"Tanta amargura escondi, o medo de não acertar. Sonhos coloridos destruí, que eu não quero mais lembrar"
Cura-me - Fernanda Brum
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Antes de fechar a porta Jussara começou com seu questionário infinito. Tentei responder o necessário, sendo o mais breve possível, mas ela se aprofundava mais no assunto.— Vocês dormiram na mesma casa sozinhos? — perguntou ela, aparentemente espantada.
— Eu não dormir com ele, se é o que você tá pensando — respondi me sentindo ofendida. — Ele é um dos seus, não faria isso.
— Um dos meus? — franziu o cenho, confusa.
— É — dei de ombros. — ele é crente.
Jogo minha bolsa no sofá e tomo assento.
— Minha filha, isso não me deixa mais tranquila — ela senta ao meu lado. — Não faz mais isso, por favor.
— Mas eu não quis fazer! — exclamei. — Letícia e Gustavo que sumiram no meio da festa e eu acabei bebendo mais do que devia, então você deveria agradecer ao crentizinho, porque ele foi o super-herói da noite.
— Eu pensei que você tinha parado com suas bebedeiras, mas essa já é a segunda vez que você se embebeda, Malu.
— Naquela noite eu não estava bêbada, já disse! E ontem eu acabei perdendo o controle, não foi porque eu quis — argumentei, mesmo não achando necessário dar explicações.
— Eu tenho orado tanto, filha — ela começa com sua ladainha. — Ontem seu pai e eu ficamos praticamente a noite toda em oração, pedindo pra Deus te tirar daquele lugar...
— Olha, deu certo hein — a interrompi. — Por isso que eu passei mal, mas Deus não me tirou da boate, eu fui por conta própria e acabei parando na casa de um desconhecido que poderia me matar!
— Não coloque a culpa em Deus. Assume seus erros pelo menos, Malu!
— O.K — disse, lentamente, levando as mãos. — Eu sou a errada então, a diabinha!
— Deixa de ser irônica, Maria Lúcia! — me repreendeu, ríspida.
— Então para de fazer perguntas, isso já tá ficando chato. Eu tô bem, não está vendo? Não precisa disso tudo!
Pego minha bolsa e sigo, pisando firme, para o quarto. Só penso no quanto passei a odiar Gustavo e Letícia pelo que fizeram. Ainda não consegui entender o que levaram eles a fazerem isso, em todo esse tempo que nos conhecemos eles nunca me deixaram na mão desse jeito. Apesar de ter sido a primeira vez e por isso talvez eu devesse dar um desconto, não consegui deixar de alimentar a raiva que se apoderava de mim. Tudo estava bem claro em relação a isso: se não houver uma explicação plausível, a situação vai ficar muito feio para o lado deles!
Abro minha bolsa a fim de pegar meu celular. Meus dedos já estavam coçando, minha mente maquinando a delicada mensagem que iria mandar, no tentando, reviro minha bolsa e não encontro meu celular. Olho todos os bolsos da minha calça, até mesmo meu sutiã — costumo coloca-lo lá quando é preciso — porém não encontro o aparelho em lugar nenhum.
— Deixei na casa do Leonardo... Era só o que me falava! — resmungo, me jogando na cama.
— Toc-toc...
Levanto a cabeça e vejo Aluízio na porta.
— Posso entrar? — ele pergunta.
— Claro, entra — sento na cama para poder olha-lo melhor. — Chegou cedo hoje.
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Irresistível Amor
SpiritualSpin-off do livro No Coração de Sofia Maria Lúcia foi abandonada pela mãe biológica aos seis anos de idade, causando na doce menina um profundo trauma. Agora, com 18 anos, Malu se tornou a "garota-problema", como muitos dizem. O que ninguém sabi...