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O resto da semana se arrastou sem que o monumento aparecesse mais uma vez. Deduzi que ele estava apenas de passagem e tirou com a minha cara. Luana disse que ele ainda ia aparecer, mas eu duvidava muito disso. Inconscientemente eu passava mais tempo na biblioteca com esperança de que o mínimo tô aparecesse. Dias se passaram e nada dele, então enfiei na minha cabeça que ele não iria mais dar as caras.

O diretor da faculdade fez uma reunião com a nossa turma e nos informou que segunda feira iríamos voltar com a matéria do senhor Nelson, mas com um professor substituto e que talvez se tornasse definitivo. O seu estado de saúde estava grave e não havia previsão para que ele voltasse a dar aulas. Eu me segurei para não perguntar sobre o monumento que o procurou dias atrás.

Como hoje era sexta feira e eu não tinha absolutamente nada para fazer, decidi ficar estudando a matéria que tanto me fascinava. Passei a tarde toda recapitulando a matéria  para que eu não me prejudicasse nas mãos do novo professor. Eu estava relendo a última apostila quando Luana se sentou ao meu lado.

-Sério que você vai ficar estudando?

-Qual o problema?

-O problema é que hoje é sexta! Dia de sair!

-Podemos sair mais tarde!

-Que horas?

-A hora que eu for pra casa!

-É que horas vai ser isso?

-Umas nove nove e meia?!

-Se você não estiver em casa as nove, esqueça que sou sua amiga!

-Que drama Luana! Temos o fim de semana inteiro pra sair.

-O fim de semana inteiro pra você arrumar desculpas esfarrapadas ne?

-Que seja!

-As nive passo no seu apartamento. Esteja pronta e linda!

-Eu sou linda! -falei brincando.

-Claro que é! O monumento que diga né?

Revirei os olhos e Luana levantou dando risada e foi para a porta. Eu voltei a escrever quando alguém parou atrás de mim. Eu imaginava que era Luana para me atormentar mais um pouco, então nem me esforcei em levantar a cabeça pra ver quem era.

-Eu já sei Luana! Às nove, arrumada, sexy, fio dental. Ok! Pode ir agora!

O silêncio que ficou não tinha nada a ver com Luana então virei a cabeça devagar e quase engasguei com a saliva ao ver o monumento parado atrás de mim sorrindo.

-Fio dental? - ele sorriu mais ainda.

-O..oi! É.. hum... de passar no dente! O que faz aqui? -decidi mudar de assunto.

-Vim falar com o diretor. - ele falou se sentando.

-Você está devendo ou algo do tipo?

-Por que você pensa isso?

-Sei lá! Você sumiu. 

-Mas agora vou ficar definitivo.

-Bom! Muito bom!

Ele sorriu e eu também ao perceber a besteira que havia dito.

-O que você está estudando?

-Fisioterapia preventiva. Minha matéria favorita!

-Ah é? - ele me olhou curioso.

-Sim! Sou fascinada por essa matéria! Uma pena que o senhor Nelson adoeceu. Espero que o professor novo não me foda na matéria! Eu gosto muito dela. 

-Por que ele te foderia?  - o monumento falou com um fraco sorriso.

-Ah... porque eu não sei o jeito que ele ensina. Ele pode ensinar de uma forma que eu não entenda... sei lá!

-Entendi.

Sorri em resposta e fiquei completamente envergonhada pelo jeito que ele me olhava. Olhei no relógio e comecei a arrumar minhas coisas.

-Onde você vai às nove?

-Eu não sei. Luana quer sair de qualquer jeito. Deve ser alguma balada - ele continuava me fitando - Você tem algum compromisso? Vai sair com a namorada? Se quiser ir com a gente!

Falei me levantando chocada por ter perguntado descaradamente se ele tinha namorada. Ele se levantou em seguida sem responder, pegou uma caneta em cima da mesa e segurou minha mão escrevendo um número de celular nela.

-Me manda uma mensagem passando o endereço dessa "balada".

-Claro!

-Tchau Doll!

Ele se aproximou e me deu um beijo no canto da boca e se afastou em seguida. Monumento foi andando em direção à porta quando gritei.

-Qual seu nome? 

Levantei a mão escrita. Ele sorriu e respondeu olhando nos meus olhos.

-Enzo. Também conhecido como gostoso pra cacete.

Ele falou e saiu da biblioteca rindo sem olhar pra trás. Eu ri junto e me joguei na cadeira pensando que roupa eu vestiria para essa tão esperada balada.

Como sempre Luana chegou antes do horário combinado. Assim que eu coloquei os pés dentro de casa, ela tocou a campainha e já foi entrando. Luana morava no mesmo prédio que eu, só que em outro andar. E como somos unidas ela tinha uma cópia da unha chave e eu uma cópia da dela para casos de emergência.

-Amiga! Trouxe tudo pra gente se arrumar aqui! Sei que você vai ficar com preguiça de se arrumar direito.

Revirei os olhos e fui para o meu quarto com Luana colada na minha nuca.

-Vou tomar banho!

-Tá bom!

Entrei no chuveiro e Luana entrava no banheiro de cinco em cinco minutos para contar alguma coisa.

-Lu, adivinha que apareceu hoje na biblioteca!

-O monumento!

-O próprio!

-Eai?

-Ah, nada demais. Ele só perguntou o que eu estava estudando e nada mais.

Luana cruzou os braços na frente do peito estava ficou esperando eu e contar a parte que estava estava omitindo.

-Ele passou o número dele e disse pra mandar uma mensagem com o endereço da balada que nós vamos.

Luana começou a pular e bater palmas de alegria.

-Eu sabia que ele ia aparecer. Como ele chama?

-Enzo.

-Enzo?

-Enzo!

-Enzo... gostei! Saí logo daí que hoje você pega esse bofe! Amigaaaaa é hoje que você tira essas teias de aranha daí!

-Não tem teia nenhuma Luana!

-Não graças ao vibrador que te dei de presente!

-Vai à merda!

Luana saiu rindo do banheiro e terminei o banho e Luana me vestiu, me maquiou,  arrumou meu cabelo e as nove e meia em ponto estávamos prontas. Luana pegou meu celular e enviou o endereço para Enzo, porém não obtive resposta.

No caminho Luana disse que ele responderia e iria nos encontrar. Concordei em silêncio e prometi a mim mesma que não iria criar nenhuma expectativa em cima de Enzo.

Manuela - Livro 2 - Série M.M.M (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora