Capítulo 4

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Depois de uma olhada rápida e preguiçosa no meu guarda roupas decidi sair com meu vestido preto de decote V. Meus cabelos pretos e ondulados não estavam ao meu favor por isso estão presos em um coque alto.
Minha pele clara esta ainda mais branca depois de dias praticamente trancada em casa. Minha mãe me visitou todo os dias e tentava me animar a todo custo. Mas em uma cidade com dois jornais, uma rádio e nenhuma TV, meus dias estavam cada vez mais negros. Esse mês não haveria salário e se não fosse por minha mãe nada ra comer.
Eu seria despejada em poucos dias e aqui estava em um bar, pretendendo beber o máximo que meu estômago e economias permitissem. Sorte do meu fígado eu não conseguir guardar muito dinheiro.
Luna parece não estar em lugar algum. Caminhei para chegar aqui e meus pés doem apesar de ter escolhido o salto mais confortável que eu tenho. Me sento no bar. O barmen me oferece uma gim tônica, mas dispenso e peço uma dose de vodka com energético.
Depois de alguns goles meu celular vibra emembora pequena bolsa de mão. Lu, me mandou uma mensagem onde dizia que estava atrasada. Suspiro ruidosamente. Olho ao meu redor. Não é a primeira vez que venho para esse bar. Um dos mais movimentados da cidade. Gente jovem e em sua maioria ricos. Eu e meus vinte e seis anos e quase nada no bolso me fazem sentir tristeza.
Me volto para meu copo, dou mais alguns goles e termino a bebida. O barmen logo repõe meu copo e eu mando tudo de uma só vez. Ele me olha surpreso, mas não se atreve a dizer nada, apenas coloca outro copo na minha frente. Decido ir mais de vagar agora, parece que a ultima dose me deixou um pouco tonta.
Sinto alguém encostar em meu ombro. A música do lugar não estava tão alta, mas se alguém me chamou não escutei. Me viro e vejo um cara com seus um metro e setenta, cabelos pretos e olhos castanhos escuros quase pretos. Ele da um sorriso.
--- Oi. --- Ele diz ainda com o sorriso nos lábios.
--- Oi. --- Respondo um pouco desconfiada.
--- A Lu me pediu pra te encontrar aqui, você é a Bia, ne!?!
A Lu aprontando de novo, não é a primeira vez que ela faz isso e eu cai de novo, que idiota. Pelo menos dessa vez o cara é gato.
--- Ah, sim, eu sou a Bia. --- Dou um leve sorriso. --- E você?
--- Ricardo.
--- Prazer Ricardo. --- Digo.
--- O prazer é todo meu. Eu trabalho com a Lu.
--- você também é analista de sistemas?
--- Não, na verdade eu trabalho no almocharifado. Mas sou formado em administração.
--- Entendo. Tempos difíceis.
--- Infelizmente sim. Vamos sentar em uma messa? --- Ele pergunta.
Um pouco de conversa fiada com um estranho bonito em um bar, não pode ser uma má ideia, certo?
Aceito. Me levanto da cadeira devagar, mas isso não impede minha cabeça de ver tudo girando. O estranho bonitão, me ampara.
--- Desculpe, não sou de beber. --- Digo sem jeito.
--- Então somos dois.
Nôs encaminhamos para uma messa desocupada ao fundo do bar. Me sento de frente para ele. Um garçon rapidamente nós atende. Peço um suco. Já bebi demais por hoje. Ricardo também pede um suco.
--- Você é jornalista ne? --- Ele continua a conversa. Um pouco sem jeito agora.
--- Sim. --- Me reservo no direito de não dizer que estou desempregada e quase despejada.
--- Parece uma profissão legal. --- Ele comenta olhando para os lados.
--- Ah, isso é mesmo. Estou pretendendo ir para a cidade grande, arrumar um emprego em um jornal de verdade.
--- Ah, legal. --- Ele responde ainda olhando para os lados e um pouco mais desconfortável.
--- Está esperando alguém? --- Pergunto.
--- Não, só pensei ter visto alguém que conheço.
O garçom chega com nossos sucos. Eu começo a beber e a querer fugir desse lugar. Já cai em armadilhas de mais nessa vida e essa parece mais uma.
Eu dou um sorriso sem jeito para o cara bonitão, pensando em uma desculpa para sair de fininho.
--- Esqueci de dizer, você é muito bonita. --- Ele diz com um pequeno sorriso.
--- Obrigada.
Um pouco de silêncio estranho e vejo uma mulher se aproximar.
--- Então essa é a vagabunda da vez Ricardo? --- Ela grita e metade do bar olha em nossa direção.
--- Não é o que parece Viviam. --- Ele se levanta e começa uma sessão de desculpas esfarrapadas para a mulher que mais parece um travesti, com saltos grossos altos, aplique no cabelo loiro falso e shorts do tamanho de uma calcinha.
Eu me levanto e vou saindo, mas quando estou me virando para ir embora a mulher agarra meu cabelo.
--- Volta aqui sua biscate!
--- Ai, me solta sua doida! Nem conheço esse cara!
--- Mas tava aqui quase se agarrando com ele ne?
Ela aperta ainda mais meu cabelo.
--- Me solta! --- Grito irritada.
Ela aperta ainda mais. Vejo meu copo de suco por meio e decido jogar o líquido restante na mulher. Me estico um pouco e pego o copo. Simplesmente jogo o conteúdo por cima do ombro, sei que atingi o alvo pois a garota me solta e começa um novo escândalo. Dou uma pequena olhada para trás e vejo que molhei os dois. Canalha, ele mereceu.
Passo no bar e pago rapidamente minhas bebidas. E saio andando como se nada tivesse acontecido. Meu cabelo doía. E eu sentia raiva de mim mesma. Talvez aquele filme água com açúcar agora cairia bem.

Tudo ficará bem.Onde histórias criam vida. Descubra agora