Capítulo 05 - Os planos de Deus...

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"Tanta amargura escondi, o medo de não acertar. Sonhos coloridos destruí, que eu não quero mais lembrar"

Cura-me - Fernanda Brum

🎵🎵🎵


     Antes de fechar a porta Jussara começou com seu questionário infinito. Tentei responder o necessário, sendo o mais breve possível, mas ela se aprofundava mais no assunto.

— Vocês dormiram na mesma casa sozinhos? — perguntou ela, aparentemente espantada.

— Eu não dormir com ele, se é o que você tá pensando — respondi me sentindo ofendida. — Ele é um dos seus, não faria isso.

— Um dos meus? — franziu o cenho, confusa.

— É — dei de ombros. — ele é crente.

     Jogo minha bolsa no sofá e tomo assento.

— Minha filha, isso não me deixa mais tranquila — ela senta ao meu lado. — Não faz mais isso, por favor.

— Mas eu não quis fazer! — exclamei. — Letícia e Gustavo que sumiram no meio da festa e eu acabei bebendo mais do que devia, então você deveria agradecer ao crentizinho, porque ele foi o super-herói da noite.

— Eu pensei que você tinha parado com suas bebedeiras, mas essa já é a segunda vez que você se embebeda, Malu.

— Naquela noite eu não estava bêbada, já disse! E ontem eu acabei perdendo o controle, não foi porque eu quis — argumentei, mesmo não achando necessário dar explicações.

— Eu tenho orado tanto, filha — ela começa com sua ladainha. — Ontem seu pai e eu ficamos praticamente a noite toda em oração, pedindo pra Deus te tirar daquele lugar...

— Olha, deu certo hein — a interrompi. — Por isso que eu passei mal, mas Deus não me tirou da boate, eu fui por conta própria e acabei parando na casa de um desconhecido que poderia me matar!

— Não coloque a culpa em Deus. Assume seus erros pelo menos, Malu!

— O.K — disse, lentamente, levando as mãos. — Eu sou a errada então, a diabinha!

— Deixa de ser irônica, Maria Lúcia! — me repreendeu, ríspida.

— Então para de fazer perguntas, isso já tá ficando chato. Eu tô bem, não está vendo? Não precisa disso tudo!

     Pego minha bolsa e sigo, pisando firme, para o quarto. Só penso no quanto passei a odiar Gustavo e Letícia pelo que fizeram. Ainda não consegui entender o que levaram eles a fazerem isso, em todo esse tempo que nos conhecemos eles nunca me deixaram na mão desse jeito. Apesar de ter sido a primeira vez e por isso talvez  eu devesse dar um desconto, não consegui deixar de alimentar a raiva que se apoderava de mim. Tudo estava bem claro em relação a isso: se não houver uma explicação plausível, a situação vai ficar muito feio para o lado deles!

     Abro minha bolsa a fim de pegar meu celular. Meus dedos já estavam coçando, minha mente maquinando a delicada mensagem que iria mandar, no tentando, reviro minha bolsa e não encontro meu celular. Olho todos os bolsos da minha calça, até mesmo meu sutiã — costumo coloca-lo lá quando é preciso — porém não encontro o aparelho em lugar nenhum.

— Deixei na casa do Leonardo... Era só o que me falava! — resmungo, me jogando na cama.

— Toc-toc...

Levanto a cabeça e vejo Aluízio na porta.

— Posso entrar? — ele pergunta.

— Claro, entra — sento na cama para poder olha-lo melhor. — Chegou cedo hoje.

Irresistível AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora