. Você ainda está lá?"Never Alone - Barlow Girl
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— Anda, Malu, bebe mais uma! — Gustavo empurra o copo de cerveja pela mesa até chegar perto de mim.
— Não quero mais, Gu, já falei! — recuso pela décima vez.
— O que aconteceu, amiga? Já está se contaminando com aqueles crentes? — Letícia se manifesta com uma certa ironia na voz.
— Que saco! Vocês ficam insuportáveis quando bebem! É por isso que não quero mais. Deus me livre ficar insuportável como vocês. Além do mais, isso dá uma ressaca enorme no dia seguinte.
— Ahhhh... — ela revira os olhos resmungando. — Desde quando você liga pra ressaca? Semana passada você bebeu todas, gatinha. Para de bancar a boazuda!
Respirei fundo, ignorando os dois. A minha droga de vida só se resumia a isso. Sabe, já estava de saco cheio.
— Tá bom, vamos acabar com esse clima. Se a Malu não quer beber mais, tudo bem.... Melhor que sobra pra gente, Leti — Gustavo deu um fim naquele silêncio mortal.
Continuei em silêncio, apenas observando aquela madrugada. Devia ser uma hora da manhã e nós ainda estávamos no bar perto de casa, fazendo o mesmo ritual de costume. Jussara, minha mãe adotiva, não gosta nem um pouco do meu ciclo de amizade. Todos os dias ela me aconselha a fazer novos amigos —sei bem qual é o tipo de amigos que ela quer que eu faça. Um deles seria aqueles crentes metidos a certinhos da igreja dela. Jussara não cansa de me chamar para ir a igreja, e eu recuso sempre. Sei que isso a entristece, mas eu não aguento mais essa ladainha de "Deus te ama", "Deus tem um plano na sua vida" ou "só Deus pode trazer a sua felicidade". Eu até gostava de ir para igreja. Gostava mesmo, juro. Porém, as dificuldades da vida me levaram para outros caminhos, eu me tornei o que eles chamam de — menina rebelde. Fiz novas amizades na escola, mudei meu jeito de vestir, falar e, com o tempo, a minha forma de pensar.Meu celular havia apitado em cima da mesa três vezes. Era Jussara mandando mensagem, eu tinha certeza. E para isso nem precisei espiar o celular, tendo em vista a hora, eu sabia que ela devia estar me procurando. Apesar de fazer isso a maioria das vezes, Jussara nunca acostumou-se com os meus sumiços na calada da noite.
Resolvi mandar uma mensagem antes que ela tivesse um surto de preocupação.
— Então, Malu, como vão as coisas entre você e o Alex? — Letícia pergunta com um sorriso malicioso no rosto.
— Bem — respondo simplesmente.
— Ihh... Tá muito desanimada, hein. O que foi?
— Pelo jeito ele não tem uma boa pegada. Boa o suficiente para deixar Malu mais alegre — Gustavo ironiza.
Definitivamente ele não tinha, mas não era somente isso. Alex e eu já estávamos ficando há quase seis meses e eu ainda não me sentia totalmente bem ao seu lado. Ele é um bom homem, mas sinto que falta algo.
— Eu não sei, Leti. Tô confusa.
— Ah, isso é fácil! — ela coloca seu copo de cerveja em cima da mesa. — Deixa ele, gata. O que mais tem é homem bom por aí, então você não precisa ficar com ele — falou como se fosse a coisa mais simples do mundo.
Bem, conhecendo Letícia como conheço, realmente é muito simples para ela. Perdi as contas de quantos namorados ela teve, parece que eles são descartáveis. Agora ela vive me perturbando para namorar logo com Alex, porém eu sempre fujo do assunto. Depois que me desviei da igreja tive um relacionamento muito mal sucedido, não gosto nem de relembrar. Jussara sempre me aconselha a esperar em Deus, ela diz que é a melhor coisa que eu posso fazer, e que isso vai valer muito apena. Sinceramente, eu até que não acho uma má ideia, mas não consigo pôr em prática mesmo que eu quisesse. Além do mais, acho que Deus parou de se importar comigo há muito tempo, então por que Ele se atentaria para os meu problemas de solterisse? Isso seria perca de tempo.
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Irresistível Amor
SpiritualSpin-off do livro No Coração de Sofia Maria Lúcia foi abandonada pela mãe biológica aos seis anos de idade, causando na doce menina um profundo trauma. Agora, com 18 anos, Malu se tornou a "garota-problema", como muitos dizem. O que ninguém sabi...