Irresistível Amor

Capítulo 03 - Mesmo sem entender

"Mesmo sem merecer sua graça se derrama sobre mim. Teu amor não falha [...]
Tu fazes que tudo coopere para o meu bem"

Teu amor não falha - Nívea Soares

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     As nuvens cinzas e pesadas persistiam no céu, o aspecto feio permaneceu até a chegada da noite fria. Esse foi mais um motivo para que Jussara me proibisse de ir para festa, eu sabia que não era nada relacionado ao tempo, até porque se fosse para ir a igreja, ela não me impediria. A verdade é que ele não suporta a ideia de me ver sair tão tarde, mas poucas vezes diz, de fato, o verdadeiro motivo. Ela sempre tenta não discutir comigo, mas pouquíssimas vezes consegue. E, como de costume, acabamos entrando em mais uma discussão.

— Não está vendo que vai cair uma chuva forte, filha — ela aponta para a janela. — Vai chover muito, por favor, fica em casa. Não e prudente sair de carro com o tempo assim — tentou argumentar.

— O clube é coberto, não tem pra que esse alvoroço todo, Jussara. Eu vou e volto de carro, pode deixar que não vou pegar gripe ou uma dessas coisas que te deixa apavorada — respondi enquanto pegava minha bolsa. — Olha, pra você ficar mais tranquila, vou até levar um guarda-chuva!

     Dei um beijo no rosto dela e saí do quarto. Vi quando Aluízio levantou do sofá para ir de encontro a Jussara, mas não esperei para saber o que iria acontecer, fechei a porta e fui embora.

***

     A chuva realmente veio mais forte do que esperava, porém isso não foi motivo para que o clube não lotasse como de costume. Na verdade o lugar estava mais cheio do que eu, também, esperava. Depois de algumas horas dançando, resolvi sentar no bar e beber algo. Letícia me acompanhou para assegurar que eu pediria algo realmente forte. Segundo ela, essa é uma noite em que devemos aproveitar ao máximo. Tendo em vista meus problemas, resolvi me deixar levar pelo momento, me envolvendo cada vez mais em cada música, dança e bebidas.

— Duas caipirinhas, por favor — Letícia pede, enquanto arruma os seios na blusa para dar mais volume.

     O bartender assente, enquanto seus olhos se perdem nos seios da minha amiga.

— Precisa mesmo fazer isso? — pergunto, franzindo o cenho.

— Fazer o que? — ela arqueia a sobrancelha, fingindo não saber do que estou falando.

— Seu peito tá pulando pra fora da blusa! — cochichei o mais alto que um cochicho permite. — O Gustavo está logo ali, não tem vergonha de dar em cima do bartender na cara de pau?

     Ela sorri, parecendo satisfeita com o volume extra que conseguiu por debaixo da blusa.

— Relaxa, eu sei o que estou fazendo — responde simplesmente.

     O homem volta com os dois copos, já fitando Letícia como se só houvesse os seios dela ali.

— Ah... — ela diz, assim que o homem coloca os copos no balcão. — Agora que vi, só estou com dinheiro pra pagar uma. Me desculpa.

— Tudo bem, gata — ele se apressa em dizer. — A sua fica por conta da casa.

     Um sorriso malicioso se forma em seu rosto na medida que seus olhos vai chegando perto do belo decote de Letícia. Adoraria saber o que o dona da boate acharia sobre seu funcionário deixar drinques por conta da casa. E não gosto nem de imaginar o que Gustavo faria se soubesse  o que estava acontecendo ali.

— Vamos sair daqui, Letícia! — exclamei.

— Espera amiga, vamos ficar mais um pouco!

     Ela falou comigo, porém seus olhos quase não saíam do homem. Ele pega um papel, escreve algo, dobra e dá para Letícia. Só saímos do bar quando ela se despediu do homem.