Reconciliação - Conto 05

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Reconciliação 

                                                                                                    Por - Ivo CanaL - 

Naquela noite as coisas estava especialmente complicadas. Ele chegou em casa de seu treino de Jiu-jítsu, e sua esposa ainda continuava brava. "Que saco!" ponderou. 

 A cena não saia de sua cabeça... Estava em seu computador pessoal, tomando uma cervejinha, relaxando, quando saiu para um xixi. Ao voltar, sua esposa estava sentada no seu lugar, fuçando em seu Facebook.

- Mércia, invasão de privacidade é crime!  Ele disse, mas ela não se importou.

- Paulo, crime é você ficar ai de papo com estas vadias. As galinhas das suas amigas estão estragando nosso casamento... Então você quer sexo fora do casamento? Estou com ódio de você, não fale comigo! . E saiu batendo o pé.

- Nada a ver! Mércia nosso casamento não é mais o de meninos. Temos 20  anos de casamento. Temos de ter um certo espaço para não sufocar. Aquele casamento acabou, vamos re-inventar nossa relação, deixa-la mais aberta, mais ventilada. Meu sonho é envelhecer ao seu lado, mas preciso de espaço para respirar e envelhecer, ou morrerei sufocado...

- Paulo, tudo isso é culpa daquele seu psicanalista. Ela está enfiando coisas na sua cabeça!

- Amor, não é isso. Em terapia eu estou entendendo quais são as minhas demandas, quais as minhas necessidades. Estou entendendo mais sobre meus sentimentos, Se refere a mim, não a ele. Os sentimentos são meus, ele apenas está me mostrando como abrir minha alma.  

-  Eu sei o que você quer aberto!  Ela disse. Mércia não estava para conversa naquele momento...

- Amor, eu nunca fuço no seu Face, nunca mexi na sua bolsa, mas eu quero que você respeite meu espaço... A verdadeira traição está na quebra de confinaça, no você invadir meu espaço sem ser convidada, não em sexo.  A verdadeira falta de respeito é um invador a vida do outro. Respeito Mércia é sabermos onde começa a vida do outro e termina a nossa. Eui não posso dizer como você vai viver, e cocê não pode me dizer como eu vou viver... Temos de ser livres para poder nos amar Mércia. Paulo se empenhava, mas se sentia nadando comntra um rio caulaloso...     

- Mércia, o que está havendo? Eu nem entendi o que aconteceu. Ontem você me mandou uma mensagem dizendo que ia sair para beber com seus amigos da faculdade, eu respondi para se divertir e saborear a vida, mas se beber, vir para casa de taxi que amanhã eu a levaria na faculdade...  Pensei que você estaria bem, e que seria bacana ir se divertir com os amigos, mas ao invés disso você chegou em casa dez minutos depois e muito brava...  Não sei o que se passa...  Aconteceu algo?

- Aconteceu sim Paulo, meu marido não se importa mais se eu sair para beber com amigos. Quando casamos você faria um escândalo. Não se importa mais em me perde? É ??

- Não é nada disso amor... Eu sei que não vou perder você, nós nos amamos, temos uma vida ótima, não teria por que eu a perder... E amor, eu não concordo em colocar você em uma gaiola. Isso não é vida. Eu cresci Mércia, cresca você também...

Mas Mércia estava trancada no banheiro chorando. Ela sabia que Paulo tinha razão no que dizia, mas seus sentimentos não aceitavam aquela nova realidade. Paulo apenas gritou que estava indo para a academia e saiu. 

As coisas já vinham complicadas desde que sairam para jantar na casa de amigos e Paulo disse que pensava que, para o casal maduro, a exclusividade sexual não era o fator mais importante do casamento. Mércia se mostrou totalmente contrária àquela idéia desde o princípio, trazendo a fala como se fosse algo pessoal.

VINTE CONTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora