VINTE CONTOS

Reminiscências - Conto 08.

Eu estava relaxando no meu quarto, meditava sobre algumas decisões que eu tenho de tomar, quando o celular tocou... era Pedro, o acupunturista. Ele estava visivelmente aborrecido... marcou hora para uma sessão extra...

Boa noite Pedro... entre.. Toma um café?? 

- Puro e forte... por favor. Sua voz era forte, como sempre... mas estava entristado... 

Muito bem... tome seu café e antes de iniciar relaxe e respire fundo. Depois me conte o que aconteceu para deixa-lo assim... angustiado? ...

- Dr! Ela me ligou... Ele soltou suas falas rápido, com os olhos embebidos, como quem temia não ter coragem para começar... 

- Quem Pedro? 

- Ela, doutor... ELA ... É... Ela mesma...

Por mais que eu me esforçasse, não poderia imaginar quem fosse, ou, por outro lado, tinha certeza absoluta de quem seria, mas se fosse quem eu imaginava, nem queria me atrever a dizer seu nome ... Pedro já havia sofrido bastante ano passado por causa desta relação ...

- Eu estava na minha sala, o celular chamou... era Ela... Dias! Dias sem a vêr, ou saber dela, ou meses... quase um ano... Disse que estava estressada e precisava de uma massagem... Queria marcar para aquele mesmo dia...

- Meu coração palpitou... Disse ainda que queria massagens sem agulha... (tem medo das agulhas da acupuntura). Ora, eu marquei para aquele mesmo dia, uma hora depois... Perguntou quanto seria, disse que não iria cobrar dela... se tratava de uma amiga muito querida... Falei que lhe devia uma sessão... Era riu... disse que se soubesse teria vindo cobrar antes, em dinheiro... e desligou...

- É incrivel a capacidade que as meninas têm de fazer com que todo o conflito que havia, e foi guardado todo este ano, simplesmente de desvainecesse... 

- Eu fiquei alí... sem saber o que fazer... fiquei imaginando se era realmente uma realidade ou se eu havia delirado... Em um pulo só, levantei da cama e abri meu guarda roupas... SIM, estava alí... o presente que eu trouxera a ela. Na minha última viagem eu trouxe um presente para ela... quando cheguei não conseguimos nos encontrar... ela sempre chamando e sempre fugindo na última hora... e hoje, do nada, ela veio...me ligou e quis marcar para o mesmo dia...

Dias... aqueles pequenos minutos me pareceram Dias... Continua sendo a mesma bela mulher... como se em um ano as coisas se modificassem a este ponto... A conduzi, da forma mais gentil, a sala de massagem...  Na sala, pediu para eu me virar de costas enquanto ela tirava as roupas... estava tímida mas brincava... Ficou apenas de calcinha e sutiã... estava enrolada em uma toalha branca... 

- Pedro, não vá abusar de mim aqui, estou frágil em suas mãos... As palavras dela me deram um choque! Claro que não... mas, depois refleti... será que era exatamente o que ela queria?? Eu mesmo me chacoalhei... Guarde esta mente fértil... a menina quer a massagem, não você!

Deitou na maca, iniciei pela quiropraxia. Colocar as articulações no lugar... Logo percebi que tinha muitas áreas de tensão... áreas de tensão são áreas de conflito, uma parte do corpo quer ir para um lado, a outra parte para outro lado... comentei que ela deveria estar em conflito, mas ela me disse que depois da massagem, mais relaxada, conversaríamos... 

Falei que precisaria colocar algumas agulhas para ela relaxar, estava muito tensa... ela brigou mas não impediu... eu meio que forcei a mão.. sabia dos benefícios que as agulhas de acupuntura, colocadas em pontos extratégicos, fariam.

Deixei as agulhas agirem, as retirei e iniciei a massagem propriamente dita. 

- Eu me esforçava para focar no meu lado profissional, a pessoa aqui dentro gritava para sair... O Lobo uivava por liberdades... e eu os controlava... Não é por que não cobrei em dinheiro que não é profissional,. eu dizia a mim mesmo... Peguei o óleo e iniciei as massagens... perguntei se poderia tirar as roupas remanescentes, ela não se importou... e ficou nua, ali, na maca... coberta por uma toalha... A calcinha atrapalha mesmo na hora da massagem...