Irresistível Amor

Capítulo 19 - Um lugar

"O que eu preparei é bem maior do que os seus olhos podem ver. E quem te fez chorar vai entender que há uma promessa pra você. O que tenho contigo é especial, simplesmente sobrenatural"

Simplesmente sobrenatural - Rose Nascimento  

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     Não sei o que exatamente aconteceu comigo. Isso é engraçado, eu tinha certeza do que queria e do que aconteceria em seguida. Com tudo, agora me encontro confusa. Se não tivesse acontecido comigo horas atrás, diria que é mentira. Para falar a verdade, ainda estou tentando digerir isso. É impossível, eu sei que é! Nunca fui de acreditar em coisas sobrenaturais, no entanto, meu conceito mudou logo depois de sentir minha alma sair do corpo. Foi inexplicável. Surreal. Talvez seja apenas um sonho, e se for, por que estou demorando a acordar?

     Meu corpo ainda está inerte na cama, mas ainda posso sentir o pulsar do meu coração. Isso não é real, pensei, vou acordar daqui a pouco e esse sonho terrível vai acabar.

     Os aparelhos ainda estão ligados e tudo estaria normal se eu não estivesse enxergando o meu próprio corpo como qualquer outra pessoa. Olho em volta e não há ninguém, estou sozinha, apenas meu corpo e minha alma. Isso não era normal, eu deveria estar morta! Tinha certeza que enfiei a lâmina profundo o suficiente para poder me matar, então o que estava acontecendo?

— Dia difícil — ouço alguém falar por trás de mim.

     Num impulso, viro meu corpo de imediato e vejo um homem alto me encarando. Não o vi entrar pela porta, deduzi, então, ser um fantasma. Eu deveria no mínimo ficar espantada por isso, porém me sinto estranhamente feliz por não estar sozinha ali. Alguém também estava perdido naquele lugar estranho.

— Quem é você? — questionei num fiapo de voz. Minhas pernas tremiam só de pensar que estava iniciando uma conversa com um fantasma e tremiam mais ainda por constatar que eu também era um fantasma.

— Me considere seu amigo. Você pode confiar em mim — ele disse, todo sorridente.

     Não vi motivos para tanta alegria. Tudo bem que talvez ele estivesse ali há bastante tempo e sentisse falta de companhia – pelo menos eu quis pensar que não existiam muitos deles por lá –, mas podia respeitar meu estado de medo.

— O que tá acontecendo? Eu morri? Também sou um fantasma? — disparei sem ter tempo de respirar.

— Você não morreu. Pelo menos enquanto aquele aparelho não acusar — ele aponta para o aparelho que monitora os sinais vitais. — Pelo que vejo você está bem viva agora.

     Fitei o aparelho, mais parecido com uma televisão, e vi as linhas verdes subindo e descendo normalmente. Meu tórax também subia e descia como de costume, o ar entrando e saindo por minhas narinas. Eu estava viva, mas espantada demais para acreditar nisso.

— C-como isso é possível? — balbuciei, sentindo o medo me consumir.

     O homem abre a boca para pronunciar algo, porém se detém quando a porta do quarto se abre e Leonardo passa por ela. Meu corpo se enrijeceu e se eu não fosse um fantasma, provavelmente ficaria sem ar.

— Leo... é o Leo — falo para o meu companheiro, ele assente e dá um ligeiro sorriso.

     Leonardo fecha a porta e fica alguns minutos me observando, sua expressão era triste, visivelmente abalado por me ver naquela forma. Aos poucos ele se aproxima do meu corpo, eu o sigo também, até que ele senta na cadeira ao lado da cama. Perguntei-me se eu o tocasse ele sentiria o meu toque, assim como acontece nos filmes, mas me detive quando ele começou a falar.